"Balbúrdia". Dá para acreditar que essa foi a expressão usada pela Coordenadoria de Educação de Guaianazes para definir o que ocorreu na escola municipal Vladimir Herzog, em Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo? Vocês vão ficar certamente curiosos: o que será que seria?
Briga de aluno no pátio? Penetração de estranhos no interior da escola? Rato correndo entre as carteiras? Ou até algo que marca para sempre a memória dos alunos, como a professora de matemática ter um desarranjo intestinal e não conseguir alcançar o toalete (minha lembrança mais vívida da escola!...)?
Não, nada disso! Essa definição absolutamente ridícula, que se aplicaria, quando muito, a um "evento" como esse que tornou inesquecível minha 3ª Série, foi dada para camuflar uma situação calamitosa, de longe a que mais prejudica o ensino público neste País: a
A U L A V A G A,
expressão proibida nas redes estadual e municipal de São Paulo, pois caracteriza OFERTA IRREGULAR DE ENSINO, contrariando o ECA e permitindo processar as escolas.
A expressão AULA VAGA é completamente desconhecida e/ou ignorada também pela mídia. A repórter Camila Haddad, em matéria minúscula publicada no JT de 25/11, também não soube definir a situação e falou em "atraso de professores". A reportagem tem o título "Alunos põem fogo na escola por atraso de professores" e mereceria uma página dupla do jornal, mas o título é quase mais longo do que a matéria...
Resumindo o já resumido texto: às 7:30 da sexta-feira passada, 200 alunos da escola foram largados no pátio para "aguardar" os professores de Português, Matemática, Ciências, Inglês e Artes, com o pedido de fazerem pouco barulho, para não atrapalharem os colegas que estavam em sala de aula. Três horas depois, os alunos se cansaram de esperar o puseram fogo na escola.
Sem comentários, pois, como já dizia minha avó, "o juiz das crianças se matou". A "balbúrdia" foi registrada no 54º DP e agora só falta esperar a execução dos alunos: paredão neles!
Apenas uma perguntinha para a Coordenadoria de Educação de Guaianazes: afinal, depois da "balbúrdia", os professores chegaram?...
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Vera Vaz