Pobres cartunistas, rsrs


A repercussão da compra do livro Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, comentada no último post, foi absolutamente hilária. O que se leu na mídia em geral, inclusive em alguns blogs de renome, não foi a indignação pelo absurdo de se "escolher" um livro de quadrinhos destinado ao público adulto, para alunos de Terceira Série. A indignação geral foi em defesa dos "pobres cartunistas" autores do livro, cuja obra foi taxada de chula ou imoral...

Os cartunistas devem estar se matando de rir da ingenuidade da população, pois certamente estão lucrando bastante, já que as vendas do livro devem ter chegado à estratosfera. Um livro de quadrinhos com bastante palavrões e alusões a sexo, quem não quer, no país da "bunda"?... E certamente não é a periferia que vai correr atrás: o livro custa quase R$ 50,00 nas livrarias! Parece que a editora deu um bom desconto ao governo...

Nossa sociedade anda anestesiada a ponto de pensar que as "vítimas" da situação são os autores do livro. Ninguém da mídia parou para perguntar-lhes se NÃO HAVIAM ASSINADO RECIBO DE DIREITOS AUTORAIS SOBRE A COMPRA DO LIVRO PELO GOVERNO E SE ANTES DISSO NÃO FORAM INFORMADOS QUE O LIVRO SERIA LIDO POR CRIANÇAS DE TERCEIRA SÉRIE.

A verdadeira vítima dessa situação absurda é o aluno da rede pública de ensino, QUE NUNCA É LEVADO A SÉRIO NEM PELO GOVERNO NEM PELA MÍDIA. O problema é sempre o mesmo: os filhos dos políticos e buRRocratas que “administram” a rede pública de ensino, os filhos dos donos da mídia e dos jornalistas estudam na rede particular.

Um dos autores do livro disse que "quem escolheu o livro não deve tê-lo lido". Isso é mesmo bem provável. PRA QUÊ? QUALQUER COISA com letras e imagens serve para alunos da rede pública, não é? Eles são burros, não é mesmo?… Assim costumam ser chamados por muitos “mestres”, diretores de escola e outros “pedagogos” dependurados nas tetas do governo e pagos com os nossos impostos. E provavelmente os autores do livro - que se sentiram ofendidos e lesados pelos comentários depreciativos feitos à obra - estariam hoje todos satisfeitos com o dinheirinho do direito autoral, se esse “escândalo” não tivesse vindo à tona. Escândalo à moda tupiniquim: não vai dar em nada!

Outro exemplo cabal da falta de respeito com que são tratados os alunos da rede pública também não teve grande repercussão na mídia: foi a exibição da fita pirata Tropa de Elite, no ano retrasado, para alunos de Sexta a Oitava Séries, em todo o Estado de São Paulo. Uma verdadeira febre! Esse outro “escândalo” só veio à tona porque a aluna de uma escola passou mal durante a exibição e a mídia se interessou pelo assunto. Se isso não tivesse acontecido, o filme seria exibido até hoje nas escolas, como mais um tapa-buraco para AS AULAS VAGAS, que são A ÚNICA CERTEZA NA VIDA ESCOLAR DOS ALUNOS DA REDE PÚBLICA DE ENSINO EM TODO O BRASIL.

Comentários

TROPA ELITE disse…
Conheço uma pessoa que foi presa por trabalhar com filme piratas, e porque a direção dessa escola EMEF IMPERATRIZ, não foi devidamente punida por permitir tal apresentação de um filme proibido à menores e ilegal????????
Se não me engano, só aí, ela já infringiu duas leis, não é?
Acho de uma graça isso.
Aqui no Brasil, são dois pesos e duas medidas.
Giulia disse…
Porque a rede pública de ensino é dirigida por "secretários virtuais" a serviço dos partidos políticos, que dependem dos sindicatos da educação para garantirem a eleição de prefeitos, vereadores, governadores e deputados. Diretores de escola, supervisores de ensino e demais membros da corja "pedagógica" que desmanda no país são ótimos cabos eleitorais. Dá pra ser mais claro do que isso, rsrs?
Giulia disse…
Esqueci de comentar: a conta da distribuição dos livros não bate! Ampliando a imagem publicada pelo jornal, fica claro que quase 500 exemplares do livro NÃO foram distribuídos para os alunos. Foram distribuídos para quem??? Mas quem se importa com isso? Afinal, o dinheiro dos nossos impostos vai para o ralo mesmo...