Diretora de escolinha de 1,99 continua exigindo o uniforme




POSTADO HOJE, SÁBADO 24/03
AGRADECEMOS AO PROF. JOSÉ BENEDITO PELO RÁPIDO ATENDIMENTO À NOSSA SOLICITAÇÃO. LEIAM A RESPOSTA RECEBIDA, QUE SERVE PARA TODAS AS ESCOLAS DA REDE ESTADUAL E MOSTRA QUE AINDA PODEMOS CONTAR COM ESSE SER HUMANO ÉTICO E COMPROMISSADO COM A EDUCAÇÃO:


Prezados,
 Já tomamos  todas as providências para que os alunos entrem normalmente na segunda-feira com ou sem uniforme, também solicitamos que se apure os fatos ocorridos.
Abraços,
José Benedito

POSTADO SEXTA-FEIRA 23/03:

Estamos acompanhando de perto a denúncia sobre a EE Aroldo de Azevedo, em São Paulo, cuja diretora obriga os pais a adquirir o uniforme, de maneira muito "organizada". Leia o primeiro post clicando aqui.

A diretora está agindo exatamente conforme "prometeu":
  • Até o dia 20 de março, ela "tolerou" o uso de outra camiseta que não a do uniforme, mas desde então está PROIBINDO a entrada dos alunos que estiverem vestindo camiseta comum. Os pais informam que CENTENAS de alunos estão sendo diariamente impedidos de frequentar as aulas.
  • Até o dia 26, ou seja, segunda feira próxima, não será aceita nem mesmo a camiseta com o emblema "antigo". Os pais estão revoltados, pois não há explicação pela mudança do emblema.
  • Até o dia 20 de abril será "tolerado" o uso de outra calça que não a do uniforme. Após essa data, nenhum aluno poderá entrar na escola com calça comum.
  • O dia 20 de maio é a última data em que será permitida a entrada de alunos sem o uniforme completo, ou seja, camiseta, calça e blusão.
As últimas informações recebidas da comunidade são as seguintes:

Preço da camiseta: R$ 21,00 (para tamanho 16) 
Preço do conjunto calça e blusão: R$ 110,00 (para tamanho P)
Os preços aumentam conforme o tamanho das peças.

A diretora da escola insiste de que essa LEI foi votada pelo Conselho de Escola e que portanto não pode ser revogada. Ponto.

Justamente após termos dado parabéns para a Secretaria da Educação, quando declarou que ESTUDANTES NÃO PODEM SER IMPEDIDOS DE PARTICIPAR DAS ATIVIDADES ESCOLARES OU SER EXPOSTOS A QUALQUER SITUAÇÃO VEXATÓRIA PELA AUSÊNCIA DE ROUPA PADRONIZADA, esperávamos que a SEE evitasse essa ILEGALIDADE na EE Aroldo de Azevedo antes do dia 20, ou seja, a data em que a escola começou a barrar os alunos sem camiseta do uniforme, mas nada aconteceu. Iremos então, amanhã, sexta-feira, protocolar este texto na SEE, pedindo solução imediata. Se não recebermos a promessa de que na próxima segunda-feira, dia 26 de março, todos os alunos terão acesso à sala de aula, avisaremos a mídia para visitar a escola, logo no primeiro período.

Vamos agora discutir um pouco o mérito da questão, já que sempre recebemos mensagens singelas e ingênuas a respeito do "bendito" uniforme, esse assunto tão importante para uma escola ruim que eclipsa todos os outros. Pois é, enquanto o assunto for uniforme, a escola não precisa se preocupar com  questões mais sérias, não é mesmo? Uma mensagem muito significativa que recebemos é a seguinte:

A questão é que os próprios pais valorizam o uso do uniforme. A maioria considera isso uma forma de organização. Escola sem uniforme é escola desorganizada, e os diretores não querem isso. Saia perguntando e veja quantos pais apoiam o uso do fardamento, você se surpreenderá. Menos de 1% não estará de acordo.  

Pois é, esse anônimo está coberto de razão: os próprios pais querem o uniforme e têm todo direito de pedi-lo! Eu mesma sei o que é ter 3 filhos na escola e todo dia ter que se preocupar com roupa para cada um! Muito mais fácil comprar o uniforme. Mas também sei que nem sempre é possível ter o uniforme limpo todos os dias. Pense bem: você tem 3 filhos na escola e no verão, por exemplo, cada um deles troca de camiseta todos os dias: quantas peças você vai ter que adquirir? Então você tem todo direito de querer que seus filhos usem uniforme, MAS NÃO TEM O DIREITO DE OBRIGAR OUTRAS MÃES A PENSAR DA MESMA FORMA E MUITO MENOS A ADQUIRIR O UNIFORME! Esse direito é ainda menor para os diretores de escola, que são FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS. Nas escolas e em outras repartições públicas é PROIBIDA A VENDA de quaisquer objetos, para evitar a CORRUPÇÃO!

Muitas escolas particulares agem de forma correta: disponibilizam o uniforme aos pais de maneira facultativa, ou seja, os que querem podem comprá-lo, mas seus filhos não são barrados na entrada se por acaso não forem à escola uniformizados. Já os pais que não quiserem podem mandar seus filhos à escola com qualquer roupa. Isso é democracia! E a insistência no assunto uniforme nas escolas brasileiras é bem um resquício da ditadura.

E agora vamos a uma questão que é tão grave quanto impedir a entrada dos alunos: QUEM LUCRA com a venda do uniforme? Na EE Aroldo de Azevedo, por exemplo, o uniforme é vendido dentro da própria escola mediante plantão. Mas QUEM LUCRA com isso?

Então está prometido à comunidade da EE Aroldo de Azevedo: amanhã estaremos na SEE protocolando este texto e exigindo que segunda-feira todos os alunos possam entrar tranquilamente na escola.  Segue também a lista das demais escolas que cobram roupa uniformizada e o respectivo IDESP (índice de qualidade), que confirma o que sempre repetimos aqui: escola onde a prioridade é o uniforme ou o vestuário só pode ser escola ruim, que não valoriza o conhecimento e pratica a lavagem cerebral nos pais e alunos.

IDESP 1,02 - EE Aroldo de Azevedo
IDESP 1,42 - EE Maria Helena Gonçalves de Arruda
IDESP 1,62 - EE Alarico Silveira
IDESP 1,56 - EE Maud Sá Miranda Monteiro
IDESP 1,32 - EE Mário Arminante
IDESP 1,93 - EE Brasílio Machado
IDESP 2,27 - EE Maria Petronila Limeira dos Milagres Monteiro

Comentários

cremilda disse…
ESCOLA QUE NÃO RESPEITA A LEI, NÃO FORMA CIDADÃO.
A Escola Estadual Aroldo de Azevedo é apenas mais uma escola onde se vende uniforme a 110,00 Cento e Dez Reais. Proibido por lei.
A Secretaria Estadual de Educação tem divulgado pela grande imprensa que o uniforme pode ser adotado pelo Regimento Interno da Escola mas que tem que garantir que quem não pode comprar a Escola forneça.
Não, senhores. Aí está o grande equívoco.Porque não dizer o GRANDE CRIME, a maior violação de direito do aluno.
A Escola não pode elaborar um Regimento Interno e nem o Conselho de Pais e Mestres pode fazer uma exigência ilegal. Tipo, é contra a lei, é Inconstitucional mas se o Regimento Interno quiser pode.
Constituição Federal diz que é direito do aluno. O povo paga esse serviço a vida toda. Nossos impostos são os mais altos do mundo. Merecemos uma escola de boa qualidade, pagamos por isso. Chega de Escola pública ser oferecida como uma esmola. Algo de graça que o que vier está bom.
Quando a Secretaria de Educação de São Paulo, o estado mais importante da Federação apoia e justifica a obrigatoriedade do uso de uniforme, ela mesma está deixando claro que
NÃO É DIREITO E É ILEGAL, MAS SE A ESCOLA QUISER ELA PODE.
Que tipo de cidadão estará a escola formando se ela mesma tem o aval da SEE para violar a lei ?
Exigir que aluno se vista de maneira sóbria é obrigação da Escola. Ensinar que cada ambiente pede um tipo de vestimenta também. Exigir e até vender as vestimentas na escola é outra coisa.
A desculpa que uniforme é segurança é outra piada. A maior violência são aulas vagas, maus exemplos e desrespeito. As maiores violências e os piores exemplos dentro da escola são dados por quem recebe para ensinar.
Os maus exemplos, a falta de respeito e as aulas medíocres o aluno tem sempre, independente de estar uniformizado.
cremilda disse…
Semana que vem vou protocolar no Palácio do Governo, mais essas.
Vamos incomodar ...
Confortar os aflitos não podemos, mas podemos afligir os confortáveis.
Anônimo disse…
Uma provável solução para isso seria pedir aos pais que comunicassem quando os filhos não pudessem ir de uniforme. Só que nem todos comunicam.

O aluno NÃO GOSTA DE UNIFORME, esta é a verdade. Se pudesse iria todos os dias com a roupa "descolada" que faz seu tipo. Mas os pais, assim como você mesma testemunha, aprovam o uso do uniforme. O problema para a direção da escola é que, quando um aluno vê outro sem farda, quer vir também sem ela, alegando estar suja, ter rasgado, riscado, manchado... E aí? Libera a entrada de todos? O xis da questão está aí. TODOS podem dizer que a roupa sujou, por exemplo. Eles entrariam ou não poderiam?

Mesmo sem uso do fardamento obrigatório, algumas questões ainda ficam no ar. Toda roupa seria aceitável? Pode entrar de short, bermuda, minissaia? Se ele tem o DIREITO de assistir aula, pode entrar sim. Como negar seu direito CONSTITUCIONAL de assistir as aulas?

A coisa é mais complexa do que imaginamos, minha amiga...

Mário, o "anônimo" do post.
Giulia disse…
Mario, me desculpe, mas diante dos sérios problemas que a educação brasileira enfrenta, você não acha que a questão uniforme deveria estar em último lugar? Eu entendo essa questão como uma cortina de fumaça para encobrir esses sérios problemas: não é à toa que essas escolas que os pais denunciaram tem IDESP abaixo de 2...
Anônimo disse…
Parabens pela agilidade ,que bom saber que ainda ha pessoas enteressadas nos direitos das crianças.
josi disse…
Claro querido amigo anonimo os pais devem estar cientes que escola não é lugar de exibir suas roupas descoldas,mas a exigencia de um uniforme é um absurdo.
cremilda disse…
Mário.
Se a escola não tem capacidade para es tabelicer limites no uso do vestuário, é uma escola falida mesmo, e não tem uniforme que dê jeito.
Claro que é função da escola também ensinar que cada ambiente deve ter seu vestuário próprio.
Limites, como cobrir a barriga com uma camiseta que vá até o cós da calça seria uma pedida simples.
Saias e shorts poderiam ser na altura do joelho.
Uma questão cultural.
Num país onde é normal e legitimo usar saias que mal cobrem os fundilhos, estabelecer limites de um convento de freiras, vai ser difícil mesmo.
O meio termo, o bom senso é o que deveria prevalecer nas escolas públicas que invoca limites para os alunos e os adultos não tem nenhum limite.
Giulia disse…
Realmente, o assunto "uniforme" é o best-seller em tudo o que se escreve sobre educação pública. Esta semana postei sobre escola homofóbica, destruição do patrimônio público e tecnologia na educação, mas... ninguém se interessou em comentar esses assuntos. Cadê os sociólogos para nos explicar esse fenômeno? rsrs
Anônimo disse…
Primeiramente, parabéns pela seriedade do blog e dos artigos. Soube dele recentemente, mas estou acompanhando-o com frequência.

Giulia, concordo que o uniforme, perto de assuntos como a efetiva aprendizagem do aluno, soa como irrelevante, mas faz parte de um TODO que a escola pode administrar. O problema é que o Aroldo de Azevedo está derrapando feio nos testes de aprendizagem, por isso achamos que estabelecer o uso da farda é até imoral.

Entenda o que estou dizendo: não questiono o direito de o aluno assistir às aulas, mas ir trajado de qualquer maneira é complicado. O uso do uniforme simplifica um monte de regras com relação às roupas.

A nobre Cremilda, a quem eu também parabenizo pela luta que trava em favor do aluno, falou que a escola pode estabelecer limites. Tudo bem, mas se o limite não for respeitado? Se a barriguinha ficar à mostra? A saia poderia ser na altura do joelho... e se ela ficar acima, ou bem acima?

O que eu pergunto é se o aluno seria barrado ou não nessas situações, nada mais que isso. Pois, hoje em dia, infelizmente não temos alunos tão conscientes de seus deveres como tínhamos antigamente...

Claro que essa discussão é banal perto de problemas mais sérios, eu reconheço. Por mim, se vivêssemos como Adão e Eva no princípio seria bem mais fácil. Na impossibilidade disso, vamos tentando resolver as coisas da melhor maneira possível. Na escola onde eu trabalho, por exemplo, sempre há fardas disponíveis para quem vem sem ela. O aluno não volta por isso.

Mário
Josefa disse…
Muitos pais pedem a volta de uso de uniformes. É lamentável colocar um índice de Idesp de 2010, cadê o de 2011?
Giulia disse…
Oi, Josefa, obrigada pelo seu comentário. Encontramos na internet só o índice de 2010, se você puder fornecer o de 2011, será um grande favor. Que muitos pais gostam de uniforme já publicamos inúmeras vezes. O que a sociedade brasileira faz questão de não entender é o enorme apartheid educacional que existe no país e isso começa com a exclusão dos alunos cujos pais não podem pagar uniforme. É fácil falar que os pais pedem uniforme, como se todos pudessem pagar por ele. E depois, os uniformes não podem ser vendidos dentro da escola. Escola pública não tem fins lucrativos e não emite nota fiscal, certo?
cremilda disse…
Acontece em todas as escolas.
Pior que direção corrupta e professoras tranqueiras e arrogantes são os pais que ficam babando ovo deles com intenção de proteger seus filhos da sanha de pessoas que ganham para ensinar e passam os piores exemplos.
Tem sim pais que equivocadamente entendem que uniforme dá segurança a seus filhos. Na violência de hoje é fácil as escolas de má fé usarem do medo dos pais para levar vantagem.
As normas devem sim serem estabelecidas e as regras claras, e com o objetivo nobre, coisa que não acontece.
Se uma escola não consegue estabelecer limites básicos que não infrinjam as leis para o vestuário do aluno, está ruim mesmo.
Se não sabem o que fazer com aluno que não obedece as regras, é uma escola falida, tem que fechar.
judi disse…
Judi..
Quem é você cremilda? Sua vida financeira é mantida por esse blog e por sua intolerância, raiva e rancor que sente pelos professores ao chamá-los de tranqueiras? Você sabe que este tipo de atitude dá ibope.. A massa adora.
Ao ler seus comentários, percebo que você tem sentimentos tristes e, que se esconde de atrás de algum mal não resolvido na infância escolar.
Me responda por favor..
Giulia disse…
Judi, quem é você?... Você se esconde atrás da diretora dessa escola?
Saiba que este blog é mantido sem qualquer financiamento de ninguém. É um trabalho voluntário que fazemos durante a madrugada. Veja os horários que costumamos postar. E LEIA o que escrevemos sobre legislação, em lugar de fazer fofoquinhas.