Vários internautas pensam que este blog pertence ao
economista especializado em educação Gustavo Ioschpe e até já recebemos mensagens
para ele em nosso e-mail. Em diversos pontos nossas ideias convergem com as
dele e já o elogiamos aqui, da mesma forma como mostramos algumas divergências,
pois acompanhamos seus artigos na Veja desde o primeiro, em 2007. Gustavo
Ioschpe é um dos poucos brasileiros a pensar a educação de forma objetiva,
visando resultados e não apenas defendendo posições ideológicas.
Seu último artigo é uma carta aberta à presidente Dilma e
aos deputados e senadores, pedindo que nossos recursos não sejam desperdiçados.
Concordamos plenamente com isso: nossos recursos não devem ser desperdiçados em
nenhuma situação, muito menos num sistema educacional que se mostra ineficiente
há duas décadas em todos os níveis: federal, estadual e municipal, salvo
honrosas exceções que não só confirmam a regra, mas apontam caminhos que não
são trilhados, pois contrariam o sistema. O sistema QUER DINHEIRO e defende que
o que falta é + DINHEIRO, quando o verdadeiro problema está na PROPOSTA
EDUCACIONAL equivocada e na FALTA DE FISCALIZAÇÃO:
- As universidades de licenciatura são teóricas e não preparam para a docência.
- Falta um currículo nacional mínimo que permita a avaliação dos alunos de forma confiável, independentemente das diferenças regionais.
- A nomeação dos diretores de escola, em quase todo o país, é feita de forma política.
- A aula vaga, em algumas escolas e principalmente no período noturno, chega a 40% do ano letivo, problema antigo que não é minimamente equacionado.
- Na maioria das escolas não se realiza a avaliação contínua e a recuperação paralela dos alunos.
- O jovem não tem a oportunidade de cursar um Ensino Médio Técnico, que lhe garanta uma profissão, sendo que o país tem enorme demanda nessa área.
Até aqui concordamos com Gustavo Ioschpe. Discordamos quando
ele diz que a forma como o dinheiro é gerido não influencia os resultados. Nós,
do Fórum Municipal de Educação da Cidade de São Paulo, denunciamos Paulo Maluf
e Mário Covas ao Ministério Público por manipulação e desvio das verbas
destinadas à manutenção e desenvolvimento do ensino, na década de 90. Essas
verbas não chegavam à sala de aula, da mesma forma como não chegam hoje, em
todo o Brasil, apesar de sermos um dos países campeões em GASTOS na educação:
gastos, não INVESTIMENTOS! Recursos mal geridos produzem FRACASSO, por isso
mesmo lutamos por transparência na gestão das verbas destinadas à manutenção e
desenvolvimento do ensino, independentemente da pobreza da atual proposta
educacional.
As falhas não se restringem à qualidade do ensino. A maioria
das escolas públicas brasileiras não possui uma biblioteca funcionando, o que denunciamos
há duas décadas! Quadra esportiva equipada e coberta? Laboratório de
ciências?... Isso existe? rs Bem, se
mais verbas não garantem qualidade do ensino, pelo menos melhorariam a
autoestima de alunos desrespeitados em seu direito mais básico de frequentar
uma escola no mínimo decente. Não vamos esquecer, ou melhor, vamos lembrar que
Isadora Faber, a menina que criou o Diário de Classe mais lido do país, estuda
em uma escola que era considerada “de primeiro mundo”, mas suas denúncias
começaram justamente mostrando fios expostos, ventiladores quebrados, portas
sem maçaneta etc. Dá para imaginar as condições físicas em que se encontra a
maioria das escolas do país?...
Portanto, caro Gustavo, queremos verbas, sim! Mas queremos
que sejam bem geridas e, se vierem mais recursos, saberemos onde aplicá-los,
pois somos pais de alunos da rede pública e as carências das escolas afetam
diretamente nossos filhos. Até lá, que tal nos ajudar
a conferir se as verbas gastas são bem aplicadas na infraestrutura da rede
pública, já que a qualidade do ensino é “outro departamento”?
Aliás, de forma geral queremos saber onde é aplicado o
dinheiro dos nossos impostos! O que o Brasil investe em serviços sociais é nada,
se comparado ao pagamento de juros da Dívida Pública, uma dívida fictícia composta hoje de papéis “podres”, que tem
sido regiamente paga a juros escorchantes e só beneficia o mercado financeiro. Queremos saber, não apenas das
verbas da educação, mas da aplicação de todo o orçamento! O assunto Dívida
Pública é grave e está em pauta há décadas, mas ainda não foi trocado em miúdos,
por isso criamos uma cartilha destinada
às novas gerações: Socorro, o BRASIL tem cheque especial!!!, para que as crianças entendam o assunto e até
“convidem” seus pais a inteirar-se dele. Ao mesmo tempo, estamos integrando o
recém-criado Núcleo
São Paulo da Auditoria Cidadã da Dívida e convidamos para o lançamento
oficial do Núcleo, dia 8 de agosto, quando Maria Lúcia Fattorelli, coordenadora
da organização, dará uma aula muito esclarecedora sobre a Dívida Pública em
nível Federal, Estadual e Municipal. Todos
os nossos seguidores e visitantes serão muito bem-vindos e o convidado de honra é
– claro – Gustavo Ioschpe!
Quinta-feira, 8/8, às 19:00
AUDITÓRIO DA ESCOLA DE APLICAÇÃO DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA
USP
Av. da Universidade, 220. Travessa Onze, Cidade
Universitária
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