A notícia publicada hoje no Globo Online sobre a greve no Colégio Pedro II nos levou a enviar esta carta ao jornal:
Prezado Editor,
Somos pais de alunos que há mais de quinze anos batalham pela melhoria do ensino público no Brasil. Começamos em São Paulo, mas através do nosso site www.webamigos.net/educaforum e principalmente do blog http://educaforum.blogspot.com mantemos contato com pais de alunos de todo o Brasil, que nos pedem informações e ajuda para resolver os inúmeros problemas do ensino público.
Estamos bastante decepcionados com a cobertura dada por seu jornal à greve que desde o ano passado está flagelando o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Em 2005, a greve durou 94 dias e a reposição de aulas foi ridícula, de acordo com os próprios pais. Este ano foi deflagrada nova greve, por motivos claramente políticos, que o leitor de seu jornal dificilmente poderá detectar, pois as informações dadas são tão pobres que nos fazem duvidar da competência desse tão prestigiado meio de comunicação. Será que O Globo está sendo tão sucateado quanto o Colégio Pedro II, que já foi um marco de excelência na educação brasileira e hoje obriga seus alunos a contratarem professores particulares para conseguir passar de ano?
Sr. Editor, seu jornal ignorou totalmente o blog dos pais de alunos do Colégio Pedro II, nem se deu ao trabalho de acompanhar suas iniciativas, como o mandado de segurança mencionado na matéria publicada hoje. O mesmo repórter que escreveu a matéria não poderia, junto com os pais, cobrar uma posição das autoridades competentes com respeito ao mandado, já encaminhado há 30 dias? Não é assim que fazem os bons jornalistas: investigam e buscam informações? Esse mesmo repórter não poderia checar onde se encontra o projeto de lei A Educação é Essencial e Não Pode Parar, encaminhado pelos pais do Colégio Pedro II ao Congresso Nacional já em dezembro do ano passado, ou seja, durante a primeira greve? Ou já não se fazem mais jornalistas “como antigamente”, aqueles que buscam as notícias, checam as fontes e cobram informações? A matéria publicada hoje pelo seu jornal não ilustra em nada a situação caótica que está deixando milhares de alunos sem aula. A voz dos pais e alunos quase não se ouve em sua matéria, que destaca apenas as reivindicações dos funcionários da escola e a queda de braço com o governo. Enquanto isso, centenas de professores estão de braços cruzados e recebendo seus salários tranqüilamente. Outros resolveram trabalhar! Não é uma situação no mínimo interessante? Não é interessante ver cidadãos fazendo o papel do sindicato (que deveria cobrar na Justiça o acordo descumprido, mas não o faz) e do Congresso brasileiro, que deveria defender o cidadão através das leis e da fiscalização?...
Sr. Editor, ainda há tempo de dar uma cobertura decente a essa vergonha que está acontecendo no Rio de Janeiro, ainda há tempo de dar voz aos pais e alunos do Colégio Pedro II, inclusive aos professores que estão em seus postos de trabalho.
Ou será que é mesmo verdade: a educação pública não é de interesse de ninguém neste País, a ponto de um dos maiores jornais do Brasil tratar o assunto como uma picuinha qualquer?
Atenciosamente,
Giulia Pierro e Vera Vaz
pelo
EducaFórum
Comentários
Lembrei de vc e do seu blog quando li isso:
http://globoesporte.globo.com/ESP/Noticia/0,,AA1226666-5202,00.html
Um abraço
PS: Se vc não acompanha futebol, adianto que Henry é francês e é um dos maiores jogadores do Mundo. Dá um grande debate o que ele disse;
HAMELIN, Alemanha - Não foi com o tom de desprezo, mas o atacante Henry deu uma bela alfinetada nos jogadores brasileiros na entrevista coletiva desta quinta-feira, em Hamelin, na Alemanha. O atacante afirmou que a qualidade técnica da seleção canarinho é indiscutível, mas que ele não teve o mesmo tempo para apurar seu futebol quando era mais jovem.
- No Brasil existe uma grande identidade, uma cultura verdadeiramente futebolística. Quando se é bebê, o primeiro presente é uma bola. Você vai na rua, nas praias e está todo mundo jogando futebol. Isso impressiona muito. Foi algo que comigo não aconteceu. Quando era pequeno, queria jogar bola, mas tinha que ir para a escola de 7h às 17h. No Brasil, jogam bola das 8 às 18h. Por isso, de tanto contato com a bola, é que surge essa coisa maravilhosa que é o futebol brasileiro - afirmou o atacante francês.
A declaração apimenta ainda mais o duelo deste sábado, às 16h (de Brasília), em Frankfurt. É a revanche da vitória francesa na final do Mundial 1998, disputado na própria França.
Um abraço