Dislexia - O Brasil não sabe NADA


Lançamos um amplo apelo em toda a net pedindo informações sobre pesquisas sérias a respeito da dislexia e, mais ainda, sobre formas eficazes de alfabetização para crianças dislexas e com DDA. Simplesmente, não houve qualquer resposta...

Iniciamos este questionamento há uma década, quando contribuímos com uma matéria do Fantástico, que pela primeira vez entrevistou pessoas com essa disfunção. De lá para cá, não paramos de receber mensagens inconformadas de pais que não encontram escolas preparadas para atender seus filhos dislexos. Hoje, em vez de melhorar, a situação piorou, pois a moda é expulsar os alunos dislexos da escola, principalmente na rede particular.

O apelo que lançamos no mês passado foi devido à expulsão da escola de duas crianças em fase de alfabetização, notícias que recebemos em menos de duas semanas. Isso vale como um atestado de incompetência dessas duas escolas. E a falta de retorno sobre pesquisas e projetos de inclusão de crianças dislexas confirma que as escolas não progridem nem fazem questão de avançar nesse sentido. Este bloguinho, embora humilde e despretensioso, recebe milhares de visitas por mês e conta com mais de 160 seguidores, todos direta ou indiretamente ligados à educação. Será mesmo possível que ninguém possa apontar uma luz no final do túnel?...

Varremos todas as publicações sobre educação em busca de informações. Nada! Explicações vagas sobre o que é a dislexia, mas nenhum rumo. No meio de tanta desinformação, chamou a atenção a entrevista com o fonoaudiólogo Jaime Luiz Zorzi na revista Nova Escola: A escola ignora quem não consegue aprender. Ele fala da tendência perversa do sistema de ensino, que leva os educadores a não distinguir entre as próprias limitações e as dos estudantes. Essa tendência nós conhecemos muito bem: é a de tratar o aluno por incapaz ou "burro"... A entrevista mostra que apenas 15% dos alunos com dificuldades de aprendizagem têm disfunções reais como a dislexia. Por isso, fica claro que a quase metade dos alunos brasileiros, que não são alfabetizados na idade certa ou permanecem no analfabetismo funcional, não é burra. Esses alunos são ignorados pela escola, que é sim incapaz de ensinar.

A entrevista com Jaime Luiz Zorzi faz uma revelação interessante: o aprendizado da fala é algo natural, mas o da escrita é um condicionamento social. Ou seja: nascemos para falar, mas não necessariamente para escrever. Para escrever, a criança precisa associar o som a um símbolo, que é a letra ou o ideograma, em outras culturas. Isso não é fácil em nenhum idioma! Por isso são necessárias técnicas e métodos de aprendizado eficazes, principalmente na língua portuguesa, onde a correspondência entre sons e letras é complexa.

A dislexia e o DDA são disfunções detectadas através de testes complexos, ao alcance apenas de uma parcela da população que pode pagar por eles. Mesmo assim, esses testes de nada adiantam, pois o tratamento se resume à prescrição de remédios. E as escolas expulsam os alunos até quando elas mesmas os encaminham ao neuropsiquiatra ou outro profissional!

Mas o nosso apelo em toda a net não foi em vão: foi assim que conhecemos o lindo ABCD da Angela Lago, que também sofreu com a própria dislexia e criou, com sua sensibilidade poética, essa ferramenta que pode auxiliar as crianças, dislexas ou não, a familiarizar-se com o mundo da escrita.

Vamos postar, amanhã, a solução que uma professora encontrou para motivar um aluno a voltar à escola. Dislexo e com DDA, o menino começou a faltar quase todos os dias. Quando a maioria das escolas tende a afastar ou até a expulsar esses alunos, a atitude dessa professora é louvável. Infelizmente, ela também não sabe lidar com as dificuldades do aluno, porém não o rejeita e continua se esforçando para acertar. Isso é muito raro!

Comentários

Tia da creche disse…
Ola muito bom o seu blog parabéns se tiver um tempinho da uma passadinha no meu...bjsss

http://www.tiadacreche.blogspot.com
AGAMA disse…
Parabéns pela iniciativa!! Faltam canis para a discussão do assunto.