E o "maior" infrator?!

É com profunda tristeza e indignação que registramos mais uma rebelião na Febem, "ainda de causa desconhecida". A causa todos sabemos: é a teimosia do Governo Estadual em manter essa aberração que, em outros países, já teria provocado a queda do governador há vários anos, pois durante os últimos três mandatos a Febem tornou-se uma vergonha internacional. A desculpa dada é sempre a mesma: "os municípios opõem resistência à implantação de unidades em sua jurisdição". Desculpa esfarrapada e absurda, pois o Estatuto da Criança e do Adolescente é muito claro: a internação, quando necessária, deve ser feita em unidades pequenas, no município de origem de cada garoto, para que ele possa receber o apoio da família e de sua própria comunidade. Só assim será possível a recuperação desses adolescentes. Será que o governo precisa pedir aos municípios o "favor" de aceitarem o cumprimento da lei?... Ou está esperando para "lançar" as novas unidades em época de campanha eleitoral?... Até quando o governo vai permitir que a Febem continue sendo a "universidade do crime"?

Este escândalo de enormes proporções só é possível porque a sociedade brasileira aceita passivamente a situação, no fundo cada um se preocupa apenas com seus próprios filhos (quando se preocupa...) e, quanto aos filhos "dos outros", que eles se matem todos dentro de alguma Febem "da vida". Afinal, os garotos que vão parar na Febem são aqueles mesmos que a escola pública expulsou ou aqueles que não agüentaram a violência de que foram vítimas no sistema educacional. Alguém se importa com eles?

Enquanto isso, todos os "maiores" infratores envolvidos nesse escândalo - sejam políticos, juízes, promotores, diretores ou funcionários - todos aqueles que, por ação ou omissão, deixaram a Febem chegar a ser um matadouro, continuam livres e soltos. Com a palavra, a consciência de cada um deles!

Comentários

Anônimo disse…
Pronto, já foi divulgada a causa da nova rebelião na Febem: foram as entidades de direitos humanos que incitaram os internos à violência. Durma-se com um barulho desses!!! Mas quem esteve lá (só os pais e as entidades de direitos humanos,pois mais ninguém pode entrar) viu as condições em que vivem esses garotos: com roupas esfarrapadas, a escova de dentes dependurada no pescoço, tomando banho frio e sem toalha para se enxugar, dormindo em colchões jogados no chão até nos banheiros, sem ocupação e com as mãos atrás das costas para "não agredirem" os monitores. E alguém ainda acha que precisam de tortura para se rebelarem?... Mas a tortura também existe e é diária. Que mais?
Anônimo disse…
Muito engraçado, Sr. Geraldo Alckmin. A verdade é que sua "pedagogia do opressor" não funciona nem nas escolas sob a tutela do Sr. Chalita e muito menos na Febem. Torturas, descaso, violência, repressão. Agora quer indispôr-nos contra a associação de mães. Obviamente que sua política encontra eco e respaldo de uma sociedade igualmente violenta, resquícios da Casa-Grande que exige o total extermínio dos que não são abençoados pela divindade da Opus-Dei ou da TFP. Vou sintetizar meu pensamento: Vocês são a ameaça, e só conseguem manter sua posição às custas de uma violência que condenam no próximo;sua leis, direitos de propriedade , sua polícia, seu pretenso "combate ao comunismo", que sempre justificou suas atrocidades. Por trás de uma causa justa, a injustiça infinita. Mas, não conseguem enxergar, não é? Envaidecidos e ensandecidos. Protegidos pelas leis e pelas polícias que vocês, convenientemente criaram.As futuras gerações, se vierem a existir, os amaldiçoarão pela eternidade. A mim também que, covarde e inutilmente, nada mais faço que gastar meu tempo enviando cartas para jornais, para um bando de velhos lerem e sentirem-se ofendidos.E depois irem checar o portão para ver se o mundo continua trancado lá fora.

Publicado em Agência Maior 25/11/2005
Anônimo disse…
O governo Alckmin está chacinando os adolescentes internados nas unidades da Febem. Uma chacina silenciosa, macabra, que atinge não só meninos e meninas que devem cumprir a medida sócio-educativa que lhes foi imposta, bem como seus familiares e o conjunto da sociedade paulista. Esta chacina não se resume aos 24 mortos dentro das unidades durante o governo do PSDB, mas estende-se às dezenas de egressos que foram exterminados, principalmente pela PM, em circunstâncias que carecem de investigações profundas. Somente neste ano, as trapalhadas do governo estadual resultaram em 34 rebeliões (seis a mais que em 2004), centenas de fugas e feridos, dezenas de motins e quatro mortes dentro de suas paredes. A intensidade e a violência desses conflitos tende a aumentar graças à cotidiana violação dos direitos dos internos, através de torturas, espancamentos, humilhações e opressão total. Prova disso é que a rebelião ocorrida no dia 22 de novembro promoveu um novo recorde de feridos e resultou, até o momento, em mais uma morte. Iniciamos 2005 com a promessa de que o Estado assumiria o compromisso de implantar um novo projeto pedagógico, capaz de responder aos mais de trinta anos de opressão, torturas e todas as formas de tratamento cruel e desumano levadas à cabo pela Fundação. Vamos exigir que o Governador Geraldo Alckmim assuma sua responsabilidade e pare de buscar em propaganda enganosa, na violência e na tentativa de criminalização dos movimentos sociais as desculpas esfarrapadas para justificar seu fracasso e de seu governo. Hoje, mais um cadáver está sobre sua mesa. A culpa é dele, e todos os que silenciam com um sorriso disfarçado são seus cúmplices.

Publicado em Agência Maior 25/11/2005