MEC esquece acordo e pais cobram

Nossos amigos pais de alunos do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, estão divulgando a nota a seguir, cobrando que o Governo Federal cumpra o acordo firmado em dezembro a fim de acabar com a greve dos 100 dias que tanto prejudicou os alunos. Como é comum, o Governo "esqueceu" o acordo e a ameaça de uma nova greve está deixando a comunidade em pânico. Parabéns aos pais do Colégio Pedro II pela iniciativa: muitos problemas deste País seriam facilmente resolvidos se houvessem mais cobranças. E a educação é o MAIOR problema deste País. Acompanhem a luta desses pais visitando o blog Pais Conversando e participem da campanha "A educação é essencial e não pode parar!", que foi a primeira iniciativa tomada por essa comunidade tão atuante.

O que mais chama a atenção no movimento desses pais é a disposição de lutar também pelos filhos daqueles que não dispõem de tempo ou condições para participar mais ativamente. Uma das maiores reivindicações é o acompanhamento pedagógico para os alunos que foram "passados de ano" sem os conhecimentos necessários, devido à longa greve. Se um maior número de pais tivesse essa preocupação e cobrasse providências das autoridades, seria possível dar um grande salto de qualidade na educação. Pois todos sabemos que, no Brasil inteiro, não é preciso ter greve de professores para que o conhecimento dos alunos esteja defasado: basta a AULA VAGA, que engole de 20 a 30% do ano letivo, na maioria das escolas deste imenso País!

Nota conjunta da comunidade escolar do Colégio Pedro II

A comunidade escolar do Colégio Pedro II, representada, neste ato, pelas Associações de Pais do Colégio Pedro II, pelos Grêmios Estudantis do Colégio Pedro II, e pelo SINDISCOPE – Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II, tendo tomado conhecimento de que até a presente data – março/2006 – o Governo não procedeu ao cumprimento do Acordo de recomposição salarial dos docentes e técnico-administrativos, firmado entre o MEC e o SINASEFE - Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e Profissional em dezembro/2005, acordo este que teve como objetivo principal o fim da greve havida no final do ano letivo de 2005, vem solicitar ao Governo Federal implementar, com a MÁXIMA URGÊNCIA, as medidas necessárias ao FIEL CUMPRIMENTO do referido acordo, a fim de que a comunidade escolar do
Colégio Pedro II não seja, novamente, pressionada pela deflagração de novo movimento paredista, circunstância que, não é demais lembrar, gera inúmeros transtornos e sacrifícios à vida acadêmica e familiar de alunos, pais e servidores.

Comentários

Anônimo disse…
Só achei engraçado esses pais ficarem cobrando salário de professor. Será que esses professores merece? Não tem coisa mais importante pra cobrar,não?
Anônimo disse…
Olá, anônimo. Engraçado é você assinar "anônimo" quando pode inventar um nome qualquer e, por outro lado, este blog não morde! Mas vamos ao que você coloca: eu também acho que esses professores não merecem tanto apoio por parte dos pais, pois eles mesmos cruzaram os braços durante 100 dias e ainda queriam tirar férias depois disso... É muito válido, porém, os pais terem tomado a iniciativa de unir toda a comunidade escolar para pressionar o Governo Federal, pois em situações de emergência a união faz a força. E o mais importante é ter argumentos fortes, ou seja, o não cumprimento de um acordo assinado. Certamente, o Colégio Pedro II não representa a escola pública brasileira, ele não tem as enormes carências típicas da rede. Ele lembra muito a rede Paula Souza, aqui em São Paulo, antes da "reforma" vergonhosa que o próprio Governo Federal realizou no fim da década de 90 e acabou sucateando as escolas técnicas, que eram referência em nível nacional. Pois é: o nivelamento da educação, no Brasil, é sempre feito por baixo! É por essas e outras que movimentos de escolas públicas como o Colégio Pedro II são importantes, já que os pais são mais ativos e unidos. Os pais de alunos de escolas públicas, em todo o País, precisam de EXEMPLOS CONCRETOS de como reivindicar seus direitos, pois o desânimo é geral, frente ao enorme número de problemas. NIVELAR POR ALTO: é disso que a escola pública brasileira precisa! Professores competentes e presentes, aulas de qualidade, respeito ao aluno e aos pais. Mas, infelizmente, neste País, só cobrando MUUUUUITO. Tomara que os "panelaços" do Colégio Pedro II contagiem o Brasil inteiro e que os pais de muitas outras escolas públicas tomem a coragem de sair às ruas e reivindicar uma escola pública de qualidade para todos!
Anônimo disse…
Giulia, é muito cômoda a posição desses professores entrando de greve todos os anos...Alunos, pais, governo, a sociedade são reféns de uma classe que só visa seus interesses e não tem a mínima responsabilidade com um trabalho que afeta a vida dos alunos. Serviço público não é para ganhar dinheiro, é para receber uma remuneração pelo trabalho e levar em conta todas as benesses que os outros trabalhadores da iniciativa privada não têm, ainda correm riscos, tem de ter produtividade, não eemndam feriados, tem uma férias por ano, e não passam a vida reclamando do serviço e atormentando os usuários. Eu sou radicalmente contra greve no serviço público, é um abuso porque enquanto a maioria do nosso povo rala por um emprego, eles que têm todas as regalias e garantias não dão o mínimo valor e ainda tripudiam em cima das crianças.
Anônimo disse…
Professora Gazeteira

Todo ano, a comunidade é ameaçada com as famosas greves das professoras. Na briga entre governo e corporações, quem sofre são as crianças.

As corporações vivem exigindo que “Cumpram o que prometeram”, mas esquecem-se das suas responsabilidades com os alunos, pais e comunidade. Querem um exemplo? Basta insinuar a possibilidade da comunidade avaliar uma escola que as “professoras” ficam hostis, desqualificam os pais e chamam os alunos de “marginais”. Esta discriminação se verifica na proposta de “piso de 5 salários mínimos” para a categoria. Assim, toda vez que os “pobres” se mobilizarem para aumentar suas miseráveis remunerações, as corporações das professoras terão garantido seus aumentos salariais!!!

As escolas públicas são exemplos vivos do autoritário “sistema feudal brasileiro”: não aceitam ser avaliadas. Até mesmo uma simples proposta do governo estadual no sentido de gratificar “as professoras” pela assiduidade (presença em sala de aula) foi motivo de “fúria” das corporações.

Ora, qualquer educador sabe que a principal diferença entre a escola pública e a “particular” é a presença “das professoras” na sala de aula. Se um aluno da rede particular ficar “sem aula”, a escola será processada por danos morais e materiais. Na escola pública, inventam um “sem-número” de artifícios para “premiar a professora gazeteira”.

Embora a profissão de professora exija vocação, temos encontrado a predominância de espertezas. Vejam que o regime especial (jornada de 20 horas semanais e aposentadoria antecipada), criado para garantir a saúde do profissional, vem sendo utilizado como forma de “arrumar um segundo emprego”. Não raro, encontramos professoras “vendendo mais de 10 horas de aula por dia”. Isso, além de comprometer o processo de ensino –aprendizagem, transforma a sala de aula numa “panela de pressão” devido ao esgotamento físico e mental dos profissionais. E quem mais sofre na pele é justamente o aluno que fica sob a autoridade de uma pessoa sem as mínimas condições para exercer tal função. Destaque-se que muitas professoras “aposentadas” continuam vendendo aulas na rede pública. Isto, aliado a falta de um controle efetivo da presença dos profissionais em sala de aula, explica a baixa qualidade do ensino na rede pública e no Brasil em geral.

Curiosamente, as professoras não se sentem responsáveis pela Educação miserável oferecida aos brasileiros: “Em dezembro passado, o Ministério da Educação divulgou que os estudantes brasileiros ficaram em último lugar nas provas de leitura, matemática e ciências do Programa Internacional de Avaliação de Alunos. A pesquisa avaliou alunos de 15 anos em 28 países desenvolvidos e em quatro países em desenvolvimento.” Muito pelo contrário: em pesquisa recente, a nota média que professores da escola pública deram para o estabelecimento onde trabalham foi 7, o que, numa escala de 0 a 10, pode ser entendida como algo entre bom e muito bom. A nota atribuída ao preparo e competência deles mesmos foi 8. Já o desempenho dos alunos teve média 6,3. Qual seria a nota dos Inativos, das Viúvas e dos Fantasmas?

A ignorância é tamanha que chegamos ao absurdo de ter uma mãe que entrou com medidas judiciais para reprovar o próprio filho, estudante da 5ª série da Escola Pública Municipal Abimael Carlos de Campos, em Votorantim, a 108 quilômetros de São Paulo, pois o menino não sabia ler nem escrever. A tragédia é o fato da escola não ter identificado, em cinco anos, que o aluno tinha dislexia, uma disfunção cerebral que impede a leitura de frases, palavras ou sílabas. (in Jornal O Estado de S. Paulo, 02/03/2002). A mãe deveria processar a escola e as professoras pela absoluta falta de capacidade em educar uma criança.

A hipocrisia prefere culpar as crianças pelos 502 anos de ignorância no Brasil.
Fonte: Mauro A. Silva http://www.geocities.com/gremio_sudeste/