Eu não agüento mais ouvir: “É, mãe, mas seu filho também não é santo, né?” E eu pergunto: porque este tipo de indagação? O que significa “ser santo”? Ainda bem que ele não é, pois se o fosse talvez o pregariam na cruz, como fizeram com o único que recordo ter sido realmente santo.
Cássia A. Dalcim Marques
Todas nós: Giulia, Vera, Helem, Cristina, Caroline, já ouvimos isso a respeito dos nossos filhos, dito por professores, coordenadores pedagógicos, diretores de escola. Mas o que eles entendem por “santo”? Ter um cadeado na boca, algemas nas mãos e pés?... Não, graças a Deus nossos filhos não são “santos”, são saudáveis, alegres, inteligentes. Será isto que incomoda? A escola não está preparada para lidar com o aluno que questiona, que faz perguntas difíceis ou embaraçosas, que tem a curiosidade de quem está despertando para a vida. A escola faz de tudo para reprimir a espontaneidade da criança, matar sua vontade de aprender e sufocar sua vocação. Para não falar do adolescente, tratado como um criminoso em potencial, ameaçado e muitas vezes levado da escola para a delegacia dentro de uma viatura policial. Esta é a realidade da escola pública, onde a maioria dos pais se cala, amedrontada diante da arrogancia e do autoritarismo de supostos educadores.
O último episódio que envolve o filho da Cássia é de arrepiar. Nessa escola “de faroeste” que é a EE Aracy da Silva Freitas, em Mongaguá – um barril de pólvora pronto para explodir – houve diversas ocorrências de alunos incendiando carteiras e cortinas. Numa dessas ocasiões, foi ateado fogo a uma carteira na sala do filho da Cássia, justo na hora em que ele estava fora da classe. Por incrível que possa parecer (para quem não conhece o histórico dessa escola...), o garoto levou a culpa do ocorrido, foi interrogado por policiais sem a presença dos pais e finalmente foi entregue em casa dentro de uma radiopatrulha, como se fosse um marginal. Durante vários dias ele continuou a ser acusado pela direção da escola, quando os colegas de classe se revoltaram contra a verdadeira autora do ato e pediram para que ela se entregasse. Mas a menina, pressionada pela direção da escola, não quis assumir o fato publicamente e limitou-se a pedir desculpas ao garoto enviando-lhe um recado no Orkut, depoimento que foi impresso pela Cássia e que vale como documento. No fim, pressionada por todos os lados, a garota não teve outra saída a não ser se entregar. Mas agora, quem vai remediar o estrago? É possível anular a humilhação, o constrangimento, o assédio moral de que esse aluno foi vítima durante anos?
Este episódio foi a gota d´água na tentativa de expulsão de um garoto que a EE Aracy da Silva Freitas tenta afastar há anos. Leia na seção EducaFórum – Os textos a última denúncia que a Cássia entregou para a Promotoria da Infância e Juventude de Mongaguá, relatando inclusive a omissão da Ouvidoria da Educação do Estado de São Paulo, já notificada em agosto de 2005 dos fatos escabrosos que ocorrem dentro daquela escola. Será que, mais uma vez, a Ouvidoria vai lavar suas mãos?
Comentários
Abraços
Sou mãe e também tenho uma papelaria em frente duas escolas e tenho visto bem como tem sido a relaçao aluno/escola por aqui. Tanto a escola da minha filha que é de ensino medio como a do meu filho que fica ao lado de ens. fund I as coisas não são diferentes.
Vou direto ao assunto, ontem meu filho foi chamado de 'burro" pela professora depois de responder uma pergunta errada, sendo que meu filho está no 3° ano do ensino fundamental I e a menor nota dele nesses 3 anos foi 7, isso nao vem ao caso o q mais me deixou indignada foi que mandei um bilhete para a professora onde comentei o caso, fui ate a escola mas ela nao falou comigo por disse que iria me responder atraves de bilhete e ainda por cima errou novamente na frente da sala de aula e ate da professora de artes q meu filho era mentiroso e que nao havia chamado meu filho de "burro" e que apenas teria falado pra ele prestar atençao.
Na verdade o que acontece e o seguinte, as professras nunca assumem seus erros sempre jogam a culpa nos alunos e sempre se fazem de coitadas os alunos sempre estao errados e sempre são mal educados, na verdade por mais certos q os alunos estejam eles vao sempre se passar por "terroristas" nunca vão ter razao de nada e os pais acabam sem saber como se defender e como defender seus filhos, vão sempre dar a desculpa q nossos filhos na nossa frente sao uma coisa e por tras outra e os professores será que são a mesma coisa quando estao na frente dos pais? será q eles tratam nossos filhos da mesma maneira que os tratam na nossa frente???? Tenho certeza que não. Para os professores: Não estou aqui me ausentando das minha obrigaçoes, mas tambem sei dos direitos de meus filhos e suas responsábilidades.
Se não sabem lidar com crianças e adolecentes procurem uma profissão em que nao precisar lidar com eles.
O q mais me irrita é a estabilidade que os professores tem, sendo funcionários publicos, qd vamos a uma delegacia de ensino ou MP simplesmente dao uma bonificaçao para os "coitados" se ausentarem ate que abaixem a poeira e assim eles possam voltar as suas tarefas como se nada tivesse acontecido.