Rasguei o verbo contra a revista Veja no blog da Glória, com respeito à matéria sobre o livro O professor refém, de Tânia Zagury. Eu havia deixado de ler a Veja por ser, de modo geral, tendenciosa. Após essa matéria, porém, resolvi ficar “de olho” nela a fim de não me alienar, pois nada é tão ruim que não possa ficar pior...
Vou me retratar! Tive uma grata surpresa, ao ler o artigo de Cláudio de Moura Castro, publicado na edição de 26/04, Precisamos de uma crise. De forma extremamente lúcida, o artigo coloca e esclarece a seguinte questão: Estamos diante de dois grandes problemas: convencer os brasileiros de que nossa educação é péssima e, então, entender como melhorá-la.
O artigo aponta que, mesmo o Brasil apresentando resultados vergonhosos no teste internacional Pisa e ficando entre os últimos lugares em nível mundial, a sociedade não se indigna, condição essencial para a tomada de soluções efetivas. Pesquisas mostram que, absurdamente, os pais de alunos estão satisfeitos com a educação oferecida aos filhos. Infelizmente, o grito de indignação dos pais ainda está por vir. Por outro viés, países com o mesmo nível de renda que o Brasil e que pagam aproximadamente os mesmos salários aos professores, apresentam desempenho muito melhor do que o nosso. Está portanto comprovado que aumentar o salário do professor não é garantia de melhora na qualidade do ensino.
Avançando em suas reflexões, Castro se reporta ao livro O professor refém, mostrando um enfoque totalmente diferente daquele dado pela matéria anterior da Veja. Diz Castro: De tudo o que os professores reclamaram, em hora nenhuma mencionaram que os alunos não estão aprendendo – no fundo, o único assunto importante. Ou seja, o professor não se preocupa com esse probleminha...
E o que a escola precisa ensinar? Agora Castro mata a charada, esclarecendo: A primeira missão da escola é ensinar a ler, a entender o que foi lido, a escrever e a usar números para lidar com problemas do mundo real. Isso é o que certamente a escola não faz, pois o Indicador Nacional de Analfabetismo Funcional indica que 74% dos brasileiros adultos não entendem o que lêem e muito menos sabem se expressar por escrito. Basta dar uma rápida olhada em qualquer grupo de discussão da Internet para conferir. Criticando os teóricos e ideólogos da moda, Castro afirma que não há “consciência crítica” sem entender o texto escrito. O meio para que escola possa cumprir sua missão é, em primeiro lugar, que os professores entendam com clareza esse objetivo: alfabetizar em letras e números. Em seguida, o professor precisa prestar contas dessa missão. Para isso, os alunos devem ser avaliados e testados com freqüência e os professores que tiverem êxito devem ser premiados. Portanto, chega de infindáveis greves por melhores salários para professores que não os merecem!
Em quase todas as escolas há bons professores, que merecem ser reconhecidos e premiados. Está na hora de a classe docente separar o joio do trigo e parar com a velha ladainha do “pobre professor”.
Tiro o meu chapéu para Cláudio de Moura Castro, de quem discordei em outras ocasiões. Nesse artigo, só não concordo com o título: Precisamos de uma crise. A crise existe, é crônica e grave. O que falta é apenas a indignação!
Comentários
Mas começo a sentir esperança...alguma coisa vai ter de mudar.
gostaria de informar ao anônimo, que realmente sou a Nilza Gardiolo Ribeiro filha de d.Lina que morava em Arealva. vc não pode se identificar?
nilza