Colégio Pedro II - A greve continua


Desde o ano passado temos informado a respeito da greve dos professores do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Primeiro, a greve dos 94 dias. Agora, nova greve desde o "início" deste ano letivo, que demorou a começar devido à "reposição" das aulas do ano passado. Todas as aspas cabem perfeitamente a uma situação que seria ridícula, se não fosse séria demais, pois milhares de alunos estão sendo prejudicados em sua formação.

Os pais do Colégio Pedro II, bem mobilizados, chegaram à conclusão de que a greve é política. Sem dúvida alguma! Mas existe um fator agravante que eles, "marinheiros de primeira viagem", ainda não descobriram. Eles estão sendo penalizados por sua luta e persistência. Os outros colégios federais do Rio de Janeiro estão tendo aulas normalmente. Por que então justo somente os professores do Colégio Pedro II se renderam à manipulação do sindicato?...

É porque esses pais INCOMODAM e MUITO, em todas as esferas!

É uma pena que eles não percebam a sua força e não consigam maior visibilidade junto às autoridades e à imprensa. Nós aqui de Sampa, que já passamos por muitas e boas durante nossos quinze anos de luta pelo ensino público, fazemos muitos votos de que eles ainda consigam se articular e impedir que o Colégio Pedro II seja nivelado por baixo, tornando-se mais uma instituição de ensino carente e mediocre. O Brasil precisa de exemplos ao contrário: escolas públicas de qualidade que possam elevar o nível geral. Mas sabemos que isso não interessa ao "sistema", ou seja, aos membros das elites nem à classe docente, cujos filhos estudam...na rede particular.

MUITA FORÇA, PAIS DO COLÉGIO PEDRO II: VOCÊS ESTÃO COM TUDO E NÃO SABEM!

Comentários

Anônimo disse…
Isso é um abuso, um horror... O brasileiro é mesmo muito pacato. Eu tenho outra sugestão: que cada pai ou mãe leve os filhos à porta do Pedro II todos os dias, e encontrando o portão fechado para os alunos, chamem a polícia e façam um boletim de ocorrência (BO)alegando ato inconstitucional, ou seja, impedimento de acesso à educação. Façam vários B.O.s, combinem grupos por dia e chamem a polícia todos os dias...Entrem com um mandado de segurança contra a direção...Não é possível que essa justiça que serve para colocar a Suzane na rua, e protegê-la de todas as formas, não sirva para fazer algo pelos alunos. Repito: é um absurdo que a educação vire refém desses irresponsáveis. Esses dias, um deputado, João Mendes de Jesus (PSB/RJ), me enviou desses boletins que enviam para todo mundo, e, no dito cujo, ele se ufana de estar apoiando a greve do colégio Pedro II. Eu lhe respondi perguntando se ele não sentia vergonha de estar contra crianças e pais de alunos... Ele me respondeu justificando, disse que não é contra alunos e pais, etc. Não é grande coisa, mas percebi que ele teve de pensar no outro lado da questão.
Vocês acham que eles vão querer suspender a folga agora? Vão mais é emendar com as férias de julho...
E assim caminha a hipocrisia da humanidade...
Anônimo disse…
Vejam a resposta do deputado à minha crítica ao fato dele se dizer a favor da greve. Como eu disse, não é grande coisa, mas se eles recebessem várias críticas, talvez mudassem de lado. É uma outra idéia: divulgar os nomes dos políticos que estão do lado dos "irresponsáveis"...

Prezada Glória,

Agradeço por suas críticas ao tempo em que solicito sua atenção no sentido de reler a matéria jornalística e com isso perceber que sou a favor dos trabalhadores, bem como dos alunos e de seus pais.
Não sou contra os pais e os alunos. Também sou pai e fui aluno, e creia: conheço a realidade do Brasil e dos brasileiros.
Enfim, gostaria que a senhora soubesse que sou um parlamentar voltado para os problemas sociais, que tem preocupações sociais, bem como demonstra meu site, por meio de dezenas de matérias e de discursos de minha autoria. Leia-os, por favor.
Atenciosamente,
Deputado João Mendes de Jesus (PSB/RJ)
Anônimo disse…
Pois é, a cara de pau desse deputado é impressionante! Além de "agradecer as críticas", esse cara ainda te mandou ler as "dezenas de matérias e discursos" com os quais ele faz a lavagem cerebral de seus eleitores... PAU NELE!

Quanto aos pais do Pedro II, fico muito triste, pois eles têm um monte de trunfos nas mãos: entraram com mandado de segurança pedindo professores substitutos, encaminharam projeto de lei para Brasília, mandaram um monte de e-mails para Brasília, mas não conseguem se unir. Tem alguns "amigos da onça" no meio: uma aluna declarou que ela passa de ano mesmo com greve, que ela não precisa de aulas de revisão, insinuando que os alunos que precisam são "burros"... Dá para acreditar?
Anônimo disse…
Mas, Giulia, eles estão enviando as galinhas para a toca da raposa... Que se pode esperar de políticos, eles estão todos com a corporação, ainda mais perto de eleição, eles morrem de medo de ir contra essa classe gigantesca e perder votos. Alunos e pais de escola pública não dão votos porque, com raras exceções como as escolas mais centrais, a periferia nem sabe que têm direitos e que um político lutando por eles seria fantástico.
Anônimo disse…
Pois é, querida Glória, mas eu nasci em um país onde numa "cidadezinha" como Milão (um décimo de São Paulo) foram 50.000 às ruas para gritar "governo ladrão" (na verdade o que eles gritaram foi um palavrão, que não vou traduzir aqui...). Tenho muita dificuldade para entender essa timidez frente às "otoridades". Falha minha!
Anônimo disse…
Giulia, você não entendeu: se eles forem para a rua gritar: "professores ladrões" (afinal recebem dinheiro do povo e ficam sem trabalhar, isso é roubo), como no caso de Milão, aí, sim, estão fazendo algo que dará resultado... Mas, mandar papelzinho para Brasília, falar com políticos, isso é timidez frente às autoridades.
Você viu o que a Cremilda e cia está fazendo lá na praça, entregando o microfone pro povo em frente à assembléia, já que eles fecharam a assembleia popular?
Disso, sim, os políticos têm medo...
Giulia disse…
Foi exatamente isso que eu quis dizer, quando disse que eles não conseguem se unir! Tudo o que eles fizeram, SEM MOBILIZAÇÃO, não chega a lugar nenhum. Por isso acho uma pena: se fossem apenas 200 às ruas e divulgassem à imprensa tudo o que têm feito, isso ganharia valor. A imprensa não dá cobertura a um ato público com dois ou três gatos pingados, principalmente porque jornalista também não tem filho estudando em escola pública... Mas eu não acho que adiante chamar o professor de ladrão, pois ele não vai vestir essa carapuça e a maioria dos brasileiros ainda gosta de preservar essa figura. O que precisa é começar a discutir idéias, motivos e conceitos, o que não se faz neste País, principalmente na escola. Aliás, você mesma colocou com muita clareza que a boca das crianças é tapada na escola. Eu acho que esse caminho precisa ser retomado com urgência. Se fosse possível resolver os problemas do Brasil numa revolução, ela já teria acontecido, aliás, aconteceram algumas, e no que deu?...
Anônimo disse…
Pois é, Giulia, andamos a passos de cágado, acho que o mito escola é instransponível. Veja que neste país, pode-se em qualquer jornaleco da esquina assim como na grande imprensa chamar até o presidente da República de bêbado, de ladrão e outras ofensas mais. Além de "ser normal", ninguém nem questiona e ainda bate palma.
No entanto, como eu vi roubalheira na escola e ninguém toca nisso. Certa vez uma diretora passou para a sua conta um dinheiro da escola que estava na poupança, quando a questionei ela disse que precisava por uns dias, depois devolvia... Devolveu? Não sei. Nessa época, eu ainda era meio ingênua e crédula e, além disso, há nas escolas aquela coisa de hierarquia: subalternos não questionam os "superiores". De qualquer forma, ela nunca poderia fazer isso. Em meus anos de escola pública, nunca vi a administração prestar contas do dinheiro da escola. As verbas oficiais que vinham para determinada finalidade eram manipuladas por notas com os comerciantes. Certa vez, um desses clubes de serviço, acho que foi o Lyons, doou uma quantidade de cadernos para os alunos pobres, que foram entregues às professoras para repassar aos alunos. Passado um tempo, os doadores foram cobrar da escola que encontraram os cadernos com filhos de professoras nas escolas particulares. Elas são tão tranquilas em sua impunidade que nem se preocuparam com o fato de que os cadernos tinham a impressão com o nome do clube que doou. E ficou por isso mesmo, ninguém foi cobrar o "furto" (com elas, não podemos usar a palavra roubo).
As tais festas juninas e os famigerados "barzinhos" (que vendem toda espécie de porcaria para as crianças) dão lucros astronômicos. Teve uma época que uma diretora me deixou encarregada do barzinho e administrar as rendas extras, assim como destinar os gastos. Nem imagina como o dinheiro rendeu em benefício da escola e das crianças. E eu nunca imaginara o quão lucrativo é o tal barzinho, mesmo eu cortando muitas mercadorias que eu considerava que não deveria vender para os alunos.
Enfim, é um perigo quando elegemos certas classes como acima do bem e do mal, elas ficam livres para fazer o que bem entendem... Quem vai cobrar?