Sensacional comentário sobre a greve no Colégio Pedro II, postado do "além" em http://serjaocomentadoceu.blogspot.com
No ano passado eu publiquei uma carta de um grande amigo cujo filho estuda no Colégio Pedro II, então em greve. Na última terça encontrei este mesmo amigo por acaso com sua esposa num Shopping e ele estava revoltado. Sentamos para um café e ele me disse que o Colégio estava novamente em greve. Para mim que acompanho política, nenhuma novidade. Conheço esta raça. Eu continuei ouvindo. Segundo ele, os professores reclamavam um tal acordo que demorou a ser assinado mas finalmente o foi e mesmo assim o “indicativo” era manter a greve. Tive que ter paciência para explicar que a não assinatura do tal acordo foi apenas um pretexto. Se não fosse isso seria o papel higiênico do banheiro que não é perfumado ou os bancos do refeitório que não são acolchoados. Estamos num ano eleitoral. A maioria dos sindicatos, inclusive provavelmente o SINDSCOPE dos (des)servidores do Pedro II, são braços do PSTU e do PSOL, nanicos partidários novos mas que cheiram a mofo. O objetivo é antes de tudo desestabilizar o Governo do PT para ganhar votos nas próximas eleições. E como eles precisam ultrapassar a cláusula de barreira, vale tudo. É só reparar a quantidade de categorias que estão em greve. Diante desta hipótese meu amigo ficou surpreendido com a falta de caráter dos (des)servidores em prejudicar os alunos pela política. Mais paciência. Desta vez tive que ser franco. Expliquei que ninguém liga a mínima para os alunos. Tanto que a reposição das aulas da greve passada, e isso ele já havia me informado, foi feita nas coxas. O colégio Pedro II, pelo que ele estava me relatando, em nada se diferenciava de outros órgãos públicos onde o sindicalismo era, antes de tudo, um fim. E eles têm que manter este discurso socialista-comunistóide, que não existe mais em nenhum lugar no mundo, por que precisam sobreviver. Se admitirem que o discurso é errado, morrem de fome. Por isso se mantêm na utopia, não por acreditar e sim para continuar comendo e pagando as contas. Ser sindicalista é a maneira mais fácil de fazer isso. Caso contrário teriam que trabalhar. E isso eles não gostam muito. Mas teve uma coisa que ele me disse e me surpreendeu. Parece que estavam ocorrendo reuniões entre as Associações de Pais e Amigos, alguns pais e o tal sindicato. Primeiro não entendi mas depois raciocinei e ficou claro como água. A militância sindical faz muito barulho mas não tem votos suficientes para eleger ninguém. Por isso tenta convencer os pais que o inimigo é somente Lula (que nós já conhecemos, mas é menos culpado que os Sindicatos que aporrinharam 20 anos para o eleger). No final ele me perguntou qual a saída. Depende. Para o colégio, nenhuma. Para haver solução terá que haver algum tipo de conflito, o que os pais parecem não ter mobilização para fazer. A velha inércia da classe média que eu cansei de decantar. Para meu amigo, especificamente, é, se puder, tirar o menino do Colégio. Aliás é o que acontecerá com todos que tiverem condições financeiras. Com isso, fatalmente, os melhores alunos sairão, tornando um colégio que já foi de excelência numa escola pública como outra qualquer. Com isso, claro, o sindicato perpetua o seu poder, o que é mais fácil num contexto de pais e alunos carentes. Para isso, inclusive, o sistema de cotas que o colégio vêm adotando vem bem a calhar. Em resumo, nada disso é por acaso. O café terminou com um conselho: esqueça este ladrão que é o Estado brasileiro. Ele nos rouba impostos sem oferecer chongas em troca, principalmente educação de qualidade. É revoltante mas resigne-se quanto a isso. Viverá mais feliz. A esposa de meu amigo, meio exaltada, disse que escreveria algo sobre nosso papo no site de pais do colégio. E, como a política anda morna, resolvi abordar isso aqui também.
Comentários
Eu sei de vários casos de professores despedidos de escolas particulares, sendo que nunca vi ou soube de nenhum nas escolas públicas.
Então, somos uns guerreiros sem armas, sem nenhum trunfo na manga.
Um último pitaco. Pelo que eu entendo disso, não há chance de uma solução que atenda aos pais e ao sindicato. Eles tentam transferir a responsabilidade pela greve para o Governo federal e tem muita gente entrando nessa. Conversa fiada. A finalidade de qualquer sindicato é ter um viés reinvindicatório forte. Portanto, para existir, os sindicatos têm sempre que estar sempre reclamando alguma coisa. E isso independe de Governo. Poderia ser um Governo de Jesus Cristo que eles estariam criticando. É a vida deles. Sem isso eles perdem a função, perdem a bocada e culpar o Governo Federal é só um ardil. Ainda mais num ano eleitoral como abordei no meu post. Por isso abandonaram o PT e foram para um lugar onde pudessem estar a vontade para continuar reinvindicando. Repito, isso independe de governo.
Na análise estrutural (onde educação nunca é prioridade) a responsabilidade do Governo federal pode até ser verdade. Mas isso é, antes de tudo, um alibi que eles tentam estabelecer como verdade incondicional. É como a Glória definiu: o corporativismo é poderoso e destruidor, aliado com os sindicatos formam uma dupla praticamente invencível.
E aí é que está o problema.
Um grande abraço
Agora, professor que falta 94 dias ao trabalho não vai ser por manipulação do sindicato, né? Manipulação foi o que o Sindscope fez com os alunos do Pedro II, usando eles como testas de ferro em sua manifestação. E a atitude da escola, ao permitir a distribuição de folhetos do sindicato nas salas de aula, aquilo foi PUTA SEMVERGONHICE, sem essa de dizer que "ninguém sabe como é que os folhetos entraram" dentro da escola...