Panela que dois mexem azeda o angu


Com esta tirada sensacional, Cremilda comenta a proposta do candidato José Serra para melhorar a educação em São Paulo. Leia trechos:

Vai contratar duas professoras para cada classe. Para mim isso não é uma proposta, é uma ameaça. Daí serão duas a não fazer nada. A qualidade do ensino só melhora quando houver investimento de ordem moral, quando o salário das professoras for compatível com o rendimento do aluno.Quando tiver instância onde os pais possam denunciar os abusos e as aulas medíocres. Onde possam fiscalizar a qualidade e quando as faltas forem descontadas. Pode colocar até meia duzia de professoras em cada sala que não vai adiantar nada. Já diz o velho ditado caboclo: "Panela que dois mexem azeda o angu". Escola pública já é um angu de caroço faz tempo e promete piorar. Vai ser um tal de uma responsabilizar a outra na sala de aula. Pagar duas para fazer o serviço de uma. Aliás, ensinar é uma profissão. Em qualquer função, o trabalhador não executou o serviço, ele é demitido. Na escola pública um professor não ensina, vai ter outro para ajudá-lo a não fazer nada! Isso tudo com o contribuinte pagando a conta. Para os professores vai ser ótimo, vai aumentar a oferta de trabalho. Bem, trabalho não propriamente, emprego num cabidão para ninguém botar defeito. Vai ser um tal de uma faltar e a outra não fazer nada até que aquela volte. Se não fiscalizamos uma, não fiscalizaremos duas. Quem pensou que a escola pública de São Paulo está tão ruim que não pode piorar, se enganou. Pode, pode sim. http://cremilda.blig.ig.com.br

A outra tirada sensacional é da Glória, dizendo que a classe docente é a "Vaca Sagrada" no Brasil, com ela não se mexe, a não ser para idolatrá-la. Já que não está mais pegando tão bem falar de aumento de salário para os professores, a idéia agora é ampliar o mercado de trabalho... Com essa proposta eleitoreira, o Serra mereceria o troféu Anta na Educação! Acho que vou mesmo seguir o conselho do nosso amigo Serjão e pegar mais leve, levar na brincadeira. Já criamos aqui um belo zoológico na educação: a Anta, a Hiena, a Vaca... Que mais?

Comentários

Anônimo disse…
Que ótimo esse texto da Cremilda, ela é demais... Se em vez de ouvir tantos catedráticos, as autoridades ouvissem a Cremilda, a nossa educação daria um pulo...
Serjão disse…
quando o salário das professoras for compatível com o rendimento do aluno
-Como se pode mensurar isso a não ser pelos Prova Brasil da vida? O sucesso neste tipo de exame apenas não mostraria um adestramento e não ensinamento?
Quando tiver instância onde os pais possam denunciar os abusos e as aulas medíocres
-na saúde existe e é meio viciado; Não funciona muito bem. seve mais para troca de favores do que qq outra coisa.
A classe docente é a "Vaca Sagrada" no Brasil
-Não é só docente, é funcionário público em geral, Giulia
Um abração
Anônimo disse…
Caro Serjão, essa história de salário compatível é muito mais simples do que parece. Dentro de uma mesma escola, os próprios professores sabem muito bem quais são seus colegas mais capacitados. E também sabem quais são os mais compromissados e os mais éticos. Os piores também são conhecidos, mas não se mexe uma palha para afastá-los: o espírito corporativo é sempre mais forte, a "vaca sagrada" é imbatível. Até porque os filhos do professor não estudam na rede pública, não vão ser vítimas dos colegas de papai e mamãe. O ser humano é muito menos burro do que costuma parecer, muitas vezes se faz de. Em qualquer profissão, o salário base para quem inicia é pequeno e os aumentos são proporcionais ao esforço e à competência. Na educação não: o professor é visto pela sociedade como um "santo" que precisa "ganhar bem", independentemente de sua capacitação. E até hoje nenhum deles nos mostrou seu contracheque para provar o quanto é coitadinho. O ensino público é uma caixa preta aberta somente por aqueles que, por sua conta e risco, matriculam seus filhos lá. Veja a debandada que está acontecendo no Colégio Pedro II... A instância de fiscalização já existe em quase todo o Brasil, é o famoso Conselho de Escola, que na prática é manipulado pelos diretores com o objetivo de manter afastados os pais mais críticos, ao mesmo tempo que se encarrega de expulsar os "alunos-problema". A verdade é que a sociedade brasileira não quer uma boa escola pública, prefere pagar duas: uma para seus próprios filhos e outra para os filhos...dos outros. A separação social está assim muito bem definida e não vejo tendência para mudar.