Faltam sociólogos!


Quem explica o fenômeno da divisão interna da comunidade do colégio federal Pedro II, no Rio de Janeiro? Os alunos amargaram duas longas greves de professores em dois anos, a reposição de aulas foi levada na flauta, a aprendizagem ficou tremendamente defasada, o sindicato, com sede dentro do próprio colégio, continua mostrando arrogância e as contas da Associação de Pais e Amigos não são apresentadas de forma transparente. Durante toda a crise, que continua dando frutos, os únicos prejudicados foram os alunos, pois os professores, que recebem salários muito superiores aos das redes públicas municipal e estadual, tiveram inclusive férias após as greves...

Os pais, em vez de arregaçarem as mangas e tentarem interagir para resolver os problemas, brigam entre si. Talvez, eles precisem de uma visão externa para poderem avaliar melhor a situação e perceber a força da união. No fundo, os problemas são apenas dois:
  • As greves foram políticas, como puderam perceber todos que acompanharam o assunto. A prova é que diversos professores de várias unidades se recusaram a participar e deram o bom exemplo de continuar trabalhando, dentro do possível e apesar dos boicotes sindicais. Os pais precisam garantir que a situação não se repita, evitando a permanência do sindicato dentro do colégio, por intermédio dos advogados pais de alunos que se prontificaram a ajudar. Não é possível que outros pais, cujos filhos também estão sofrendo as conseqüências do abuso dessas greves, se coloquem contra tais medidas ou simplesmente se omitam. A greve pode ser sim um instrumento legal, mas a instalação de um sindicato dentro de uma escola, fazendo panfletagem e esbanjando sua arrogância, é absolutamente inaceitável. Isto serve também para outros membros da comunidade escolar que tenham levado para dentro da escola cartazes e santinhos promovendo candidatos. A propaganda eleitoral é proibida dentro de instituições públicas.
  • As contas da associação de pais precisam ser apresentadas anualmente com transparência, ou melhor, devem estar permanentemente abertas ao conselho fiscal da entidade e a qualquer membro da comunidade que contribua monetariamente. Se não foram até hoje, não adianta começar um novo ano letivo buscando os culpados da omissão. Isso precisa ser feito depois de implementar uma sistemática mais transparente, senão o ano termina sem ter sido construído absolutamente nada. Não pode ser imposta qualquer contribuição monetária aos pais ou responsáveis, ela deve ser espontânea e o uso das verbas precisa estar de acordo com o regimento. Quando a nova casa estiver em ordem, devem-se buscar os documentos encaminhados ao TCU (que tem aprovado as prestações de contas anteriores) e discutir eventuais irregularidades.

Espero estar contribuindo com as idéias de quem já "viu esse filme" muitas vezes e não entende como se pode deixar os próprios filhos sofrerem tantos prejuízos sem tomar quaisquer providências. E muito menos apoiar uma direção escolar que permite a atuação sindical e partidária dentro do colégio. Mas, principalmente, acho que faltam sociólogos para explicar esse tipo de fenômeno. Não aqueles que olham do lado de fora e fazem estudos teóricos ou partidários. Esses tem de montão. Precisa é daqueles que se dêem ao trabalho de ir a campo, pesquisando e entrevistando in loco pais, alunos e profissionais da educação. Hoje em dia, com a Internet, não seria difícil. Basta dar uma olhada nos comentários do blog Pais Conversando, para ter uma pálida idéia do que é uma comunidade dividida. União, senhores pais! A permanência de seus filhos na escola é uma época breve e vale o esforço. Não deixem passar em branco.

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