Férias, nós?...


Ao contrário dos professores e demais profissionais da educação, nós, que não ganhamos $ (mas temos inúmeras satisfações por este trabalho) não temos férias: estamos sempre de plantão (mesmo em Fernando de Noronha, hehe) para auxiliar os pais e alunos que nos procuram. Hoje, um belo domingo de sol aqui em Sampa, foi a vez de um grupo de alunos do ProJovem, programa federal supletivo para alunos de 18 a 24 anos que queiram completar o Ensino Fundamental, com orientação profissionalizante. Tivemos dificuldades para obter informações mais concretas, pois o programa não consta do site do MEC. Trata-se de uma iniciativa da própria Secretaria Geral da Presidência da República, à qual endereçamos a mensagem aqui transcrita, na esperança de que os alunos sejam finalmente atendidos, pois também não estão de férias: o curso deveria ter iniciado em fevereiro, mas começou em maio de 06 e deverá terminar também em maio deste ano. Boa sorte para os alunos, vítimas do descaso e da indiferença governamental.

E d u c a F ó r u m
Pais, alunos, educadores e cidadãos que lutam pela escola pública e pela cidadania

São Paulo, 14 de janeiro de 2007

Secretaria Geral da
Presidência da República

At. Sra. Maria José Vieira Feres
Coordenadora do programa
ProJovem

Cópia para o
Sr. Fernando Haddad
Ministro da Educação

Ref.: Sérios problemas na implantação do programa ProJovem em São Paulo

Prezadas Autoridades,

Recebemos contato de um grupo de jovens que participam do programa ProJovem em São Paulo, na EMEF Prefeito Adhemar de Barros, Campo Limpo, denunciando uma série de irregularidades que detalhamos a seguir.

O curso, que iniciou somente no mês de maio de 2006, está com falta de professores para as matérias

Matemática – a professora deu aula somente durante dois meses e não compareceu mais.
Educação para o Trabalho – os alunos não tiveram até hoje aula dessa matéria, essencial para a realização do projeto.
Informática - a sala está até hoje desmontada, ou seja, os computadores chegaram mas continuam encaixotados e o professor ainda não foi apresentado aos alunos.

Além da falta de professores para essas disciplinas, a AULA VAGA nesse curso é uma verdadeira calamidade: a professora de português costuma faltar a mais da metade das aulas; a professora de inglês falta um pouco menos que a metade; as duas professoras de ciências parecem ser mais responsáveis, mas uma contagem rápida revela que esses alunos têm uma média de AULAS VAGAS de 40% a 50%. Eles deveriam ter aula das 19:10 às 23:00, mas costumam ser dispensados diariamente às 21:20, o que confirma a denúncia.

Praticamente metade dos inscritos já desistiram do curso e os que ainda persistem não conseguem informações sobre as pendências. Os alunos costumam ligar constantemente para o número 0800 que lhes foi informado, mas nunca receberam retorno. A situação é tão caótica, que alguns alunos já abandonaram as aulas há meses mas continuam recebendo o auxílio financeiro, enquanto outros que apresentam assiduidade não o recebem... O projeto prevê a manutenção do auxílio para os alunos que tiverem o mínimo de 75% de presença às aulas, mas obviamente a freqüência não está sendo computada, até porque as AULAS VAGAS superam essa percentagem.

Prezadas Autoridades, foi com profunda decepção que recebemos esta denúncia, pois entendemos que esses alunos estão sendo ludibriados. Aliás, o ProJovem nem aparece no site do MEC, apenas em site próprio, como projeto especial da Secretaria Geral da Presidência da República. Entendemos que ele deveria receber maior atenção e pedimos providências imediatas, para que os alunos que ainda continuam freqüentando não desistam da chance de completar o curso. Esses jovens merecem, pois são inteligentes e, apesar de dificuldades na escrita, souberam relatar com muita clareza a forma como o projeto está sendo administrado.

Esperamos que as reivindicações dos alunos sejam atendidas no menor prazo possível, já que não terão férias, a fim de poderem completar o Ensino Fundamental em maio. Solicitamos também fazer uma intervenção séria no projeto, pois a sociedade precisa ter certeza de como são aplicadas as verbas destinadas ao ensino, a área governamental mais importante para que o País possa retomar seu rumo em direção ao desenvolvimento.

Comentários

Anônimo disse…
Pois é, e o prefeito de S. Paulo, Gilberto Kassab, cancelou R$ 54 milhões do Pró-Jovem e destiou este recurso para pagar "bônus" para professores...
"- Decreto Municipal 48.051 (26/12/2006): Abre crédito de R$ 177 milhões para pagar profissionais das escolas. Anula despesas de R$ 15 milhões (Programa de Garantia de Renda Familiar Mínima), de R$ 30 milhões (Apoio Didático-Pedagógico Educacional), de 54 milhões (do programa Pró-Jovem), de R$ 535 mil (Construção EMEI no Recanto dos Humildes), e de outros milhões de reais que deveriam ter sido gastos em construções, reformas, ampliações e manutenções de escolas para as crianças.

http://www.geocities.com/gremio_sudeste/dec_mun_48051.htm
Giulia disse…
Ah, Mauro, entendi direito?! Quer dizer então que esses recursos FEDERAIS destinados a um programa FEDERAL podem ser remanejados pela Prefeitura??? Então estamos cobrando de quem fez a sua parte??? Então devo repassar este caso sórdido para a Prefeitura, ou é melhor de uma vez chamar a imprensa para tirar tudo isso a limpo??? Obrigada por pesquisar, você é "o cara"!