A exclusão da comunidade



Mais uma vez, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo deixa claro, por omissão, que não quer a comunidade dentro da escola. Trocando em miúdos, também este ano o site da SEE deixa de esclarecer a todas as escolas da rede a necessidade de se constituir um Conselho de Escola democrático. Estamos em março e a única informação trazida pelo site é uma notícia de 28/02 que diz "Escolas estaduais do interior reúnem educadores e comunidade para decidir como será 2007". Na verdade, a única escola mencionada é a Oswaldo Aranha, em Guaratinguetá, e a a notícia não trata da convocação da comunidade, mas de perfumarias como "dinâmicas de motivação, teatro e dramatização, ginástica laboral, relaxamento e massagem". Nada contra a iniciativa pontual dessa escola - sempre melhor do que nada - mas é de situações bem intencionadas como essa que a SEE se vale para camuflar sua rejeição à participação dos pais na gestão da escola. Para "mostrar serviço", o site continua trazendo perfumarias mais antigas, como os projetos "Comunidade presente" e "Escola da família", que nunca contribuíram para democratizar a rede, marcada por forte autoritarismo que culmina na expulsão de alunos via Conselho de Escola.

Quanto à Secretaria Municipal da Educação, aparentemente o site está fora do ar, por isso não conseguimos informações e agradecemos se alguém puder nos comunicar, mas seria um verdadeiro "milagre" se a SME tivesse resolvido divulgar abertamente as diretrizes para que todas as escolas da rede promovessem a eleição democrática do Conselho de Escola...

Aos interessados, recomendamos a leitura de nosso artigo "Gestão participativa na escola - A exclusão da comunidade" http://educaforumtxt.blogspot.com/2007/01/gesto-participativa-na-escola.html.

Comentários

Anônimo disse…
Giulia,

A gente ainda tem de fazer uma análise crítica sobre este livro.
Ricardo Rayol disse…
Se na escola paga já é uma naba você conseguir engajar os pais nas atividades escolares que dirá na pública. A inclusão da familia no ambiente escolar é um exercicio de cidadania. mesmo para os movimentso de esquerda. Vao pra pqp.
Glênio Gangorra disse…
Isso demonstra nossa tese que o governo liberticida reacionário do PSDB só fez besteiras....
Santa disse…
Querida,

Desculpa se não cheguei antes. É que estou com hóspedes do RS em casa. Casa cheia... Mal consegui postar nesses dias. Volto a noite pra ler com calma. Bjs
Giulia disse…
Amigo Glênio, vejo que você baixou um pouco a crista, agora já dá pra conversar... Eu não coloco o problema do governo no sentido de "fazer besteira", mas no sentido de não fazer o que precisa! Na verdade falta vontade política, de norte a sul deste País, da esquerda para a direita e vice-versa, no sentido de se implantar uma política educacional eficaz. Exceções existem, sim, mas não se tornam regra, são as "andorinhas" que não fazem verão. O pior e o mais perverso do sistema é justamente isto: as exceções têm sempre data de validade, pois governo-vai-governo-vem cada um faz o que quer e tudo fica como está, ou então volta à estaca zero.
O mais triste são os casos isolados de escolas que conseguem bons resultados mesmo dentro de um péssimo governo. Em vez de servirem de exemplo para esse mesmo governo no sentido de aproveitar a experiência e aplicá-la à rede como um todo, elas são sumariamente "varridas" do mapa numa próxima troca de diretor da escola, que é a coisa mais comum do mundo na rede pública. É a "dança das cadeiras", a rotatividade dos profissionais, que, junto com a AULA VAGA, é o maior flagelo da escola pública. Eu vejo esse problema dentro de uma ótica que não é a mesma dos demais membros do EducaFórum. Tenho esse ponto de vista há mais de 15 anos e ainda não mudei de idéia, mas quem sabe?... O bom da democracia é isso: cada um coloca suas idéias e aos poucos se forma a "opinião pública". No Brasil ainda não se chegou a um consenso sobre como melhorar a educação. Eu sou radical nesse aspecto: acho que só vai haver melhoras quando a classe média aceitar que seus filhos sentem nos mesmos bancos escolares dos filhos de suas faxineiras. E, principalmente, quando os professores e diretores da rede pública matricularem seus próprios filhos também na rede pública. Isso para mim significa igualdade de condições para todos. Sem isso, eu entendo que o Brasil não vai pra frente. Sou contra a "distribuição de renda", que não seria necessária se houvesse igualdade de condições. Esmola humilha e vicia. Se a educação estivesse melhor de dez anos para cá, já estaríamos colhendo bons frutos.
Imperdível o depoimento dos alunos do Colégio Santa Cruz no filme "Pro dia nascer feliz": eles se sentem inseridos numa "bolha" que os protege e afirmam que ninguém escolhe em qual classe social vai nascer. Nisso eles estão cobertos de razão. Mas, o que esses jovens nunca cogitariam seria sentar nos mesmos bancos escolares junto com os filhos dos faxineiros do prédio onde moram... Mamãe e papai nunca deixariam, não é mesmo?... mesmo que fosse o melhor colégio do mundo. Haja visto que o famoso colégio Visconde de Porto Seguro, em Sampa, que oferece às crianças e jovens da favela próxima um ensino de "primeiro mundo", com os mesmos professores que dão aula aos seus próprios alunos, não permite a mistura e construiu uma escola separada para eles. Isso é ou não é apartheid? Muito triste, pois o colégio é alemão e na Alemanha não se incomodam nem um pouco de misturarem negros ou latinos nas classes.
Bom, pra variar já "falei" mais que a boca... Câmbio.
Ricardo Rayol disse…
Giulia, um beijo pelo dia da mulher a você, uma lutadora, que merece todo o sucesso e felicidade que puder obter.

Se quiser lançar uma campnha permanente contra a aula vaga a gente conversa ok?

bjs
Giulia disse…
Beleza, Ricardo! Me aguarde, pois hoje ainda vou soltar uma "bomba"...