O EducaFórum no Aprendiz


Na semana passada recebi um telefonema da jornalista Cassia Gisele Ribeiro, do Aprendiz, que fez algumas perguntas para uma matéria sobre "Avaliação". Segue o texto, publicado ontem no site www.aprendiz.com.br
Chama a atenção o posicionamento sempre muito "light" do INEP, colocando panos quentes na situação gravíssima em que a educação do país se encontra. Aliás, mais uma vez quero registrar aqui nossa enésima cobrança ao INEP, para que faça uma pesquisa sobre a AULA VAGA em nível nacional, a fim de levantar esse que é certamente o maior problema da educação pública no Brasil. COMO FALAR EM QUALIDADE , SE O ALUNO NEM AO MENOS TEM AULA???

AVALIAÇÃO SÓ FAZ SENTIDO SE FOR ACOMPANHADA DE SOLUÇÕES
Cassia Gisele Ribeiro

"A avaliação é essencial e fará toda a diferença para as escolas públicas, desde que seja acompanhada de medidas efetivas para corrigir as atuais falhas da educação". A afirmação foi feita por Giulia Pierro, mãe de três ex-alunos de escolas públicas e criadora do Educafórum, um fórum mantido por pais de alunos da rede pública de ensino.
A crítica surge a partir dos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) - avaliação federal mais importante para a educação -, apresentada no início do mês pelo Ministério da Educação. A pesquisa identificou que apenas 0,2% das escolas públicas brasileiras atingiu um índice considerado médio entre países desenvolvidos.
A média obtida na avaliação ficou bem abaixo da mínima estabelecida pelo governo, que era de seis pontos. Embora o resultado tenha deixado a desejar, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão que executa a pesquisa, afirma que o resultado já era esperado, considerando-se que a meta estabelecida está muito acima do resultado das avaliações aplicadas anteriormente.
"É importante não se prender a esse resultado, pois estabelecemos uma boa meta e o próximo passo será todas as escolas atingirem esse nível nos próximos 14 anos", afirma Fabiana de Felício, coordenadora geral de articulação institucional do Inep.
Os sistemas de avaliação começaram a surgir no país de forma tímida. Os exames anteriores ao Ideb - o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e a Prova Brasil - têm como foco avaliar o conteúdo escolar, funcionando como uma espécie de "provão".
"No entanto, apenas esses dados não são suficientes para avaliarmos a qualidade do ensino e as deficiências de uma instituição", diz Felício.
O Ideb, por exemplo, combina informações de desempenho do Saeb e da Prova Brasil com dados sobre o fluxo escolar. Ou seja, analisa não só o conteúdo, mas a freqüência e a permanência do aluno na escola. "Um sistema educacional que reprova sistematicamente seus estudantes, fazendo com que grande parte deles abandone a escola antes de completar a educação básica não é eficiente", diz. "Por outro lado, um sistema em que todos os alunos concluem o ensino médio no período correto não é interessante se eles aprendem muito pouco na escola", completa Felício.
Segundo ela, um sistema de ensino ideal é aquele em que todas as crianças e adolescentes tenham acesso à escola, não percam tempo com repetências, não abandonem a escola precocemente e, ao final de tudo, consigam aprender efetivamente.
Para Pierro, a realização da avaliação é positiva porque permite que cada escola tenha noção de suas falhas e, principalmente, porque tira dos alunos o fardo de ser o único responsável por seu fracasso escolar. "Estava mesmo na hora de avaliar a escola e não só aluno", critica.
Ela afirma que é importante que a avaliação consiga chegar a um consenso que permita a criação de uma política educacional clara e de longo prazo. "Ao mesmo tempo, a avaliação precisa mostrar para cada escola suas falhas estruturais, coisa que até pouco tempo parecia impossível de se conseguir", diz.
No entanto, Pierro acredita que ainda faltam algumas questões para serem resolvidas. "É necessário incorporar às avaliações uma análise do corpo docente de cada escola, começando com a questão da aula vaga, assunto tabu que consome de 25 a 30% do ano letivo na maioria das escolas públicas do país", diz, lembrando as horas em que os alunos ficam sem aula por falta de professor.
"Além disso, as causas dos baixos índices de aproveitamento precisam ser estudadas mais profundamente em cada escola e para isso seria preciso contar com supervisores escolares das delegacias de ensino realmente capacitados e empenhados nessa tarefa", diz Pierro. "Acredito que além da avaliação das escolas, seja necessária também uma avaliação dos supervisores e da diretoria de ensino".

Comentários

Anônimo disse…
Giulia,

Você reparou que a "ilustração" é exatemtne o contrário do que diz a matéria?

São três "técnicos" (!?) avaliando o aluno, quando deveria ser exatamente o oposto: alunos, mães, pais e comunidade avaliando a escolas, os professors e a direção escolar.

É isso.

S. Paulo, 08/07/2007
Mauro A. Silva
Movimento comunidade de Olho na Escola Pública
Giulia disse…
Oi, Mauro, a matéria era pra ser sobre o o Ideb, foi isso que a Cassia me disse quando me ligou. Ela queria a indicação de "alguém" que pudesse se manifestar a respeito. Daí eu rasguei o verbo e a entrevistada acabei sendo eu mesma, rsrs. Só a gente mesmo pra falar de AULA VAGA, né? Cê sabia que a SEE não permite o uso dessa expressão na rede?... Mas achei legal o Aprendiz ter se dignado a aceitar a opinião de uma mãe de alunos, aliás, aproveitei para criticar a postura light do site, que tende a mostrar apenas situações positivas. Ela respondeu que essa é a linha editorial do Gilberto Dimenstein (isso a gente já sabia, hehe).
Esse nosso desejo de os pais e comunidade participarem da avaliação da escola ainda vai ficar na vontade por um bom tempo, meu amigo! Afinal, os "técnicos" que avaliam a rede pública de ensino tem seus filhos ... na rede particular...
ANGinUSA disse…
Oi Giulia
Tem uma tarefa pra vc la no meu blog. Apareca!
Bjs
Adriana
Anônimo disse…
Brilhante o comentário desse Mauro hein! Ele aprendeu isso em qual escola será? Na de Platão? Na escola Pitagórica? Na de Aristóteles? Acho que foi na de Hipócrates né? Pergunta a opinião dele sobre os alunos que esse blog apóia. Alunos que começaram ateando fogo no patrimônio das escolas, patrimônio estes que são de toda a comunidade não só desses alunos idiotas. Mas o pior de tudo é que não contentes em queimarem as escolas começaram a queimar os veículos de funcionários, diretores e professores. E o m ais grave foi o que o programa Fantástico da rede Globo, no dia 08/07/2007 mostrou!!! Agora já tem aluno ateando fogo em professores! Mas o pessoal aí não acha isso sério né? A Glória comentou uma vez aí que pessoas que "brincaram de atear fogo em animais (ser humano é animal) se tornam pessoa de bem"! A que ponto essa nossa sociedade chegou hein! Inversão total de valores! Alunos que devem avalir, queimar pessoas não é mais preocupante, queimar escolas então... se tornou exercício de cidadania, afinal, todos têm direito à educação né! Parabéns educaforum!!!! Vocês estão conseguindo!
Ricardo Rayol disse…
e eu que acehi que tu tinha um esquemão com o Roberto Justus.
Giulia disse…
kkkkkkkkkkk! Brigadão, Ricardo! Não tava lembrando daquele "outro" Aprendiz, aquele que todo mundo assiste, menos eu, rsrs.
Então deixa eu explicar pra minha meia dúzia de leitores: o Aprendiz que publicou essa matéria é um site sobre educação criado pelo Gilberto Dimenstein, NADA A VER com o Aprendiz do Roberto Justus.
Até que eu podia aproveitar bem um esqueminha desses, né não? rsrs
Anônimo disse…
"Educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos".
(Pitágoras (filósofo grego)

"Punam-se as crianças, para que não seja necessário educar os professores".
(lema do mau corporativismo)
Giulia disse…
Sábio Mauro! Por que será que a gente não aprende essas lições tão simples e antigas? O engraçado é que a corporação fala tanto em "tradição", na conservação de "valores", mas essas máximas imbatíveis da ética universal não entram na cachola dos maus profissionais da educação...
By the way, duvide-o-dó que nos cursos de formação de professores se estude Pitágoras.
Quem será esse?...
Anônimo disse…
Sábio Mauro? Então você é uma ignorante. Pergunta pra esse Mauro se ele já leu como era o esquema da escola pitagórica? Vejo que ele que é completamente leigo em educação e acha que era Pitágoras quem dava aula (Rs!Rs!, que absurdo!)? Pior de tudo é que ele acha que sabe alguma coisa! Fala pra ele que para conseguir vaga na escola pitagórica passava-se por anos de testes, com aulas onde não nem se via o rosto do professor! O Mauro pelo jeito já seria descartado na primeira aula de história! Rs! Bom, pelo menos assim ficaria mais difícil para os alunos agredirem os professores! Será que é esse o sistema de educação que o Mauro e vocês defendem? Afinal, ele citou uma frase que, segundo ele é de Pitágoras. Sei lá onde ele leu isso! Mas foi muito infeliz em sua colocação? Você estudou Pitágoras em seu "curso de formação"? Ou você nem tem um curso de formação? Ou pior que isso: tem formação em outra área, porque daí fica tudo claro pra mim! Já sei! Você se lembrou que o quadrado da hipotenusa é igual a soma dos quadrados dos catetos e acha que sabe tudo de Pitágoras! Rs! Olha, eu defendo a democratização do ensino! Não a pitagorização que vocês acharam linda e sábia!
Anônimo disse…
Bom dia Giulia como estão as coisas? vejo que a luta continua.
As vezes entro no site e vejo que sempre tem alguem incomodado com o que é escrito aqui, é Giulia as vezes querer melhorar as coisas nao é facil, mas acredite, vale a pena e vcs vao conseguir.
Eu admiro muito vocês pela luta.
Parabéns
Giulia disse…
Rodrigo, a luta é antiga e é trabalho de formiga, a velha história da água mole em pedra dura. A gente não pretende nada a não ser orientar quem pede ajuda e colocar os assuntos em pauta, para que as pessoas se acostumem a discutir educação, em vez de largar seus filhos na escola e seja o que Deus quiser...
Isto é o mais difícil aqui no blog! Em geral, o que mais aparece são esses "anônimos" que só querem bagunçar o coreto e espantar os leitores. De qualquer forma, se a gente consegue incomodar, num sistema educacional tão perverso, isso é bom sinal! rsrs
É por isso que a gente só deleta os comentários "ilegíveis".
Tá tudo bem com vocês? Qualquer problema, mande e-mail!