Acolher as crianças

Da série Crianças do Brasil




















A professora Glória Reis, de Leopoldina, MG, publicou essas fotos do Cenacaf, um dos milhares de espaços comunitários do Brasil onde crianças de periferia são acolhidas com amor por voluntários. São esses espaços que compensam a má vontade e a incompetência com que essas mesmas crianças são recebidas nas nossas escolas públicas. Aqui não há "professores enloquecidos" nem funcionários readaptados... Nesses espaços as crianças aprendem de tudo, inclusive os livros arrecadados por doação são muito bem utilizados por pessoas que não têm formação adequada. Como você vê, aqui as crianças são aceitas sem uniforme, com chinelo de dedos ou até sem chinelos. Aqui não há arrogância, nem hipocrisia. Leiam o comentário do leitor Ronaldo Pinheiro a respeito:

Fico muito emocionado de ver a continuidade de um trabalho começado a tanto tempo. Por outro lado triste, pois, se com tão poucos recursos podemos conseguir tanto, como uma nação tão rica como a nossa consegue tão pouco? Será que seremos uma grande nação por produzir etanol para o mundo inteiro ou por proporcionarmos cultura para todas as nossas crianças? Parabéns, Glória.
Ronaldo Pinheiro - Leopoldina
Sabemos também, e a mídia de vez em quando informa a respeito, que existem dezenas de ONGs mantidas com dinheiro público e que desviam essas verbas a bel prazer. Trata-se da extensão do mau-caratismo e do "jeitinho" brasileiro que tanto nos envergonha aqui e no exterior. Como já cansei de repetir, como seria bom se administradores, economistas e juristas aposentados se dedicassem ao estudo e à denúncia da manipulação das verbas públicas neste país, em vez de lotarem "bingos", cinemas e outros espaços dedicados à recriação do idoso!Isto não me cabe na cachola: como é que um idoso que ainda possui inteligência e lucidez se conforma em deixar de herança para sua família e seu país esse "faroeste" em que vivemos?...

Comentários

Ricardo Rayol disse…
só posso tirar o chapéu... e uma nação tão rica como a nossa só poderia fazer o que faz.. desviar dinheiro.
Anônimo disse…
Giulia

Por falar em ONGs que desviam grana, comente sobre a pajero de um "correria" paga pelo Pe Lancelotti. Com que grana e por qual motivo ???
É uma estória pra lá de mal explicada ...

Desmistificador
Anônimo disse…
Giulia, fiquei muito feliz de ver nossas crianças no seu blog, pena que eles não podem ver, no espaço não temos computador e no bairro, nem pensar.
Esclareço que nosso projeto não recebe nenhum recurso de fonte oficial ou privada. Sempre usamos um prédio de alguma entidade (neste caso é da Sociedade São Vicente de Paulo que, além de ceder o prédio, arca com despesa de água e energia)e colocamos material para as atividades através de doação de voluntários e dos meus próprios recursos. Não trabalho com doação em dinheiro de espécie alguma. Quando alguém quer colaborar com o projeto, exponho uma lista das nossas necessidades, como material escolar, material de higiene e limpeza, livros, brinquedos, alimentos, roupa e calçados,etc, e digo que tragam o material, nunca em dinheiro. Como disse o Ronaldo, na verdade, com tão pouco recurso se faz um projeto. O material mais importante é o amor. Sem ele, milhões não fazem nada e com ele, com pouco fazemos muito. O que lamento mais é que muitas dessas crianças não ficam na escola pela situação de indigência que não posso suprir. Aí realmente pesa quando são muitos: material exigido, uniforme, calçado... Conseguimos através do Ministério Público que as escolas parassem de exigir, mas sempre fica uma discriminação em face dessas crianças que, a medida que avançam nas séries, vai provocando uma exclusão. Só os sobreviventes terminam ao menos a oitava série.