O aluno é o "diabo"?


Leia trechos da carta que recebemos de uma mãe de Manaus. O que você lhe sugeriria fazer?

Tenho um filho de 13 anos que estuda há quatro anos em uma escola particular de linha evangélica . Não somos evangélicos e, até então, a opção religiosa não era fator impeditivo para freqüentar a escola.

Este ano algo mudou e meu filho vem sofrendo grande pressão por parte da Diretora e Coordenadores, sob a alegação de que tornou-se muito indisciplinado, contestador e um "lider negativo" para a turma. Silenciosamente, os professores iniciaram um " massacre mental" contra o aluno, que só agora consegui perceber claramente. Não respondem mais às suas perguntas durante a aula, mandam-no "calar a boca" diante da turma, reclamam diariamente de todas as suas atitudes. Em julho ele recebeu uma suspensão em dia de prova, ficando assim em recuperação. Meu filho sempre reclamava de como era tratado na escola, mas, em razão das inúmera advertências que ele recebia, eu sempre dava razão à escola. E as notas, bem como a auto-estima, caindo vertiginosamente.

Comecei a prestar a atenção para a situação no mês passado, quando fui chamada para uma reunião e lá estavam também os pais de mais 4 alunos. Dessa reunião saí arrasada. Todos os professores direcionaram para meu filho a origem de todos os problemas da turma, apesar de iniciarem a reunião dizendo que reuniram os pais para falar sobre o grupo de alunos que era muito unido e estava atrapalhando a aula; entretanto, ele e somente ele foi apresentado para os demais pais como um "diabo". Ao final da reunião, eu estava tão constrangida que naquele dia não consegui trabalhar direito, pensando em como meu filho poderia ser tão tranquilo e educado em casa, e ser apresentado na escola como um mau elemento. Sei que um adolescente de 13 anos não é um anjo, mas aquilo já era demais. Levei-o a um psicólogo para acompanhamento. Vários outros pequenos fatores isolados foram apresentados pelos coordenadores, mas hoje acho que a escola ultrapassou todos os limites.

Esta semana enviaram um comunicado sobre o acampamento anual dos alunos na escola, no final de semana. Assinei o formulário de autorização e enviei a quantia para pagamento. Meu filho estava muito feliz com a idéia do acampamento. Entretanto, hoje ele foi proibido de participar, teve a quantia devolvida e amanhã estará proibido de ir à escola. O motivo, segundo meu filho, é que durante a aula devocional (15 min diários) ele não quis rezar, então foi levado à coordenação. A coordenadora perguntou-lhe porque ele não quis rezar e ele respondeu que hoje não queria. Ela então perguntou porque ele queria ir ao acampamento e ele respondeu que queria divertir-se como no ano passado. A coordenadora disse-lhe então que ele não iria para o acampamento, porque lá não seria lugar de divertimento e sim de aprimoramento espiritual. E, se ele não queria rezar, não seria benvindo.
Da caixa de comentários, o depoimento da professora Helena Vasconcelos, nossa "Santa de devoção". Obrigada, Santa, pela sua colaboração! Infelizmente, Santa, o que domina a escola é o autoritarismo, especialmente na rede pública.
Impossível que métodos tão antigos ainda sejam adotados. Lembro que participei de uma experiência educacional (faz um bom tempo!) em que uma escola separarou todos os alunos considerados "problema" de disciplina na escola. Formado o grupo "especial" tive contato com eles (e outro professor, só que da área de exatas), durante 3 meses trabalhamos alguns conteúdos, matemática, história das artes, liderança, entre outros aspectos. Resultado: 100% desses alunos "problemas" tiveram desempenho assustador!!. Aprovados na grade curricular, aprovados em programas de estágio, e as últimas notícias, dos que se submeteram, aprovados no vestibular e outros aprovados no ingresso em concurso de trabalho. O que derruba qualquer tese em que pese medida autoritária de correção disciplinar.

Comentários

Ricardo Rayol disse…
Pqp... nem nos tempos da ditadura se viu algo assim.
Santa disse…
Minha querida,

Impossível que métodos tão antigos ainda sejam adotados. Lembro que participei de uma experiência educacional (faz um bom tempo!) em que uma escola separarou todos os alunos considerados "problema" de disciplina na escola. Formado o grupo "especial" tive contato com eles (e outro professor, só que da área de exatas), durante 3 meses trabalhamos alguns conteúdos, matemática, história das artes, liderança, entre outros aspectos. Resultado: 100% desses alunos "problemas" tiveram desempenho assustador!!. Aprovados na grade curricular, aprovados em programas de estágio, e as últimas notícias, dos que se submeteram, aprovados no vestibular e outros aprovados no ingresso em concurso de trabalho. O que derruba qualquer tese em que pese medida autoritária de correção disciplinar.

Bjs