O Brasil na contramão do progresso

Como vimos no post Barraco na TV, de 26/10, o deputado engomadinho Orlando Morando atendeu o apelo dos professores e emplacou seu projeto de lei que proíbe o uso do celular em sala de aula. É óbvio que, da classe docente brasileira, não podia se esperar nada mais útil ou criativo do que isso...

Enquanto isso, em Helsinque, Finlândia, onde a educação é prioridade, foi concedido o prêmio mundial da mais inovadora iniciativa de um professor. O projeto ganhador envolve... adivinhou?

O celular!

Leia aqui a matéria http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20071102/not_imp74434,0.php, sobre um professor de matemática e ciências da África do Sul, que descobriu uma forma de utilizar o celular para complementar as aulas de seus alunos e motivá-los para o estudo, inclusive estimulando a pesquisa em grupos. Há também bate-papos entre os alunos sobre matemática e ciências, pelo celular. Os aparelhos precisam apenas ter conexão com a internet. Nesse país, só 20% da população tem energia elétrica e menos ainda tem computador. No entanto, mais de 80% tem celulares, principalmente os jovens. Batizado de MLearning, o projeto prevê até a realização de provas via celular, enquanto um dos motivos alegados para a proibição do celular no Brasil foi o problema da "cola eletrônica" e o uso da calculadora em sala de aula. Neste país, políticos fisiológicos e professores jurássicos ainda fazem a apologia da escola "dos bons tempos", onde o aluno não podia piar e nem podia sair da classe para ir ao banheiro. (Aliás, leia no blog da professora Glória http://gloria.reis.blog.uol.com.br/ a condenação de uma escola pública mineira, obrigada a indenizar um aluno cuja professora lhe proibiu de ir ao banheiro).

Na verdade, o celular foi proibido no Brasil para impedir a divulgação de cenas de "faroeste" como a que você pode ver no vídeo exibido aqui http://educaforum.blogspot.com/2007/09/blog-post.html

Quanto à questão da "cola", só mesmo nesta bananolândia para continuar acreditando no conhecimento como algo pessoal e intransferível. Acorda, professor! Ou você vai acabar tendo que ser substituído pelo celular muito antes do que você imagina...

Este post foi uma preciosa dica do PaisOnLine

Comentários

Regina Milone disse…
"Neste país, políticos fisiológicos e professores jurássicos ainda fazem a apologia da escola "dos bons tempos", onde o aluno não podia piar e nem podia sair da classe para ir ao banheiro."
Concordo totalmente com o que diz acima, Giulia. É mesmo um retrato - bem triste por sinal - de boa parte da nossa realidade... Vejo essa "nostalgia" em boa parte dos professores com os quais convivo, infelizmente... E me sinto à vontade pra falar isso, já que também sou professora, além de orientadora e psicóloga.
É mesmo um meio muito conservador, onde a maioria se porta como funcionário público apenas, burocratas que não refletem sobre o tamanho da responsabilidade de se ser um verdadeiro educador. É lamentável...
Giulia disse…
Obrigada por seu depoimento, Regina!
Deputado Orlando Morando, Sr. Luiz Gonzaga (diretor da UDEMO), leiam o depoimento acima e vejam a diferença entre professor e educador, que não conseguiram entender durante o "debate" em que não deixaram a Cremilda falar...
Anônimo disse…
Regina
Quando professores como você começarem a falar a coisa vai mudar! Sabemos que não adianta quase nada nossos apelos de fora para dentro da escola (mas mesmo assim não vamos desistir!), sempre vão tentar nos desqualificar por mais que tenhamos razão no que expomos: a revolução tem que vir de lá, dos próprios bons professores, eles têm que se convencer que não adianta só fazer a sua parte mas que devem exigir que os outros façam também!(sabemos que é dura essa luta!)
É preciso denunciar os maus professores, e acabar com esse corporativismo que mata qualquer esperança de mudança!
É preciso abrir o diálogo com a sociedade sem discrimina-la ou rejeitar suas observações por puro preconceito.
Obrigada por vir aqui dialogar conosco!
PS: Nossa! Aquele diretor da uDEMO não se parecia em nada com a figura que se espera de um líder da área da Educação! Pobres alunos que têm que se submeter a pessoas dessa laia! Pobre país que tem representantes de tão sérios setores com esse nível de comportamento!