O coitadismo do professor

Sem querer polemizar mais do que o costume, limito-me a sugerir a leitura do artigo de Gustavo Ioschpe Professor não é coitado http://veja.abril.com.br/gustavo_ioschpe/index_071207.shtml.
Selecionei este trecho:

A idéia de um professor acuado pela violência não se confirma quando contrastada com a frieza dos dados. Questionário respondido pelos professores quando da aplicação do Saeb, o teste do ensino básico, revela que apenas 3% deles haviam visto, em toda a sua carreira, alunos com armas de fogo, que só 5,4% dos professores já foram ameaçados e 0,7% sofreu agressão de aluno. São incidentes lamentáveis e que devem ser punidos com todo o rigor da lei. Essa quantidade de problemas, porém, está longe de indicar uma epidemia de violência tomando conta das nossas escolas.

O "rigor da lei", entretanto, não atinge o professor que agride o aluno, fato tão corriqueiro nas escolas que mereceria uma profunda pesquisa. Veja por exemplo o caso da professora de matemática perseguindo o aluno da EMEF Imperatriz Dona Amélia. A coordenadora da comissão de apuração que cuida do assunto disse que a mãe tem direito de assistir as aulas para proteger seu filho, mas, se a diretora não permitir sua presença na escola, nada a fazer...

Sugerimos ao Gustavo Ioschpe, que parece bem intencionado e está trazendo à tona dados estatísticos interessantes, utilizar seu prestígio para sugerir a realização de uma pesquisa sobre agressão de alunos por professores. Até hoje, o assunto é tabu.
Em tempo: saiu novo artigo de Gustavo Ioschpe na net, O professor desvalorizado. Leia aqui

Comentários

Ricardo Rayol disse…
está aí uma coisa que devia ser analisada em todos os setores.
Anônimo disse…
Um absurdo!
Uma secretária sem AUTONOMIA.
Giulia disse…
Marcos, o problema da Secretaria é a corporação! O que você mais ouve em coordenadorias de ensino e na direção das escolas são profissionais falando: "minha escola". A escola não é do aluno, é da corporação, entende? E a corporação não vai enfrentar diretor de escola nem supervisor de ensino, que aliás FAZEM PARTE da corporação. É um círculo vicioso muito difícil de desfazer!
Veja por exemplo: a SME tirou do ar um Disk-Denúncias que de pouco servia, mas, no mínimo, existia. Nos quatro documentos que enviamos ao Sr. Secretário Alexandre Schneider, pedimos para reativar o Disk Denúncias. Respondeu?... Você acha que um Secretário da Educação vai se dar ao trabalho de responder para reles pais de alunos???
O que falta, não apenas em São Paulo, mas no Brasil inteiro, é a noção de que funcionário público é SERVIDOR da população, não dono do espaço onde atua. A escola pública não é nem mesmo uma terra de ninguém: ela é posse dos diretores de escola e de certos professores mancomunados com eles.
Anônimo disse…
Giulia, eu acho que não é bem assim, não! Afinal, eles (funcionário público) "morrem" de medo de responder processo ou de "sujar"sua ficha... Então, isso nos leva a crer que algo acontece.
Giulia disse…
Ester, eles "morrem" de medo exatamente como você colocou, entre aspas... Eles têm as 24 horas do dia para criar esquemas de se livrar desses "processos", que são internos e portanto não dão em nada, inclusive são prorrogados durante anos, para que os pais não agüentem a pressão e tirem os filhos da escola. Para entrar com processo na justiça comum, é a palavra do aluno (menor de idade) contra a palavra das "autoridades"... Além disso, os sindicatos da corporação têm batalhões de advogados para defender os maus profissionais e aqueles que se omitem.
O grande problema é a falta de opção dos pais de alunos!!! Eles não têm outra escola para matricular seus filhos, portanto a maioria vai contemporizando, para que a perseguição não chegue ao ponto de traumatizar as crianças por toda sua vida escolar. Muitos alunos acabam evadindo justamente por esse motivo. Já deu uma olhada nas taxas de evasão?... Outros são estigmatizados até o fim de sua vida escolar. Além disso, existem "pérolas" como o relatório sobre o famoso caso da EE Octacílio de Carvalho, em que um aluno foi chamado de bicha por "aquele" professor hoje promovido a coordenador pedagógico em outra escola: o Parecer 721, da Diretoria de Ensino Leste, aceito pela COGSP e pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, chegou à conclusão de que "o termo ´bicha´tornou-se bastante comum entre os jovens, perdendo a característica de chulo pelo desgaste natural lingüístico. A Comissão, apesar de não recomendar tal conduta, reconhece que muitos professores, para CATIVAREM seus alunos, mantendo um relacionamento mais próximo e AMISTOSO, fazem BRINCADEIRAS desse naipe com seus PUPILOS."
Depois dessa, falar o quê?...
Anônimo disse…
Os jovens e a violência
A violência existe nas escolas porque falta a autoridade e o castigo que seria devido por mau comportamento e delinquência.
Não se pode tocar nos meninos “nem com um dedo” e na falta de outros castigos eficazes, principalmente nas idades mais jovens, quando se começa a moldar o seu comportamento dentro da sala de aula e fora dela, resta a impunidade, que serve de incentivo para que cresçam os comportamentos anormais e a violência nas escolas e fora delas.
Que castigos utilizar então?
- Aplicar uma multa? Quem paga? Os alunos? Os pais? Muitos não têm meios com que pagar e ficarão impunes!
- Obrigar os alunos a ficar de castigo numa sala de estudo? Quando aqueles se aperceberem que nada lhes acontece se recusarem é isso mesmo que vão fazer: recusar o castigo.
- Expulsar da aula ou da escola? Mão serve de nada, apenas se transfere para o exterior da sala de aula o problema. Esses jovens irão dar azo à sua liberdade doentia noutro lugar.
Os castigos físicos são condenáveis, mas, por vezes, são os únicos que têm algum efeito e as autoridades policiais sabem-no bem. Senão para que servem aqueles bastões compridos que os polícias usam nalgumas situações? e as outras armas que trazem?
As crianças não são assim tão diferentes dos adultos e até há um abuso de linguagem ao se apelidar de "crianças" todos os jovens dos zero aos dezasseis anos (logo dezoito), como que se a inteligência e a capacidade de distinguir o bem do mal chegasse na noite em que completam aquela idade. O Desenvolvimento humano nem é todo igual: há jovens com dez anos mais desenvolvidos, experientes e astutos do que outros com catorze, quinze e mais... Há até pessoas já adultas que nunca atingiram um nível de desenvolvimento aceitável (são obviamente deficientes mentais).
A maioria das crianças e jovens não são delinquentes e pode ser corrigida de qualquer desvio através de uma simples conversa, mas basta um "rebelde" para boicotar uma aula e para arrastar consigo outros mais pacatos que não levantariam qualquer problema.
Os colegas mais humildes são as primeiras vítimas e a escola não tem hoje maneira de as proteger, a não ser que as mantenha isoladas dos violentos, que são obviamente uma minoria, à semelhança dos "condomínios fechados", onde, quem pode adquire habitação para se sentir mais protegido: em vez de se fecharem os criminosos, fecham-se os restantes cidadãos, só que têm que entrar e sair do local e ficam também expostos, nessa altura, pelo menos.
Algo deve mudar no ensino e na forma de castigar os desvios dos jovens, senão estamos, sem o saber, a criar pequenos “monstros” que nunca se habituarão a cumprir regras sociais, que serão uns inúteis e que viverão sempre à custa do trabalho alheio, porque é mais fácil.
Um dia as ideias que agora dominam, de não aplicar quaisquer castigos físicos, em quaisquer circunstâncias, terão que mudar: o que é hoje um conceito aceite e indiscutível será um dia posto em causa pelos futuros pedagogos. Houve no passado uma inversão nos castigos admissíveis nas escolas e outra acontecerá inevitavelmente no futuro.
Os castigos físicos são por ora condenados pelas nações ocidentais, pela EU e pelo nosso país. Assim, as mudanças começarão primeiro nas principais nações (EUA, UK, França..), que se aperceberão em breve da necessidade da reposição de alguns castigos físicos e terão que o fazer. Os pais também irão aceitar e compreender essa necessidade para a protecção dos seus filhos dos poucos jovens com procedimentos anormais. Os castigos físicos eram bem tolerados pelas anteriores gerações de pais e não está provado que tivessem um nível de testosterona inferior ao dos actuais pais.
Anônimo disse…
REPAREI AGORA QUE ESTE COMENTÁRIO É SOBRE A SITUAÇÃO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL, QUE, CONFORME CONSTATO, É BASTANTE PARECIDA À PORTUGUESA.

EM PORTUGAL O PROBLEMA ESTÁ PIORANDO. DESEJARIA QUE NO BRASIL ESTIVESSE A EVOLUIR EM SENTIDO CONTRÁRIO.
Saudações!