Paranóia dos limites e dos "alunos assassinos"!


Professora é colada na cadeira por aluno

Folha de Londrina – 06.12.2007

A cola de secagem rápida e o verniz do móvel provocaram sérias queimaduras nas pernas da docente

Era para ser mais uma segunda-feira normal de trabalho para a professora de matemática Lilian Cavado Iacomo, 35 anos, no Colégio Estadual Padre José Erions, no Jardim Novo Horizonte, em Rolândia (Norte do Estado). O que ela não imaginava é que seria literalmente colada na cadeira por um aluno de 14 anos, com histórico de problemas disciplinares. A agressão lhe rendeu queimaduras sérias nas pernas.

Lilian contou que eram 13h50 quando entrou para dar mais uma aula para a turma da 6ªsérie. Ela estranhou o fato de que todos os 30 alunos a olhavam com ar de apreensão. "Cheguei até a mesa, tirei meus livros e quando sentei já senti minhas pernas queimarem e comecei a gritar e chorar de tanta dor", recordou, ainda abalada com a humilhação.

Ela disse que permaneceu colada na cadeira por cerca de 10 minutos até que outra funcionária da escola chegasse para ajudá-la. A cola e o verniz do móvel provocaram uma reação química perigosa.

Por sorte, a professora usava uma calça jeans, que evitou que a queimadura fosse mais grave. Da sala, a professora seguiu para um hospital e, de lá, direto para a delegacia, onde registrou queixa por lesão corporal.

Com 11 anos de experiência - três somente neste colégio - a professora creditou a agressão à falta de limites por parte dos pais. "Eu tenho experiência tanto em colégio particular quanto público e acho que é falta de educação de pai e mãe. Tem coisas que a gente traz de casa mas quando você tenta corrigir na escola eles não aceitam. Os pais, muitas vezes por sentimento de culpa, acabam aprovando", comentou a professora, apontando que na próxima semana retoma suas aulas no colégio. "Já tive meu carro riscado e não posso me intimidar, mesmo sabendo que o professor hoje corre risco de vida", concluiu. Uma das vice-diretoras do colégio, Sanlay Miriam Minelli, lembrou que nenhum estudante pode ser expulso. O aluno apontado como o responsável pela agressão foi suspenso por três dias e a direção acionou os pais, a polícia e o Conselho Tutelar. De acordo com Sanley, o estudante envolvido tem um extenso histórico de indisciplina. O colégio tem 1,4 mil estudantes. O delegado de Rolândia, Walter Helmut, instaurado um procedimento contra três adolescentes - o que efetivamente passou a cola, outro que deu a "idéia" e um terceiro que sabia mas não impediu a agressão. O caso será remetido ao Ministério Público.

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Lamentável a professora ter se machucado (acho que não muito já que pode ir até a policia logo em seguida, graças a Deus). porém lamentável também o diagnóstico da situação e as atitudes tomadas!!!!!!!

Esse episódio não tem nada a ver com "valorização dos professores", com "limite dos pais" e muito menos com "jovens assassinos" de professores!(aliás eu conhecia o grupo de professores assassinos, alunos não....) É mais velho que eu colocar cola na cadeira do professor! Na escola de vocês não aconteceu? A literatura juvenil está cheia de exemplos e existem muitos filmes clássicos de "colégios" onde o professor é alvo dessas "pequenas maldades". (acredito piamente que o aluno não queria machucar a professora, isso é obvio!)

Não estou discutindo também que o aluno deva ou não ser punido. Só que essa punição tem que ser pedagógica e não vingativa de alguém que se sentiu "humilhada"....

Como disse a Rosely Sayão há uma total falta de profissionalismo da escola. (vejam texto no educaforumtxt)

Isso faz com que ela não saiba mais lidar com esses conflitos corriqueiros de indisciplina. Frente qualquer "acidente" de percurso vem o papo de limite, de alunos violentos (foi um que aprontou, a escola tem 1399 alunos que tem limite?Ou ninguém lá tem limite?) Na fala da professora me pareceu meio paranóia o modo de encarar os alunos, "risco de vida" é um pouco demais, não é não?

E ainda: em nenhum momento ela colocou de rever sua prática para saber porque provocava nos alunos esse tipo de atitude?

(Não estou afirmando que seja culpa dela mas não era o caso de parar e refletir também sobre isso invés de vir com essa história de limites? Limite é uma coisa muito vaga! Cada família tem o seu e a escola tem que colocar os seus que devem servir para alunos que tem todos os tipos de "limites" em casa"!)

De qualquer modo, adolescentes não são mini-adultos, essa fase é exatamente aquela de romper os limites, Conselho Tutelar não é delegacia de problemas de indisciplina escolar, lugar de policia não é na escola e a escola tem que repensar suas atitudes e valorizar a si mesmo para poder ser respeitada.

Gostei que a diretora pelo menos sabe que aluno não pode ser expulso porque isso é ilegal !

Comentários

Unknown disse…
Bem, é até com certa alívio que observo que nossas crianças não "apodreceram".
O máximo que fazem e que sempre fizeram é colocar cola na cadeira de uma professora.
Desde o meu tempo, de vez em quando um aluno faz isso.
Agora virou crime hediondo.
As soras refinaram o castigo, agora no lugar de deixar aluno de joelho ele é colocado no elástico , muito mais doloroso e provocando sequelas muito maiores.
Era tempo em que ser convidado a ir na diretoria, provocava dores de barriga, agora a diretora nunca está na escola mesmo, agora chamam a policia mesmo.
Sinal dos tempos.
Ricardo Rayol disse…
Sei lá, Giulia, quando eu era pequeno e estudava a discipplina era outra. Tinha gente que gostava de aprontar e te digo que não eram inocentes testando limites. Os caras tinham parte com o demonio. Eu virei um cético, a melhor punição para alguém é a dor no bolso. E acompanhamento psicologico de todos os envolvidos.
Declev disse…
Não discuto que a escola - e muitos professores - não despertam nenhum sentimento de "pertencimento" e faz com que alunos tenham este tipo de atitude. Claro que sempre houve atitudes destas, mas é inegável que a situação está de mal a pior. O fato é que algo está errado e, pelos comentários de vocês, a culpa é da professora! E os alunos nada mais são do que coitadinhos sem saber do que fazem, perdoem Senhor... Uma coisa é educar, outra é não punir. São coisas distintas. E "não expulsar" é ilegal só pras públicas, certo? E nós que os aguentamos. Quem pensa assim não está na escola:

http://diariodoprofessor.com/2007/11/16/ser-professor-e-correr-riscos/
Giulia disse…
Caro Ricardo, parte com o demo é coisa de adulto! Fico sempre muito intrigada quando se fala de crianças e adolescentes, seres em desenvolvimento, como se o seu destino já estivesse traçado. A tendência atual é traçar mesmo o destino deles, dando os mais espertos, criativos e corajosos - sim, corajosos - por demônios e fechando-lhes todas as portas. A diretora da escola disse certamente com tristeza que aluno não pode ser expulso. Mas certamente daqui para frente ele será discriminado em qualquer lugar. Ninguém se dá ao trabalho de pensar como incluir esses alunos. Aluno "problema"? Na lata do lixo!
Vera Vaz disse…
Declev
Expulsar para onde?
(vê porque é ilegal expulsar?)
Anônimo disse…
E se tivesse acontecido exatamente o contrário...Se fosse a professora que tivesse machucado o aluno, o que vocês fariam?
Teriam chamado a polícia e o conselho tutelar, também?
(Nós já sabemos a resposta. Não precisam nem perder tempo de respondê-la.)
Vera Vaz disse…
Essa é a grande sacada, mãe de aluno!!!!!! Entender que aluno está lá para aprender e professor para ensinar!!!!!!!!!! Aluno é criança, professor é adulto....Morou?
Regina Milone disse…
Tenho lido com atenção este blog, gosto muito e admiro a coragem de Giulia e Vera Vaz, não concordo com o corporativismo exagerado dos professores que se colocam acima do bem e do mal, sem auto-crítica nenhuma, apenas culpando os alunos e as famílias dos alunos por tudo.
Mas, neste caso da cola, acho que o aluno precisava de uma repreensão séria realmente. Pode parecer bobagem, cola em geral não machuca (essa machuca!), é só uma brincadeira típica da idade, etc. Mas a questão é que ela não pode ser vista isoladamente. O que existe no dia a dia é um verdadeiro clima de guerra entre alunos (principalmente os adolescentes) e professores, infelizmente. E aí, cada ato que chame mais a atenção, toma proporções enormes.
Não acho que os professores são coitadinhos - longe disso! -, mas os alunos nem sempre são tão inocentes também, embora eu também não concorde nem um pouco com quem os vê como "marginais formados", rotulando-os e dificultando, assim, qualquer melhora em suas vidas.
E é tentando ser justa que digo que precisamos olhar, também, o lado dos bons professores, que chegam cheios de idealismo para dar aulas, querendo ser criativos, respeitando e buscando a participação dos alunos mas que, infelizmente, encontram esse clima de guerra nas escolas e acabam sendo desrespeitados pelos colegas e pelos alunos que, por os considerarem, em geral, "bonzinhos demais", fazem mais bagunça ainda em suas aulas, não participam de nenhuma proposta nova e nem dão novas sugestões, praticamente impossibilitando o trabalho desses professores. Vejo isso acontecer lá na escola onde trabalho, o que me entristece demais. Procuro ajudar, mas é algo complexo e complicado, com soluções só a longo prazo, a meu ver.
Os alunos não acreditam que os professores possam estar trazendo algo que vá lhes ser útil e os professores não acreditam mais que os alunos possam ser motivados a aprender. Aí acaba numa espécie de "bater o ponto" todo dia, mas sem entusiasmo, sem troca, sem união e sem busca de melhoria desse quadro, a não ser de formas radicais e unilaterais.
Penso que enquanto professores e alunos continuarem em pé de guerra, não verão que são vítimas (os BONS professores e os alunos) do mesmo sistema educacional perverso, que cobra no discurso e em tempos de eleições, mas que não oferece a mínima estrutura, na maior parte do tempo, para um bom trabalho de educação realmente poder acontecer (infelizmente essa realidade acaba virando desculpa para os maus professores, infelizmente).
Pais, alunos e professores deveriam se unir - sei que é utopia, mas sonho com isso sim -, respeitando suas diferenças e usando suas forças contra os verdadeiros e maiores inimigos da educação, que são os políticos demagogos e as políticas educacionais tão distantes da realidade como são (é claro que teriamos que falar da mídia, do consumismo da sociedade, do capitalismo selvagem, do neo-liberalismo, etc., para esgotarmos essa questão).
Com turmas lotadas, em salas escuras e calorentas, fica realmente dificílimo dar boas aulas e ter a atenção dos alunos. Prejudica a todos!
E uma das válvulas de escape nisso tudo é a forma como alunos e professores ridicularizam uns aos outros, pela frente ou pelas costas, às vezes em tom de brincadeira (sádica, mas brincadeira) e outras vezes em tom de agressão explícita.
É tudo lamentável, mas o principal é não desistirmos, porque ainda acho que o futuro dessas crianças e adolescentes (não são e não podem ser tratados como mini-adultos; concordo com Vera) depende principalmente de uma boa educação pública para todos.
Giulia disse…
Regina, sabe por que fica a impressão de que este blog é para criticar professor? Porque a maioria das denúncias que aqui recebemos são de pais de alunos perseguidos por profissionais da educação, com a bênção ou até a mando da direção das escolas. Essas perseguições são geralmente devidas à atuação dos pais desses alunos, quando ousam criticar a própria direção da escola. Se esses pais tivessem algum órgão ao qual recorrer, que realmente desse feedback para eles, não precisariam apelar para nós! Mas o que mais ocorre é "enrolation". Até mesmo quando a gente copia no blog o texto literal dos documentos que encaminhamos às autoridades, pensando que elas vão ficar com vergonha de ter seu endereço de e-mail exposto publicamente, os assuntos ficam emperrados! E, na maioria dos casos, são problemas que uma Secretaria da Educação pode resolver, sim...
A maior prova da omissão das Secretarias da Educação, pelo menos aqui em São Paulo (Estado e Município)é esta: todo final de ano pedimos para que as Secretarias organizem a eleição dos Conselhos de Escola para o ano seguinte, convocando a comunidade com pelo menos um mês de antecedência e fazendo campanha para que os membros eleitos sejam realmente representantivos, mas não rola! A convocação para a eleição é sempre feita "na surdina" em 99% das escolas, os pais são comunicados através de tirinhas de papel entregues aos alunos dois ou três dias antes da eleição, NA TORCIDA DE QUE OS ALUNOS PERCAM A TIRINHA E NÃO A ENTREGUEM PARA OS PAIS!!! Assim a direção da escola pode dizer, NA MAIOR HIPOCRISIA, que "a comunidade é omissa" e assim vai escolhendo a dedo os pais que interessam para ela...
Se as Secretarias da Educação realmente tivessem interesse em ter Conselhos de Escola representativos e ativos, NO MÍNIMO ELAS PUBLICARIAM O ASSUNTO NA PÁGINA PRINCIPAL DE SEUS SITES, você não acha? Mas ELAS SE OMITEM. Os pais vêm pedir informações para nós e para o site PaisOnline, que sempre dá destaque para a importância da representatividade dos Conselhos de Escola.
A questão da eleição dos Conselhos de Escola é o principal indicador de que as autoridades da educação NÃO QUEREM OS PAIS PARTICIPANDO DA ESCOLA. Você já viu alguma Secretaria da Educação gastar o rico dinheirinho dos nossos impostos para divulgar a eleição dos Conselhos de Escola??? Mas você viu campanhas e mais campanhas de publicidade na mídia, mostrando as "maravilhas" da educação pública, não viu? Argh!!!!
Regina Milone disse…
Concordo totalmente, Giulia, e também fico indignada com tudo isso.
É uma tremenda hipocrisia, das escolas e das secretarias (aqui no Rio não é diferente), manter esse discurso de que querem as famílias participando mas, ao mesmo tempo, fazem tudo para afastá-las, não ouvindo suas reivindicações e realmente não divulgando as eleições para Conselho Escolar como deveriam. É uma vergonha! Acredito que muitos pais participariam se isso fosse diferente.
O negócio é continuar insistindo, porque essas mudanças provavelmente só se darão a longo prazo, mas, se desistirmos, nem a longo prazo acontecerão...
Agora vou para o COC final da minha escola e estou me preparando pro que vou ouvir e falar lá!
Beijos...
Declev disse…
Gentes, o problema é que dentro de sala temos 35 que querem estudar e 5 que não os deixam. Não sou contra nem a favor nem de aluno nem de professor. Sou a favor da educação.

Sei de muitos professores que deveriam sair da profissão; mesmo com a estabilidade do serviço público deveria haver um jeito de tirá-los de sala de aula.

Mas também sei, "mãe de aluno", que você teria a mesma opinião que o professor em relação a um outro aluno que não deixasse o seu filho estudar; que o maltratasse; que atrapalhasse constantemente as aulas; que mexesse nas coisas do teu filho.

Se é verdade que tem professor que não presta, é verdade que nem todos os alunos prestam, independente de ser adolescente.

Estão em formação? Sim. Mas TODAS as pessoas estão em formação, Vera, inclusive eu e você.

Concordo que o aluno está lá pra aprender e o professor pra ensinar. É exatamente isto que estou dizendo: há alunos que não deixam nem um nem outro!

Duvido que vocês, na condição de mães, vejam estes alunos como alunos, e não como adolescentes que atrapalham a educação de seus filhos. Duvido que vocês não iriam (ou vão) à direção pedindo que "dê um jeito" nele, pro seu filho poder estudar em paz.

Falar é fácil. Estar dentro de sala tentando fazer seu trabalho é que é difícil. E olha que não sou do tipo de professor que utiliza "cuspe-e-giz". Faço trabalhos diferenciados, tento fazer sempre atividades que possam despertar seus interesses. Mas mesmo assim, há aqueles que não querem e não deixam os outros quererem.

O que fazemos com estes?

Abraços.

ps.: gostaria que dessem uma olhada em exemplos de meus trabalhos e de outras reflexões, para não dizerem que choramingo à toa...

http://diariodoprofessor.com/category/reflexoes/

http://diariodoprofessor.com/2007/11/11/producao-de-jogos-para-o-ensinoaprendizagem-de-ciencias/

http://diariodoprofessor.com/2007/11/10/corpo-humano-trabalho-pratico-na-sala-de-ciencias/

http://diariodoprofessor.com/2007/11/16/ser-professor-e-correr-riscos/
Anônimo disse…
"vai tomar no cu velha filha de uma puta"

é assim que os alunos nos tratam. e é assim que você, sua babaca, merece ser tratada. se fosse na tua terra, sua nazista, essa molecada tava expulsa com o apoio de blogs ridículos como o teu.

"vai tomar no cu, velha filha da puta" frase corriqueira de alunos que você merece ouvir.
Giulia Pierro disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Giulia disse…
Professor(a) anônimo(a), você não se dá o respeito e com isso só recebe o desprezo de seus alunos. Simples assim.
Regina Milone disse…
Que loucura, meu Deus!
Como uma pessoa pode entrar como anônima - que covardia, hein?!! - e vir aqui apenas para baixar o nível, ofendendo, xingando... só faltou ameaçar!!
Realmente muitas pessoas não sabem respeitar o direito DEMOCRÁTICO de cada um ter sua opinião, sua visão das coisas, por mais diferente que possam ser das suas.
Que VERGONHA, seu anônimo!!!
Quanto a fala do Declev, acho que isso acontece e sempre aconteceu nas escolas: cada turma ter alguns alunos que perturbam a turma inteira. Passo por isso lá na escola também. Só não acho que a solução seja excluí-los, que é o que as escolas acabam fazendo.
Chamar de "alunos-problemas" é mais fácil do que rever toda uma estrutura que ainda está bastante errada, na minha opinião. É buscar bodes expiatórios, o que faz um mal danado pros que recebem esse rótulo e pros que estão convivendo com eles.
Quanto a todos estarmos em formação, é assim até certo ponto, mas existe um tempo em que atingimos a maturidade física e psicológica mínima para sermos considerados adultos e isso é muito diferente do que acontece com o adolescente, que está vivendo um turbilhão hormonal, emocional e social, ainda com um pé na infância e outro já querendo ser adulto. É uma fase de transição bastante complexa e que merece ser melhor conhecida por aqueles que trabalham com essa faixa etária. Como psicóloga posso falar isso com conhecimento de causa.
Existe adolescente mau caráter? Difícil dizer, já que o caráter está sendo formado, mas, em nossa dura realidade, concordo até que existem sim, infelizmente. Mas como ainda estão crescendo, não podemos desistir de reverter esse quadro e trabalhar valores com eles, entre outras coisas. E isso também é papel do EDUCADOR e das FAMÍLIAS, já que a escola não é só para encher cadernos de matérias que, na maioria das vezes, nenhum de nós nem vai lembrar mais depois. Com sinceridade, me digam: alguém se lembra bem do que estudou nesse período de 5ª à 8ª série? Eu era excelente aluna - a 1ª da turma! -, mas não me lembro mais de nada!!!
E é nessa fase que o adolescente fica mais agitado, já que mil outras coisas estão lhe chamando muito mais a atenção do que aquelas matérias "chatas". Eles vão pra escola muito mais para verem os amigos, paquerarem, falarem das festas e dos finais de semana, do que pra estudar realmente. A energia deles está transbordando e não tem coisa mais chata nessa idade do que ter que ficar horas sentado e calado, todos os dias, "engolindo" coisas que acham que não vai lhes servir pra nada (e muita coisa não vai mesmo!)...
Acho que os debates propostos aqui neste blog são pertinentes sim e fico feliz quando pessoas como o Declev também participam, pois percebo o quanto deve ser sofrido para Giulia e Vera Vaz ficarem sendo xingadas, como se não tivessem o direito de se colocar como mães de alunos. É claro que o ponto de vista delas vai ser diferente do do professor que está dentro de sala de aula, MAS ISSO É POSITIVO, para não ficarmos com uma visão unilateral das coisas. Educação é coisa muito séria e não é "propriedade" dos professores nem de ninguém! Tanto alunos quanto pais, pedagogos, funcionários do apoio, etc., têm tanto direito de manifestar suas opiniões quanto os professores.
Uma das piores coisas que pode acontecer a um ser humano é se deixar massificar a esse ponto, perdendo sua capacidade de refletir e tirar conclusões próprias, repetindo com todos o mesmo discurso viciado, aprisionados nele sem perceber.
Precisamos ouvir opiniões diferentes das nossas SEMPRE, se acreditamos em liberdade e democracia e se queremos uma sociedade melhor. Se "esconder" na opinião da maioria acaba sendo, muitas vezes, uma tremenda omissão.
Por isso gosto de me colocar aqui e ler coisas interessantes como as colocadas pelo Declev, concordando com elas ou não.
Clau disse…
Vera e Giulia, estou horrorizada com os comentários de alguns 'professores' que passaram por aqui depois do post sobre o Orkut.

O que estas pessoas querem não é discussão construtiva, é politizar a questão e, na falta de argumentação, baixar o nível para os xingamentos.

É o país dos lulinhas. Sem educação e respeito - recíproco.

Abraços e continuem com o trabalho, quem realmente se interessa pelo assunto contribui para a discussão de forma civilizada.
Giulia disse…
Regina e Clau, não se horrorizem! A gente poderia simplesmente deletar esses comentários indecentes, mas fazemos questão de mantê-los para mostrar como é que os pais são tratados por "mestres" e profissionais da educação.
Quanto ao "que fazer" com o aluno "bagunceiro" ou "problema", nunca me coloquei a questão dessa forma. Como diz a Regina, é próprio da adolescência querer testar os limites. Os pais têm esse problema em casa e os professores também tem que saber lidar com isso. Cansei de cobrar do governo que os cursos de graduação tenham uma boa base de psicologia. O maior problema é que muitos professores nem formados são!
Nem eu nem meus filhos fomos "anjos" na escola e sempre tive muito respeito por pessoas críticas, inteligentes e por isso mesmo marginalizadas. O que não significa que eu apóie baderna. Tivemos um caso aqui de um aluno que estava marcado para a expulsão, porque havia xingado a diretora da escola. Conversei bastante com ele, me disse que era provocado por ela e que não conseguia manter a calma na hora da provocação. Deixei bem claro para ele que a corda sempre arrebenta do lado mais fraco e que se ele respondesse novamente para a diretora não receberia mais nenhum apoio de nossa parte. Parece que ele conseguiu manter a promessa. O que não sei é se a diretora daquela escola deixou de ser autoritária, pois é extremamente raro os pais apoiarem seus filhos na perseguição, com medo de a situação ficar mais complicada. E geralmente fica!
Anônimo disse…
Acho q estamos vivendo uma verdadeira banalização da violência. Essa violência é geral, está em todos os níves sociais entre jovens e crianças. Acho q é um problema da sociedade moderna em geral. O q fazer??? Eis a questão. Não somente os professores estão despreparados, como todos em nossa sociedade. Basta ver os jornais. Outro dia mostrou a casa de uma senhora q fora destruida por crianças de 10 anos. E esse incidente d transito, onde 3 amigos discutem na rua com uma família inteira, sendo q a D. de casa grávida com 2 filhos pequenos no carro. São os tempos mdernos, que claro, está refletindo dentro das escolas, e sinceramente, niguém está dando conta do recado, nem os professores, nem a família, muito menos os orgãos do governo. O q fazer???Como mãe fico apavorada com minha filha dentro da escola. Sinceramente eu gostaria de polícia lá sim, estou cansada de ve-la chorar por não aguentar conviver com drogas dentro da escola e ter q fingir-se de morta, p não ser alvo dos próprios colegas. Quero deixar bem claro q sou contra expulsão de alunos, pq entendo q uma escola pública é para todos. Mas cadê o direito da minha filha e de outros tantos bons alunos estudarem em paz sem ter problemas com gangs juvenis??? As esolas deveriam entender q o ECA está sendo mal interpretado, Crianças acima de 12 anos são consideradas menores infratores, as escolas deveriam parar de temer e cobrar do governo atitudes para q esse aluno responda por seus atos. Qdo falo em "punição" digo medidas socio educativas, e não febem. O principal é recuperar esse individuo, os seus valores p viver em sociedade e respetar á todos. Se continuarmos a fingir q são crianças inocentes, aos 18 anos estarão queimando mendigos, por acharem normal. Eu quero uma escola melhor p minha filha. Mas sociedade tem q aprender q esse é um problema de todos: Pais, alunos, professores, conselhos tutelares e GOVERNO.
faço parte de um grupo de mães, q vai em toda reunião na escola e acompanho tudo. Mas o interessante q os pais dos alunos problemas nunca aparecem, pq nós como mães ueremos cnversar com essas mães. O q quero é q minha filha tenha uma vida escolar tranquila. Só se houve falar em direitos dos maus alunos. E o direito dos bons alunos q só não conseguem assistir aulas por uma minoria, mas q são lideres e atrapalham aula????

Quem está lutando pelo direito da minha filha?????
Eu já mudei ela em 3 escolas, todas tem problema com drogas. Eu quero polícia dentro da escola sim. Acho q isso inibiria bastante o tráfico lá dentro.
E continuo afirmar, sou contra expusão, e sim a favor de medidas socio educativas. mas esses alunos precisam saber q p tudo há limites.
Anônimo disse…
Continuando...só como exemplo,,,

Tenho uma prima de 16 anos q aprendeu colocar pircing, contrariando minha tia e fazendo as escondidas. Pois bem , um belo dia ela colocou pircing numa menina de 17 anos, mas velha q ela, pq a menina disse q era maior de idade. Conclusão. Essa mãe fez B.O. n delegaia, minha prima foi encaminhada a vara de infancia, e o Juiz determinou q ela restasse serviço comunitario. Ficou 3 meses fazendo pão nuna creche aqui da região. Minha tia adorou, apesar do constragimento. Minha prima precisou aprender de forma dura q nesta vida tudo tem limite e paga-se qdo queremos extrapolar as regras da sociedade.Hoje, ela não faz mais pão na cozinha, mas trbalha como voluntária, por livre vontade e vou te dizer q melhorou muito. E minha tia só tem a agradecer. Será q estamos agindo certo com jovens q praticam violência????
Regina Milone disse…
Mãe Sandra,
Eu também sou mãe, de um adolescente de 15 anos e, por isso, vivo a realidade dessa idade tanto em casa quanto no trabalho.
Limites são fundamentais! Todos precisam aprender, em todas as idades, que tudo o que fazemos na vida tem uma conseqüência.
Mas tratar crianças e adolescentes como adultos, isso não. Porque eles não são ainda. Algumas coisas são próprias da idade sim, o que não significa que devamos tratá-los de forma ingênua e muito menos não darmos limites.
Concordo com vc que o despreparo é geral na nossa sociedade, para lidar com tudo isso.
Este ano tive a oportunidade de assistir a uma "palestra/relato de experência" excelente, de Waldir Romero, diretor há 12 anos da escola Garcia D-Ávila, de São Paulo. Ele falou justamente sobre violência na escola e na sociedade. Foi genial! Pontos importantíssimos foram tocados e, também, ficamos sabendo como ele conseguiu lidar com isso em sua escola, sem expulsões ou conformismo mas com muita luta, arte e trabalho. "É possível!" Foi o que pensei saindo de lá.
Resumindo, um dos maiores "vilões" apontados no dia foi a mídia, que vende necessidades falsas pras pessoas, como se não fosse possível viver bem sem o carro do ano, o celular mais caro ou a roupa de grife. É de uma violência extrema esses alunos crescerem bombardeados por essas idéias e valores, pois a TV também tem sido babá eletrônica nas classes C, D, etc.
A escola é de todos e, por isso, precisamos encontrar uma forma de todos conviverem ali, não só os bons alunos. É um desafio.
Meu filho estuda em escola particular - não tenho vergonha de dizer -, porque consegui um bom desconto e essa escola segue toda uma filosofia na qual acredito bastante. Mas trabalho em escola pública, na esperança de contribuir para que, quem sabe meus netos ou bisnetos um dia, possam ter escolas públicas da qualidade dessa em que meu filho estuda e adora.
Tenho tentado fazer a minha parte.
Ninguém é "coitadinho" em toda essa situação, mas não podemos esquecer que os alunos ainda são crianças e adolescentes e que estão recebendo um mundo perverso e injusto de nós, um mundo que amedronta, revolta e confunde qualquer um! Crescer está cada dia mais complicado... Muito da violência também vem daí.
Anônimo disse…
Regina...

sabe, eu não entendo como algumas pessoas pregam a não punição em casos graves. Qdo digo punição, digo medidas sócio educativas. Veja bem, vc como mãe não acha q qdo seu filho extrapolar os limite oncedidos por vc não deveria ser punido. Por exemplo: Minha filha adora um telefone, qda passa dos limites, fica sem e ainda não dou mais dinheiro p algum passeio até q a conta do tel seja paga. E aí?? Não temos q mostrar limites??? Creio q sim...Agora realmente não entendo algumas pessoas q criticam essa forma de punição. Veja aquele caso de Penapolis, a criança foi punida a varrer a sala. Pq ela não pode fazer isto??? Minha filha me ajuda desde os nove, não pq eu preciso, mas acho importante ela saber q nesta vida temos q fazer de tudo, e valorizar o trabalho do outro.
omo te disse particip ativamente da escola da minha filha, fizemos uma reunião pq s carteiras estavam todas sujas, riscadas. Foi decidido junamente com os pais, professores, direção e alunos q cada aluno seria responsável por sua carteira e limparia. A escola doou Veja e panos de limpeza. Adivinha quem apareceu na escola para reclamar, dizendo q estavamos fazendo os alunos de faxineiros??? Os pais dos alunos q nunca comparecem se quer a uma reunião, alguns q utilizam drogas dentro da escola, pixam, e etc...
Continuo a perguntar: Cadê o direito da minha filha estudar em uma classe limpa??????
Obs: A esoa só tem um funcioario responsável pela limpeza, contrado pela coperteg. E aí???

Difícil né?!
Regina Milone disse…
Também acho difícil.
Mas se vc mesma disse que os pais que nunca aparecem na escola, aparecem justamente nessas horas, isso comprova o quanto esses filhos precisam de outras referências na vida, também. Precisam de escola.

Não vejo mal nenhum em varrer sala. Concordo com vc.
Nenhum trabalho é indigno.
Indignidade é matar e roubar.

Quanto a punições e recompensas, funcionam em muitos casos, mas não acho que devam ser usadas sozinhas e nem como regra geral, pois prefiro investir no desenvolvimento, da inteligência, do senso crítico, da sensibilidade, da humanidade, do senso de coletividade e da consciência dos alunos, para que saibam que cada atitude depredadora é auto-destrutiva também, isto é, estão agindo contra os colegas e contra si mesmos, já que a escola, na verdade, é da comunidade e não de quem trabalha nela.
Seriam 2 atitudes distintas e que, em muitos momentos, podem andar juntas, a meu ver: a solução comportamental behaviorista da punição ou recompensa - solução a curto-prazo - e a conscientização constante e trabalho com valores
- solução mais a longo prazo e que, por isso, exige esse investimento diário. As duas têm sua importância na educação de TODOS os alunos, não só dos bons, na minha opinião.
Giulia disse…
Sandra e Regina, estou gostando do alto nível que vocês estão dando à discussão aqui no blog!
Como diz a Regina, as duas soluções para o comportamento dos alunos - a behaviorista e a educativa - precisam andar juntas. O que acontece é que, na rede pública de ensino, o que mais se vê é a mera punição dos alunos, sem direito à verdadeira recuperação, que é um processo mais demorado e que exige respeito e - porque não usar esta palavra? - amor. Nas palavras da professora Glória Reis e de outros educadores que se preocupam com soluções duradouras para a melhoria da educação, o nosso sistema educacional prima pela humilhação e pelo desprezo ao aluno carente, não apenas de recursos materiais, mas da atenção e do apoio da família. A Regina acertou em cheio: a educação precisa atingir TODOS os alunos, não apenas os bons. Tenho passado madrugadas pensando quantos jovens recrutados pela marginalidade não poderiam usar sua inteligência em benefício da sociedade e não em sua ameaça!
Tudo começa pela expulsão da escola, muitas vezes sugerida por pais de alunos bem intencionados e apavorados por uma direção de escola que só quer se livrar da "laranja podre". O que mais ocorre nas reuniões de Conselho de Escola é um terrorismo, muitas vezes fundamentado apenas em FOFOCAS, sobre o perigo de manter "certos alunos" na escola. Já contei a história de um amigo do meu filho, garoto brilhante e hoje bem sucedido na profissão, quase expulso por ter "estourado uma bomba dentro da escola", bomba cujos vestígios nunca foram encontrados! E a acusação partiu da policial feminina que "controlava" os alunos dentro da escola. Ela ficou com a cara no chão quando cobrei os vestígios da bomba, pois não tinha o hábito de ser questionada em suas acusações!
A mídia contribui para tornar o quadro mais pavoroso, pelo desinteresse em mostrar o que acontece realmente dentro das escolas. Basta ler os artigos do Gustavo Ioschpe no post acima: apenas 3% dos professores, em toda sua carreira, viram alunos com armas de fogo. Na escola de Londrina invadida por 200 PMs e filmada pela TV Globo local - veja o vídeo aqui http://tvparanaense.rpc.com.br/index.phtml?Video_ID=16056&seq=&autostart=1, não foi encontrado sequer um único cigarro de maconha. Será que foi por isso que a Globo não veiculou a matéria em nível nacional? É de se pensar, de se pensar muito a respeito, gente!...
Regina Milone disse…
Sabe, Giulia, uma das coisas mais presentes nas escolas é justamente a FOFOCA. É um horror!
Já penei com isso, até aprender a não ficar tão magoada.

Em relação aos alunos mais violentos, sou a favor de medidas sócio-educativas, em alguns casos, mas se forem efetivamente sócio-educativas e não castigos disfarçados.

Um exemplo prático de como as "soluções" que a escola tem encontrado não tem resolvido nada: tivemos um aluno que, com 14 anos, ainda não sabia ler e escrever direito (essa é a realidade de muuuuuitos, aliás) e já estava repetindo pela 3ª vez a 5ª série, quando foi convidado a sair da escola (nessa altura já tinha feito 15 anos) e ir estudar à noite, com pessoas mais da idade dele, pois "seria melhor pra ele". Fui contra - o garoto era aluno da nossa escola há anos -, mas não adiantou nada. Resultado: ele entrou de cabeça no crime, no tráfico, foi ameaçado de morte, fugiu, voltou e, agora, está preso. Quando soube disso cheguei a comentar, lá na escola, que todos nós éramos um pouco responsáveis pelo que aconteceu com ele e fiquei muito triste. O que ouvi foi: " que nada! isso é culpa dele mesmo e da sua família! ele nunca prestou!"...
Já tivemos outros alunos que foram pro crime, muitos foram assassinados, outros presos, mas este caso me deixou especialmente triste porque procurei ajudar bastante esse garoto (ficamos próximos durante um período) enquanto ele esteve na escola, mas pouco consegui...
Ninguém nasce criminoso.
Continuo achando que todos somos responsáveis, em algum nível, por esse estado de coisas em nosso país.
Giulia disse…
Isso que você sente, de que todos somos responsáveis, eu também sinto. Mas é muito raro e de um modo geral a gente acaba sendo tachada de "petista", de "defensora dos direitos humanos dos bandidos". Não é nada disso: é uma questão de sentimento de solidariedade, ou a pessoa tem, ou não tem. Nossa sociedade é altamente individualista e o pior é aquele lugar comum de que o brasileiro é "bonzinho", "solidário" etc. e tal. As pessoas não se tocam que expulsar um aluno da escola é empurrá-lo um pouco adiante, para a marginalidade... A escola pública, em sua esmagadora maioria, já oferece tão pouco para o aluno! O que ela mais oferece é aula vaga, até 30 ou 40%, em "certas" escolas onde o professor está sempre ausente e os funcionários se encarregam de assinar o ponto para os demais...
Você acha que um garoto da periferia se sente motivado para continuar estudando? No primeiro pontapé que ele recebe (você chegou a ver o vídeo filmado por alunos numa escola de Sampa?) ele já vai pra rua. E ninguém se preocupa de que esse garoto pode acabar engrossando as fileiras da marginalidade e ser o assaltante do próprio filho! Nem mesmo por egoísmo a nossa sociedade se preocupa com esses alunos...
Anônimo disse…
este ano mais uma vez chorei..

Trabalho numa escola ( com péssima acústica) onde tenho 36 alunos, alunos com potenciais enormes mas que se perdem em meio à modelos de adultos: traficantes, pais que batem em esposas, pessoas violentas, pais ausentes, maes que não fazem almoço ou janta pro seu filho, roupa suja, falta de banho, só que eu quando assumo uma sala levanto todas as questoes em sala, pergunto desde quem já fez exame de vista até quem trabalha e relacionamento familiar, promovo debates em sala, nunca desisto frente a dificuldades da turma, sei quem recebe salário-família, faço de forma leiga é claro, testes de audição e de vista, peço encaminhamento aos pais, sabem quantos me retornam? de 10 a 15 que chamo por problemas variados>>>>>>>>>1 ou 2 no máximo, indisciplina, convoco os pais e digo que minha sala é aberta e que eles entrem sem bater, quantos aparecem só se ameçar conselho tutelar, sempre 1% aparece, chama o colega de bicha....etc. etc., batem na orelha do colega, roubam o material, roubam $. Tenho alunos maravilhosos, que amo suas vidas, e enm todos tem o protótipo de santo e enm sáo os melhores alunos, mais sáo pessoas fruto de uma sociedade desigual, perversa e hipócrita, mas vou ralatar somente 3 fatos, não são tão recentes é claro mais que com certeza tenho uns trinta caso prá contar. Aconteceu com uma amiga
1) Um pai manda seu filho prá escola, chorando de dor, chama-se o pai, exponhõe-se o fato ele responde que é manha e que já foi medicado, pede-se a receita ele não dá, tres dias o menino na escola gemendo de dor, em outra oprotunidade oa criança vomita, suja a roupa, olha-se em sua mochila roupas sujas como sempre ( são cças de 3 anos) deixa-se a cça enrolada em um lençol, em outra oportunidade suspeita-se de estomatite, o pai ameaça a professora, neste cei houve 3 agressoes de pais contra professores que reclamaram maus tratos de seus pais.
2) Um aluno roubou R$ 50,00 de sua professora, a iemã dele disse que ele deu prá mãe pagar umas contas, a mae disse que ele achou o dinheiro e ficou brava só proque a professora desconfiou de seu filho e que se ele achou o valor no mesmo dia que lea perdeu o azar foi dela, ela tem prá perder........
3)Uns alunos jogando bola a bola cai no estacionameto da escola prá encurtar o caminho ele passa por cima dos carros, pergunto à ele se com o carro do pai dele ele faria isto......resposta:

-Não, ele me bate........
Regina Milone disse…
Que depoimento lindo, professora!
Passo o mesmo lá na escola e é triste demais...
Este ano tivemos que denunciar um padrasto que estava molestando os 4 enteados (4 crianças: 2 meninos e 2 meninas). Ele foi à escola fazer ameaças, mas não chegou a bater em ninguém.
Você está de parabéns, profª, pelos cuidados que tem com suas turmas, buscando informações importantes já no início do ano e sendo perseverante diante de tantos obstáculos difíceis como esses!
Como O.E., também passo o mesmo problema que vc, com os pais dos alunos mais difíceis: chamo mil vezes e eles nunca comparecem...
Alunos mal cuidados e pais ausentes são uma realidade lá na escola também. E como fica complicado essas crianças conseguirem aprender alguma coisa na escola tendo que viver dessa forma!
Nem sempre podemos ajudar...
Por isso fico feliz com este blog, de MÃES de alunos, porque a participação das famílias é importantíssima! Inclusive pra criticar o que está errado nas escolas!!
Também já fui roubada lá na escola este ano... E por alunos! Fiquei tristíssima e com muita raiva, conversei com todas as turmas, mas apenas uma pessoa devolveu (levaram mais de 15 artesanatos meus, que levei, como modelo, pra uma oficina que ofereci pra eles). Muitos foram super solidários comigo, mas quem levou não devolveu realmente.
Uma das coisas que me chama a atenção aí é o fato deles, provavelmente, acharem que não eram capazes de fazer aquilo (produzir uma peça de artesanato bonita) e, por isso, roubarem...
Lá na escola onde trabalho ficava doente direto, somatizando todas essas tristezas e problemas. Inclusive pensei em desistir da minha matrícula e só agora posso dizer que estou um pouco mais adaptada. É uma vergonha a situação da Educação hoje!
E, lá na comunidade, os pais baterem nos filhos e ensinarem que eles têm que bater também na escola, em quem os provocar (já ouvi coisas do tipo: "se meu filho apanhar na escola vai apanhar em casa também, pra deixar de ser besta!"), é o normal...
Que barra, minha gente!!!
Declev disse…
http://diariodoprofessor.com/2008/02/22/ser-professor-e-correr-riscos-2-a-missao-continua/

Sem comentários.
Anônimo disse…
Uma coisa eu sei, indicar e acusar os erros dos outros é muito facil, dificil e quando estas experiencias de violencia acontecem com voce, graças a Deus nunca aconteceu comigo. Cada um tem sua opinião, quando um professor sofre algum tipo de violencia surge algum pedagogo ou alguma pessoa dizendo que o culpado é o professor, quando o problema e do outro tudo fica facil mas quando a pessoa sente na pele ele tem uma reaçõa totalmente diferente do prega,um exempo; falaram mal da professora que foi colada na cadeira, mas se tivesse acontecido com alguns deles eles teriam tomado a mesma decisao que foi denunciar, o professor não pode mudar o mundo sozinho, ele tenta fazer o que pode porque ele tambem tem sua familia para cuidar, fui criada por uma familia rigida e não tenho nenhum trauma de infancia, existia respeito meu pai falava e eu obedecia e meu pai nunca me tocou para bater. minha irmã achou que minha mãe tinha sido muito rigida com os filho e que ela iria criar os filhos dela diferente, quer saber o que aconteceu? sem comentario........ tenho uma filha e ela esta sendo criada como eu fui respeitando os mais velhos e seus colegas e professor, porque eu ainda tenho principios e meus filhos tambem terão, acredito se um dia meu filho responder com falta de educação para um professor eu vou dar um treco, nas escolas e tanta coisa que se ouvi, o aluno chama a professora de idiota, vadia vagabunda, vou te pegar na esquina,e agredida, as vezes so porque ela pergunta se ele fez o dever. Acredito que alguns estão esperando acontecer o pior para que o professor tome uma providencia,quem sabe depois que morer.A educação esta um caos porque os professores andan amedrontados e vão deixando levar por causa do medo. Estas pessoas que estão numa sala confortavel estudando ou pesquisando sobre a teoria da educação deveria esta numa sala de aula com 45 alunos com ventiladores quebrados, carteiras desconfortaveis e ouvindo um ou outro soltar um palavrão como alguns que eu ja citei, sem falar nas agressoes que por qualquer motivo eles se agridem na sala...eles deveriam ir praticar um pouco e tentar mudar o mundo se eles tem a receita e acham tão facil. um dia uma aluna teve a cara de pau de dizer que eu a tinha chamado de burra......se ela tivesse falado para mim que outro professor a tinha chamado de burra eu teria acreditado nela.......olha como e a vida isso é um absurdo desde deste dia eu nao acredito em tudo o que aluno fala ......pois jamais eu falaria tal coisa assim pois tenho meus principios e sou uma educadora. Portanto, tanto da parte do professor ou do aluno todos devem ser punidos ou pagar pelas suas atitudes desde que sejam comprovadas....ja basta vivermos em um pais que não tem justiça, se ele sabe que não vai ser punido ele sempre vai fazer algo de errado ...................
Anônimo disse…
Fico pasma quando existe pessoas que defendem estes tipos de atitudes das crianças... futuros delinquentes.... falar e criticar a professora é fácil, dificil é se colocar no lugar dela... é lamentável que exista pessoas assim... PROFESSOR EXISTE E DEVE SER RESPEITADO....
Regina Milone disse…
Respeito é bom e todos nós gostamos, não é msmo?!
Mas fomos aprendendo isso na vida, assim como nossos filhos e alunos estão aprendendo. E, para aqueles com famílias muito ausentes ou violentas, fica muito mais difícil aprender qualquer coisa...
Acho que tanto uma educação mais liberal quanto uma mais tradicional podem ser ótimas, se forem, acima de tudo, verdadeiramente EDUCAÇÃO. Isto é, se forem do tipo que sabe ser muito mais do que conteúdos escritos em lousas; educação é mais do que informação - é formação.
Por isso temos que fazer alguma coisa por TODOS os alunos, não só pelos "bons". Como profissionais da Educação (sou pedagoga e professora - conheço bem a realidade de sala de aula; está terrível mesmo!), temos a responsabilidade de ensinar muito mais do que conteúdos fixos, auxiliando na formação de pessoas que não chegam a nós "prontas" e sim precisando de referências, precisando desenvolver o raciocínio, a visão de mundo, a inteligência, a sensibilidade, a criatividade, o espírito crítico, a capacidade de viver em sociedade, etc.
Se não queremos nem parte dessa responsabilidade, temos que ir trabalhar em outra coisa, na minha opinião, pois educar é formar e isso vai muito além de dominar conteúdos determinados.
Repito o que já disse em outros momentos nesse blog: tanto alunos quanto professores são em parte vítimas e em parte responsáveis por esse estado de coisas atual, inclusive pela violência. Mas não podemos esquecer que nós somos os adultos da história e precisamos orientá-los, de alguma forma.
Quando fui roubada na escola onde trabalho aproveitei o fato para EDUCAR: fui a todas as turmas trabalhar reflexão, sinceridade, espírito crítico, respeito consigo mesmo e com os outros, a importância da honestidade na vida, etc. Também dei bronca, mostrei como estava decepcionada justamente por sempre ter gostado e acreditado muito neles, falei coisas duras mas, em momento algum, ameacei, xinguei, menosprezei ou humilhei alguém, de jeito nenhum (infelizmente já vi muitos fazerem isso, tanto profissionais quanto pais...). Não recuperei materialmente quase nada do que perdi - eram peças artesanais de grande valor sentimental pra mim e não material -, mas consegui que muitos refletissem e se desculpassem (assumissem pra valer diante de mim, depois - e não na frente de todo mundo -, tipo olho no olho, e não da boca pra fora; vários fizeram isso). Consegui que muitos entendessem o "porquê" é importante não roubar, seja o que for, e não fiz isso punindo-os e sim mostrando um outro ponto de vista e uma outra forma de agir, diferente da que estão mais acostumados (muitos deles convivem, em casa e na escola, com brigas, gritos e ameaças constantes). Deu pra perceber que pelo menos alguns puderam começar a pensar a respeito de outros valores, vendo que o mundo e as pessoas são variados e ricos de possibilidades e que, por isso, eles não precisam acabar do mesmo jeito que muitos de seus familiares e colegas acabaram: no crime, na gravidez na adolescência, no alcoolismo, nos sub-empregos, etc.
A Educação é feita desses momentos também, diariamente, e esse é um dos motivos pelos quais não podemos humilhar se queremos ensinar a não-humilhação e não podemos desrespeitar se queremos ensinar algo sobre respeito...