A posição dos pais


Ainda a respeito do artigo Educação sem povo, mencionado no último post, resolvi inserir outro comentário no site da Veja, pois os depoimentos dos professores passam por cima de um ponto essencial do texto, que é a posição dos pais.

Mais uma vez vou ser “arrogante” e afirmar que muitos professores não leram direito ou não entenderam o texto do artigo. Nós pais não queremos ditar ou indicar qualquer método de ensino. O que nos angustia é ver que a alfabetização das crianças não ocorre na idade certa e que muitas falhas permanecem durante toda a vida, como a dificuldade para verbalizar assuntos, entender textos ou fazer pesquisas. O final do artigo é revelador: Tenho certeza de que, se esses pais fossem ouvidos, gostariam que seus filhos tivessem acesso a todos os métodos possíveis, ministrados por professores comprometidos ou, no mínimo, neutros. Infelizmente, esses pais e professores não são ouvidos, e enquanto a nossa educação não for verdadeiramente democrática - do povo e para o povo - vai continuar falhando. A educação de um país é tarefa importante demais para ficar a cargo apenas de educadores.
No início do terceiro milênio o Brasil ainda está discutindo “qual método” deve ser utilizado para alfabetizar as crianças. Nós pais só entramos na discussão quando percebemos insegurança e incompetência! Aliás, mesmo na nossa ignorância, ousamos afirmar que muitos métodos podem funcionar, desde que aplicados com competência, boa vontade e humildade. Sim, humildade, pois se um professor percebe que não está sendo bem sucedido, precisa pedir ajuda ou pesquisar, não simplesmente responsabilizar o método ou o aluno pelo fracasso. Se a educação brasileira fosse democrática, não haveria toda essa gritaria de professores revoltados porque finalmente alguém “descobriu” que ela não pode “ficar a cargo apenas de educadores”. Trata-se de um enorme tabu que finalmente começou a ser revelado: apesar de a Constituição garantir a participação dos pais na gestão das escolas, a corporação não admite e luta com unhas e dentes para manter o autoritarismo. Os pais que se atrevem a questionar ou a denunciar as práticas autoritárias são “premiados” com a perseguição de seus filhos na escola...

Comentários

Ricardo Rayol disse…
Fico imaginando até que ponto se fazem leis que realmente sejam aderentes à realidade. Nossa realidade é simples: não se respeitam as leis e pronto.
Anônimo disse…
É direito dos pais terem conhecimento do planejamento pedagógico da escola, não é???????
Então, por que os pais não são convidados a participar, ou melhor ainda, por que somos proibidos de participar das reuniões pedagógicas????????
Na EMEF IMPERATRIZ os pais são proibidos de participar, inclusive já solicitamos até para a Secretaria essa permissão, mas até agora não fomos dignos de resposta, por que será?????????
Anônimo disse…
Giulia,me desculpe o termo "arrogante", ele foi realmente mal colocado. Entendi perfeitamente sua posição e concordo que a participação dos pais é de suma importância na formação dos filhos.Ocorre que a maioria dos pais nas escolas públicas que é o que está sendo discutido, são menos escolarizados do que os filhos, e quando chegam a ir até a escola, e participar de reuniões ou conversar com os professores,eles não tem os argumentos necessários para discutir com os professores. Muitas vezes os pais questionam as escolas por trabalharem a educação sexual e a prevenção contra as drogas por estarem infuenciando negativamente seus filhos. Quando se faz um projeto interdisciplinar na escola muitos pais reclamam que aquilo não é aula, perguntam se o filho precisa ir à escola,e por aí vai. O seu caso é completamente diferente da maioria,pois você demonstra que possui bastante clareza na sua argumentação. Portanto, me perdoe a falta de modos,se possível e continue na sua luta que é muito importante. Obrigado pela atenção, Lawrence Moraes,professor.
Giulia disse…
Olá, Lawrence, não fiquei nem um pouco ofendida! Aliás, estou acostumada a receber adjetivos muito piores do que "arrogante". Se todo professor fosse educado como você... E, afinal, estamos numa democracia! É de opiniões divergentes que se chega ao denominador comum. Gostaria muito de contar com a sua participação no EducaFórum. Um abraço!
Anônimo disse…
Sr. Lawrence, cada caso é um caso. Por favor, não generalize e seja mais pontual nos seus argumentos, já que o senhor diz que nós (pais) não temos argumentos.
Outra coisa, lei é lei, serve para todos, com mais ou menos estudo isso não importa...pelo menos é assim que têm que ser!
O seu comentário é altamente discriminativo. Leia o ECA abaixo com atenção, e nos diga onde é que estão as ressalvas???????

Parágrafo Único - É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.

Sendo assim, nós, pais temos o direito de participar das reuniões pedagógicas, e as escolas têm por obrigação ACATAR essa lei.
Sr. Lawrence, o senhor fala muito manso mas, o senhor não conseguiu esconder a sua real intenção, que é ver os pais fora das escolas.
Pais altamente participativo e com um mínimo de noção de seus direitos e dos direitos de seus filhos são repudiados por professores.