Vestindo a carapuça


No ano passado informamos sobre o processo absurdo, kafkiano, movido contra nossa amiga professora Glória Reis por um juiz de Leopoldina, MG, que se sentiu ofendido pelas críticas feitas por ela ao sistema carcerário, mesmo sem ter mencionado qualquer nome. Pois bem: Glória foi condenada a quatro meses de prisão e dois salários mínimos, cabendo ainda recurso para contestar a sentença. O Brasil inteiro está comentando esse disparate e isso é muito bom, para que casos como esse deixem de passar em branco. O juiz que entrou com o processo contra Glória vestiu a carapuça, declarando-se praticamente culpado das denúncias, assim como a juíza que condenou a professora, dando mostras inclusive do ferrenho corporativismo que corrói nossas instituições. Sempre que se pensa que o processo democrático está consolidado no Brasil, ocorre um caso como esse para mostrar quanto estamos longe dessa realidade.

Leia na Folha Online
Professora é condenada por publicar editorial que criticava condições carcerárias

Leia também Notícia no Consultor Jurídico
Professora é condenada por criticar situação de presos

Trechos do comentário de uma leitora do Consultor Jurídico:

Que Judiciário é esse, que, fazendo-se de cego para com as masmorras modernas, alega não ser sua responsabilidade o mandamento-mor da Constituição, que consagra a dignidade humana como princípio?

Que MP é esse, que em vez de se envergonhar por sua inatividade de fiscalizar o cumprimento da lei maior e exigir para esses seres humanos um tratamento digno da sua condição de homem, ainda ajuda a condenar quem critica esta situação inominável?

Comentários

Anônimo disse…
Que tristeza senti ao ler esta reportagem.
Voltamos a ditadura? Onde a verdade não pode ser dita.
Que pais é esteeeeeeeeee já canta o conjunto Capital Inicial
Não nos resta apenas lamentar e sim denunciar o despotismo do Sistema Judiciário.
Mais uma vez parabéns Giulia
ANDARTA
Anônimo disse…
Acho que para ser juiz era imprescindível um psicotécnico prévio seguido por uma prova de demonstração de bom senso. Um indivíduo sem nenhuma sensibilidade em relação aos sentimentos e aos problemas humanos não poderia decidir sobre a vida dos outros. Mas espero que você não divulgue este e-mail, pois posso ser condenado por atentar contra a honra de suas majestades judiciárias, sempre acima do bem e do mal. Dá vontade de vomitar!
Anônimo disse…
É inacreditável e trata-se de tal caixa preta do poder judiciário.
Anônimo disse…
É incrível o que acontece... que coisa louca... as pessoas não podem fazer leitura crítica. Que democracia é essa?
Daí entende-se os motivos que levam pessoas como Maria da Glória, mesmo ferida, a continuarem sua luta pela democratização da leitura e pelos direitos das minorias. Somos "osso duro de roer". De minha parte... não vou desistir tbém. Precisamos de professores como Maria da Gloria que mesmo aposentada está na ativa. Por isso é preciso continuar...Maria da Glória, a gente e tantos outros professores que acreditam na importância da leitura, da arte, da expressão e de tudo o que é humano.
Unknown disse…
É lamentável que em um país que deixa tantos corruptos a solta, que da tantas vantagens aos parlamentares mesmo sabendo de tantas coisas erradas que fazem. Um juiz se preocupe tanto em calar a boca da verdade.
Logo vai nos dar toque de recolher, ler nossas cartas e-mails antes de serem enviadas... O que mais podemos esperar de um judiciário que apóia somente as mentiras e a classe mais favorecida?
Quem fala e assina em baixo é quem paga o pato, na verdade todos vão seguir a linha não sei, não fui eu, não vi nada e por ai á fora....
Anônimo disse…
Isso para mim não é novidade . Tambem fui punida por denunciar e falar a verdade , mas nesse país quem tem as leis nas mãos interpreta-as a seu modo . Fui punida com 3 meses de suspensão sem direito a salário , enquanto isso , minhas denuncias não foram apuradas , para a SEE isto não conta.Ainda por cima tive 2 processos no MP, de calúnias q foram arquivados por falta de provas. É moleeeeeeeeeeee.
Prof Suely Valente