Imprensa gazeteira


Imprensa gazeteira é o título do melhor artigo que eu já li sobre educação, publicado em O Estado de São Paulo na época em que esse jornal ainda dava uma cobertura decente do assunto Educação. A autoria é do excelente jornalista Luiz Weis e o texto data de, pelo menos, quinze anos... (ainda vou escarafunchar em minhas papeladas e copiá-lo aqui!). De lá para cá, a qualidade da cobertura da educação na mídia brasileira foi escorregando ladeira abaixo até cair no abismo. Leia abaixo os comentários do nosso amigo Mauro, do Coep, sobre mais um texto "light" da hoje maior autoridade jornalística do Brasil (!) em educação, Gilberto Dimenstein.

Ah, que saudades do Luiz Weis, do José Nêumanne, da Rosa Baptistella... Acho que estou ficando velha, rsrs.
Só discordo de um ponto do amigo Mauro: hoje o aluno percebe direitinho que não aprende nada na escola...

No artigo "País do faz-de-conta" (Folha de São Paulo, 16/03/2008), o jornalista Gilberto Dimenstein comentou os resultado do Saresp 2007:

"Está aí o custo daquela brincadeira de que, no Brasil, o aluno faz de conta que aprende e a escola faz de conta que ensina -o resultado final é a cidadania do faz-de-conta."

Esta frase demonstra um enorme preconceito contra nossos alunos e comete um equívoco absurdo: coloca no mesmo nível a responsabilidade do aluno (pessoas de 7 a 15 anos) com a direção escolar (profissionais com mais de 8 anos de magistério). Pior do que isso só mesmo o fato do jornalista usar uma frase que ignora as responsabilidades dos "professores" e as dos governantes!

A realidade das escolas brasileiras é mais sinistra: O aluno pensa que aprende, o professor finge que ensina, o coordenador finge que coordena, o diretor finge que dirige a escola, o supervisor finge que fiscaliza, e o governante finge que prioriza a educação... Mas o trouxa do contribuinte sempre paga a conta deste "cabidão de empregos" e os alunos carregam as marcas da ignorância por toda a vida.

Há mais de 10 anos o Movimento Comunidade de Olho na Escola Pública (COEP) vem dizendo que SP tem uma das piores escolas do Brasil. A novidade do Saresp 2007 foi a divulgação das notas por escola. Mas a corporação de professores, diretores e governantes já conhecem estes dados catastróficos desde 1996. Os 10 anos do Fundef (Fundo do Ensino Fundamental) aumentaram o rendimento dos professores em mais de 100%. Mas a falta de fiscalização e de punição para os que não cumprissem as metas levou ao absurdo de piorar uma educação que já era péssima.

Mauro Alves da Silva

Comentários

Anônimo disse…
Giulia,

Se fala muito sobre a saresp (estadual), mas e a prova Brasil(municipal)???
Afinal, temos ou não temos como ter acesso aos seus resultados?

Beijos
Anônimo disse…
Sônia,

O prefeito e a "Bela Adormecida" fizeram um pacto da mediocridade com o pseudo-sindicato das professorinahs da cidade de São Paulo. Eles nã vão divulgaro so dados da Prova São Paulo. Acho que devemos entrar com uma ação judicial para obtrer tais dados...

Giulia,

Eu fiz referência aos alunos do ensino fundamental (7 a 15 anos). Certamente uma criança de 7 a 12 anos pode não saber que está sendo enganada pelos seus professores e pela escola pública.

A dura realidade só vai ser vista quando o aluno for disputar uma vaga no mercado de trabalho ou prestar vestibular para um boa universidade.

é isso.

s. paulo, 16/03/2008
Mauro A. Silva
Movimento Comunidade de Olho na Escola Pública
Giulia disse…
Mauro, como sempre, the best!
Ricardo Rayol disse…
o fingimento generalizado é bizarro.
Anônimo disse…
“O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.”
Albert Eistein

beijos
Danielle
Anônimo disse…
Mauro, desculpe a minha falha, disse prova Brasil, qdo na verdade queria dizer prova São Paulo. Mas, se nós não temos acesso a essas notas, como é que a diretora do EMEF IMPERATRIZ anda distribuindo resultados referente a essa prova???
Se ela tem acesso e distribui o resultado pra quem quiser, então é fácil dagente conseguir, não!?
Anônimo disse…
Sônia,

As notas da Prova São Paulo foram distribuídas para as escolas.
Os conselheiros do Conselho de Escola tem o direito de ver estas notas. Até mesmo porque ele tem responsabilidade na proposta educacional e no acompanhamento pedagógico da escola. é o conselho de escola quem deve aprovar as aulas de recuperação, por exemplo.
Você deve requisitar as notas junto à direção escolar.

Na cidade de S. paulo existe uma lei municipal de proteção e defesa do usuário dos serviços públicos prestados pelo Município de São Paulo (lei No 14029):
Dos Direitos Básicos
Art. 2º São direitos básicos do usuário:
I - a informação;
II - a qualidade na prestação do serviço;
III - o controle adequado do serviço público.

No Estdo de São Paulo, a lei é a de número 10.294, de 20 de abril de 1999.


É isso.

São Paulo, 17/03/2008.
Mauro A. Silva
Movimento comunidade de Olho na Escola Pública
Anônimo disse…
Bom Dia a todos
A prova São Paulo não é divulgada? Que absurdo é este?
Afinal avaliação externa é para ser usada, abusada, triusada( existe isso?) para replanejar as ações e corrigir o que não vai bem.
O resultado do saresp é público e affffffff mãe, como temos que melhorar.
Temos que mostrar aos professores, muitas vezes esfregando buça abaixo de uns que se acham o rei/rainha do magistério e na realidade é um simples dador de aulas.
Temos que divulgar aos pais e discutir sua visão das aulas e doq ue nao anda funcionando.
Giulia você não errou não temos a Prova Brasil tbém que por sinal nunca retonam com o resultado.
É um pais do faz de conta mesmo,mas enquanto gritarmos, incomodamos, pq nao acredito em vontade política séria nao.
Perdao, mas não acredito mesmo, só acredito na comunidade berrando, exigindo que seus impostos sejam melhor usados.
Andarta
Diretor de escola pública
Anônimo disse…
Andarta,

Seus comentários me dão a certeza de que ainda, existem pessoas de boa vontade.

Obrigada!