O discurso vazio


Nossa amiga professora Glória nos encaminhou o texto abaixo, da colunista Eliane Cantanhêde, que impressiona pela tendenciosidade e leviandade. Mais uma vez o assunto é o professor e a eterna lenga-lenga de seu salário “de fome”, que a nossa sociedade responsabiliza pelo fracasso da educação no país.

No apogeu da imbecilidade, o texto reza: “Pensando bem, há algo errado com o professor. É tonto? É incompetente? Será burro? Quem paga esse pato é a criança brasileira. Ou seja, o futuro do Brasil.” Mais uma vez tenta-se insinuar que a qualidade do ensino é diretamente proporcional ao salário do professor. Mas em um ponto a colunista está certa: há algo de profundamente errado com o professor que não consegue alfabetizar uma criança. E, nesse caso, ele provavelmente merece os adjetivos que esse texto lhe atribui.

Para arejar um pouco, trago novamente aqui o link para o artigo de Gustavo Ioschpe Professor não é coitado
http://veja.abril.com.br/gustavo_ioschpe/index_071207.shtml. Quem sabe, um dia “a ficha cai”...

Na Folha de São Paulo, 18/4/08:

ELIANE CANTANHÊDE

O professor

BRASÍLIA - Pego carona na mensagem que recebi ontem do leitor e educador paraense Kleber Duarte, em que ele reclama dos salários de fome dos professores, para fazer algumas comparações. Um professor não tem cartão corporativo nem para comprar tapioca de R$ 8, quanto mais para se hospedar em hotéis cinco estrelas no Rio de Janeiro, freqüentar restaurantes caros e alugar carros com ar condicionado para passear por aí nos fins de semana, alegando "compromissos funcionais".
Um professor não tem cartão -aliás, nem cheque- para pagar R$ 1.000 em abridores de garrafa, R$ 2.738 em três lixeiras, R$ 36.603 em TV e som e R$ 21.600 em "telas artísticas", como fez o reitor da UnB -e com dinheiro público.
Um professor não viaja para EUA, Alemanha, Portugal, Espanha e China fazendo comprinhas de R$ 2.217,27 na loja Nike, de material esportivo, ou de R$ 2.988,21 na Best Buy, de eletrônicos, e trazendo a conta depois para a universidade. Como o reitor da Unifesp (federal de São Paulo), dizendo agora que "botava no bolso sem explicar".
Um professor não ganha DAS (aquela remuneração especial da nata do funcionalismo), muito menos para fazer dossiê com arquivo morto para usar contra antecessor e adversário político do chefe. Um professor também não ganha aumento acima da inflação, como acabam de ter os funcionários não-concursados da Câmara, que já estão entre mais bem remunerados do serviço público.
E um professor está a anos-luz de ter o salário de R$ 13 mil a R$ 18 mil dos auditores fiscais, que conseguem mobilizar uma greve tão bem-sucedida a ponto de paralisar a entrada de caminhões nas fronteiras com a Argentina e o Uruguai e afetar o comércio do Mercosul.
Pensando bem, há algo errado com o professor. É tonto? É incompetente? Será burro? Quem paga esse pato é a criança brasileira. Ou seja, o futuro do Brasil.

Comentários

Anônimo disse…
Olha, eu acho que essa senhora não quis dizer dos professores, ela quis foi chamar a atenção para os demandos que está acontecendo em Brasília. Pq se a intenção dela fosse de fato falar dos péssimos salários, certamente ela iria começar pelo salário de fome (literalmente) que muitos brasileiros ganham, pois nós todos sabemos que os professores ganham bem demais e tem mordomia demais tbm, para fazer de menos (não todos, mas a grande maioria e bota maioria nisso).
Tonto, incompetente e burro foi esse texto, onde essa senhora não disse nada com coisa nenhuma.

E eu ainda perdi meu tempo de ler...
Giulia disse…
Aêêêêê, Fernanda! Que bom que você fez a leitura correta (mesmo tendo perdido seu tempo para ler, rsrs). A gente traz esses textos para mostrar como a educação recebe uma péssima cobertura da mídia. E é uma satisfação receber um comentário inteligente. Certamente essa colunista queria (ou precisava) apenas "encher lingüiça", provavelmente ela é "obrigada" a escrever X textos por mês, ou por bimestre, ou por semestre... E a FOLHA DE SÃO PAULO é um jornal que precisa agradar seus leitores!!! Para não perder a boquinha, a Eliane escreveu o que A SOCIEDADE GOSTA DE LER: que o professor é um coitadinho e que a qualidade do ensino só vai melhorar quando ele... o quê?!?!? puder comprar um abridor de garrafas de mil reais????? rsrsrs Ou então gastar uns dois três mil para incrementar o figurino na academia????? rsrs
Essa colunista bebeu demais antes de escrever o artigo! Eliane Cantanhêde para Anta da Educação do mês! rsrs
Moral da história: na falta de textos no mínimo decentes sobre educação, vale chamar a atenção para a idiotice desses outros, na esperança de que as pessoas saibam ler. Parabéns, Fernanda, você aumentou minha esperança!
Anônimo disse…
Giulia, aproveitei e enviei tudo para a jornalista, com link do seu blog.
Adorei a indicação para o troféu Anta para Eliane Castanhêde... Muito merecido!
Ricardo Rayol disse…
a (in)capacitação de nossos profissionais é uma maravilha. O problema é que eles tem maior força corporativa que o alunato que paga o pato.
Giulia disse…
Pra não dizer, Ricardo, que o alunato não tem força corporativa alguma!!! Os pais da rede pública morrem de medo da perseguição contra seus filhos, que é acionada ao primeiro pio que eles derem para criticar a escola, e os da rede particular são convidados a retirar seus filhos da escola quando "incomodam"...
Pelo contrário, os sindicatos dos professores são a maior força política deste país...
Anônimo disse…
A mãe sabe que a madrasta não gosta da filha, ams mesmo assim deixa a criança com ela. A madratas "esgana" a enteada, o pai joga o corpo pela janela. E os professores é que são animais?
Aprendiz disse…
CARO ANÔNIMO DAS 19:56

Seria melhor se você dissesse coisas mais coerentes. A sua defesa dos professores baseia-se na existência de assassinos e irresponsáveis na sociedade? Então, com tal "argumento" você provou que os professores brasileiros são capacitados e dedicados? Genial, você!!!
Vera Vaz disse…
Mas isso sim é o que eu chamaria apelar para a ignorância!

Quer explicar isso com esse argumento?

*Educação tucana: Alunos da rede pública estão abaixo do básico*
O desempenho de até 96% dos estudantes paulistas está abaixo do adequado
para a série escolar que cursam.

O Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo
(Saresp), avaliou, em novembro do ano passado, 1,8 milhão de alunos das 1ª,
2ª, 4ª, 6ª e 8ª séries do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio em
60.965 mil escolas de todo o Estado.

Foram aplicadas provas de Matemática e Português. A partir da 4ª série
exigiu-se ainda uma redação.

Na 4ª série o índice de estudantes com desempenho abaixo do adequado foi de
81%; na 6ª, de 78%; e na 8ª, de 94%.

Entre alunos do 3º ano do ensino médio, 96% tiveram desempenho abaixo do
básico em matemática.

Os dados foram divulgados ontem pela Secretaria de Educação do Estado, há 12
anos controlada pelo PSDB.

Publicada na Tribuna Cidadania nº
35http://www.smabc.org.br/interag/tribuna_pdf/215832.pdf(em formato
PDF, 1,28 Mb)
Anônimo disse…
VC PERDEU UMA ÓTIMA OPORTUNIDADE DE FICAR DE BOCA CALADA.

SUA BOCA MAIS PARECE ESGOTO, SÓ SAI ...., DEIXA PRA LÁ!

OLHA, SE OS PROFESSORES SÃO OU NÃO SÃO ANIMAIS, EU NÃO SEI, MAS VC COM CERTEZA É UMA ANTA.
Anônimo disse…
Oi Giulia,
Gostaria de mandar algumas fotos e vídeos da escola onde leciono em São Gonçalo. É um CIEP Municipalizado, uma verdadeira tragédia na história da educação fluminense. Como eu faço?

bj Danielle

p.s. Seria tão bom se o SEPE fosse realmente forte e protecionista, nós aqui em SG agradeceriamos muito.
Giulia disse…
Oi, Danielle, é muito fácil: mande para o nosso e-mail educaforum@hotmail.com

Aliás, pediria à Vera que aumentasse o tamanho da letra do e-mail no blog, pois parece que é pouco visível. Você pode fazer esse favor, xipó? Tks!
Anônimo disse…
Esta manha a figura disse na Globonews que o governo esta inerte, deveria fazer o dolar subir e o petroleo cair!!! Que tal um limite para a burrice e falta de senso e descuido e...