Mães e pais, concordam?


Antes de mais nada, uma florzinha para nós mães, né?...

O Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial e a Fundação Victor Civita fizeram uma pesquisa junto a 840 pais de alunos da rede pública para saber o que eles esperam da escola dos filhos. Leia o resumo dos resultados aqui http://www.braudel.org.br/pesquisas/pdf/ApresentPesquisaPais.pdf e poderemos passar algum tempo avaliando esses números.

Alguns aspectos achei muito interessantes e o que mais me impressionou foi o seguinte: apesar de quase metade dos pais entrevistados não terem completado a 8ª Série, eles souberam definir o que é um bom professor: “aquele que explica de forma que todos entendam”. Está assim provado que, ao criticar os profissionais incompetentes, os pais não querem tomar seu lugar ou “ensinar o pai nosso ao vigário”, apenas mostrar que estão insatisfeitos.

Outro ponto alto da pesquisa comprova, de forma indireta, o que estamos cansados de denunciar aqui: que as bibliotecas das escolas estão inativas. Os pais entrevistados mencionaram como local mais utilizado pelos filhos para pesquisas as lan houses – 12,6%, contra 4,5% das bibliotecas escolares. Pois é, pesquisar o quê em biblioteca fechada, rsrs?

A questão da aula vaga foi mal conduzida, talvez pelo fato de a pesquisa ter sido feita com “questionário estruturado”, que eu entendo ser um formulário padrão. De acordo com a pesquisa, os professores faltariam em média apenas cinco dias durante todo o ano letivo. Se esses pais tivessem preenchido o formulário disponibilizado mensalmente pelos PaisOnline para contabilizar as aulas vagas dos filhos durante apenas um mês http://paisonline.homestead.com/form.html, os resultados seriam bem mais realistas. Aliás, se o Instituto Fernand Braudel quisesse fazer essa pesquisa ainda este ano, seria bem interessante, mas com outros pais e de forma totalmente confidencial. Nós cansamos de sugerir aos grandes meios de comunicação, principalmente à Rede Globo e ao grupo Folha de São Paulo, que entregassem esse formulário para seus funcionários que têm filhos estudando na rede pública, mas ninguém nos deu ouvidos.

Outro grave problema foi mal dimensionado pela pesquisa, por se tratar de assunto tabu: a violência nas escolas, que é aliás o tema mais recorrente neste blog. Geralmente, os pais de alunos só ficam sabendo das agressões sofridas por seus próprios filhos e não sabem como agir, pois são imediatamente procurados para colocar panos quentes, como foi o caso do garoto agredido por um professor na EE Lucas Roschel Rasquinho, quando a diretora da escola pediu “pelo amor de Deus” para não fazer BO. Esses problemas costumam ser imediatamente abafados pela escola, e vazam apenas pelo relato de crianças e adolescentes, que são sumariamente desqualificados. Os poucos pais que se atrevem a questionar as agressões sofridas por colegas dos próprios filhos costumam ser tratados como intrusos. Foi o caso das mães da EMEF Imperatriz Dona Amélia, quando denunciaram a funcionária que atirou um sapato nas costas de um aluno e ouviram da diretora que ela só tomaria conhecimento se a própria mãe do menino fizesse a denúncia. E a partir daquele dia a mãe do aluno agredido sofreu uma lavagem cerebral tão grande que acabou não tomando providência nenhuma: não fez BO e acabou sendo “convencida” de que se tratou apenas de uma brincadeira... A grave questão da violência interna das escolas começa a ser abortada nas reuniões de pais, onde diretores e professores já saem falando dos “alunos bagunceiros” ou “laranjas podres que contaminam as outras”, dedurando e demonizando alguns “maus elementos” e tranqüilizando a maioria dos pais com frases do tipo: “Fiquem tranqüilos, vocês souberam educar seus filhos, o problema são os alunos cujos pais estão ausentes”, ou então “Seu filho não, ele é muito bonzinho, os moreninhos é que estragam a classe”... Assim, a questão da violência é tratada de forma muito superficial na escola e a própria direção já incute nos pais a idéia de que a melhor solução é o policiamento, como aliás indica a própria pesquisa. Os pais que têm uma visão mais crítica, porém, percebem que a questão não é tão simples assim. A Revista Nova Escola, http://revistaescola.abril.com.br/home/, que aliás fez uma boa reportagem sobre a pesquisa, relata a fala de uma mãe preocupada, que diz: ”Já presenciei cenas de violência na escola das minhas filhas e me preocupo. Mandei uma carta à escola, mas a direção se sentiu ofendida.”
.-.
Mas o que mais me preocupou nessa pesquisa foi a péssima imagem que os pais de aluno têm da Progressão Continuada, o sistema de avaliação e recuperação que gestores incompetentes e/ou professores relapsos transformaram em "empurração automática". Já cansamos de repetir aqui que se trata justamente de um sistema de AVALIAÇÃO e RECUPERAÇÃO. Sem avaliação nem recuperação contínuas não existe Progressão Continuada e portanto, o governo ou a escola que dizem "utilizar" o sistema mas não fazem a AVALIAÇÃO CONTÍNUA + RECUPERAÇÃO CONTÍNUA dos alunos estão usando de má fé. A idéia de Progressão Continuada é tão deturpada nas escolas porque os pais não são informados a respeito das questões pedagógicas, às quais não têm acesso algum!!! Eles não têm acesso à simples equação
PROGRESSÃO CONTINUADA =
AVALIAÇÃO CONTÍNUA + RECUPERAÇÃO CONTÍNUA,
pois, se tivessem, poderiam cobrar o que escola não proporciona aos seus filhos. E, muitas vezes, até escolas particulares "de alto nível" não fazem a avaliação nem a recuperação de seus alunos, como foi o caso daquele pai de Belo Horizonte que entrou com ação contra a escola por não ter diagnosticado o problema de sua filha disléxica, que queriam simplesmente expulsar.

Pronto, já falei mais que a boca, rsrs. Gostaria agora de ouvir a opinião de vocês sobre essa pesquisa!

Comentários

Anônimo disse…
Giullia
Fui procurada por esse instituto e não morando em São Paulo não foi possivel participar
Achei que tinha avisado você e a Caroline
Nem bem acabei de pagar a mudança e estou voltando.
Estou em São Paulo até quinta feira de manhã
me telefone é 37514432 chego a noite.
Giulia disse…
Cremilda, não consigo falar contigo! O telefone está sempre ocupado ou na secretária. Me liga, por favor!
Unknown disse…
Giulia e Cremilda:

Quando o capeta vai levar voc�s?