
Aluna perde parte do dedo em escola pública do Rio
Isabel Boechat - Extra
RIO - Um professor de matemática é acusado de aplicar um castigo a uma aluna, de apenas 10 anos, que deixa a antiga punição por palmatória no chinelo. O professor Aliomar Baleiro Filho decepou o dedo da pequena Lara Modesto da Fonseca - que queria ir ao banheiro à revelia do educador - dentro da sala de aula, na Escola Municipal Roma, em Copacabana. (Leia mais aqui http://extra.globo.com/rio/materias/2009/01/08/professor-acusado-de-decepar-dedo-de-aluna-intimado-depor-587989972.asp)
Segundo Lara, ela pediu duas vezes para ir ao banheiro e não teve o seu pedido atendido pelo professor de matemática.
- Na primeira vez que pedi, ele disse não. Na segunda não me respondeu uma palavra. Eu me levantei porque precisava muito ir ao banheiro. Quando cheguei na porta, levei um susto porque ele a fechou e prendeu o meu dedo. Avisei que o meu dedo estava preso e ele continuou batendo com as costas na porta pressionando o meu dedo. Caí no chão com a mão sangrando e ele disse: eu avisei que você iria sair da porta - lembrou a menina.
Os pais da criança, os auxiliares de serviços gerais, Marco Aurélio Teixeira da Fonseca e Suzana Modesto da Silva, ambos com 39 anos, estão revoltados com a escola e com o professor e querem justiça. Marco Aurélio registrou queixa na 12ª DP (Copacabana) e entrarão com um processo civil contra o estado e o professor.
- O que ele fez foi brutal. Eu não o perdoo. Queremos que ele seja punido por esta barbaridade. Mesmo que ela tivesse feito alguma desobediência, ele não poderia ter agredido a minha filha.
Silêncio na Secretaria
Suzana Modesto contou ainda que foi à direção e, quando chegou, a filha já estava na ambulância. - Ele nem apareceu para falar conosco. A diretora nos procurou para oferecer ajuda quase um mês depois, quando não precisávamos mais. É revoltante o que ele fez com a minha filha. Nós queremos justiça. Como uma pessoa assim pode lecionar? - indignou-se.
Ainda segundo informações dos pais da criança, Lara não voltou a ter aulas com o professor Aliomar.
- A Lara voltou à escola depois de um mês, apavorada, mas fomos informados pela direção de que ele não estava mais dando aulas no colégio. E que um professor de reforço assumiu a turma, mas não me disseram onde ele leciona atualmente.
A Secretaria municipal de Educação informou, através de sua assessoria de imprensa, que não se pronunciará sobre o assunto até que o inquérito policial instaurado esteja concluído. O professor Aliomar Baleiro Filho foi procurado pelo Extra, mas se recusou a falar sobre o caso, assim como a diretora da Escola Municipal Roma, Leila Maria Brasiliense Cavalcanti.
Sepe repudia qualquer tipo de violência
O Sindicato dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro informou, através de sua assessoria, que irá colher mais informações para acompanhar o caso de perto, mas que em nenhum momento o professor Aliomar procurou o órgão. Ainda segundo informações do sindicato, mesmo que o professor procurasse a ajuda do sindicato, neste caso, ele não seria beneficiado. O sindicato explicou que não prestaria assistência jurídica, uma vez que o órgão repudia qualquer tipo de violência. E ainda que, como os indícios levam a crer que o professor provocou a lesão na menina, o sindicato diz que não aceita ou protege nenhum profissional com falha na conduta como educador ou profissionais negligentes.
" Vamos correr atrás dos direitos desta família. O que aconteceu foi um absurdo "
A advogada Paula Maria Lacerda, que cuida do caso, informou que no início da próxima semana entrará com um processo contra a Escola Municipal Roma e o professor Aliomar. Ela explicou que, apesar de a agressão ter acontecido em 26 de agosto do ano passado, o Fórum esteve em greve por três meses e, logo em seguida, entrou em recesso de fim de ano, impossibilitando a movimentação jurídica.
- Mas vamos correr atrás dos direitos desta família. O que aconteceu foi um absurdo. Ficamos indignados com essa história e não podemos deixar uma arbitrariedade destas acontecer, principalmente, numa escola.
Grave e dolosa
No registro inicial da ocorrência feita na 12ª DP (Copacabana) , em agosto, constava o crime de lesão corporal culposa, quando não há a intenção de cometê-la, e o caso foi encaminhado ao 4º Juizado Especial Criminal. No entanto, ao ser analisado, o órgão entendeu que a lesão foi dolosa - quando existe a intenção - além de gravíssima. O caso foi encaminhado, em novembro, à Primeira Central de Inquéritos do Ministério Público (MP). Segundo informações do MP, o processo foi devolvido à 12ª DP (Copacabana) para abertura de inquérito policial.
Mãe reclama da atitude da escola
Mãe reclama da atitude da escola
A mãe da menina, Suzana, conta que o seu medo, apesar de o professor não estar mais lecionando na Escola Municipal Roma, é que as agressões se repitam com outras crianças.
- Alguma coisa tem que ser feita. Mesmo em outra escola, o que ele vai fazer? Arrancar o dedo de uma outra criança?
Orientação do colégio
A mãe da menina Lara disse que, no mesmo dia da ocorrência, procurou a direção, mas não encontrou o professor:
- Ele ficou na sala com um outro professor enquanto tudo acontecia. Depois meu marido foi à escola e não o encontrou. Não houve um pedido de desculpas.
A mãe de Lara contou ainda que foi orientada pela direção da escola a não procurar a Justiça.
- Eles disseram que não o caso não iria dar em nada. No máximo, o professor pode perder o emprego. Mas e a minha Lara, que perdeu parte de um dedo? - indaga Suzana.
Comentários
Além da punição do professor, a escola também precisa ser responsabilizada, pois abafou o assunto e ainda recomendou aos pais que não procurassem a Justiça, COMO SEMPRE ACONTECE NESSES CASOS! Esse é o filme que nós estamos carecas de ver!!!
A diretora que torceu o dedo de uma menina de 7 anos e depois a mandou varrer o pátio da escola só foi afastada dois anos depois e não por esse motivo: foi porque o BOOK de denúncias sobre a escola dela já era tão grande que não dava mais para a SEE dormir em cima do assunto! Para tudo existe um limite e infelizmente o nosso trabalho não passa de uma maratona para arrancar da areia o pescoço dos avestruzes de plantão...
O blog da Rosely Sayão está bombando de comentários sobre a questão da responsabilidade da família pelo fracasso escolar dos filhos. Vale uma visita por lá. Eu já pentelhei bastante com meus comentários, rsrs.
Querem ver como não vai acontecer nada com o tal professor?
Nem os que têm vínculo empregatício com as redes de ensino são punidos por seus atos, imaginem o "amigo da escola".
Vão alegar que era uma pessoa não habilitada para o trabalho (o que é verdade, mas está cheio disso pelo Brasil afora) e poderão processar apenas o Estado ou prefeitura.
Sou contra esse negócio de voluntário, de favores, acho que na educação, o profissional tem que ter deveres a cumprir e não favores...
Eles nem se incomodam, não sentem dor, são insensíveis, são desumanos...
Eles nem se incomodam, não sentem dor, são insensíveis, são desumanos...
Não é professor e também não é funcionário. O cara não é nada ligado a educação. Agora eu me pergunto, o que um cara destes estava fazendo na escola?
Professor voluntário? Se não tem paciência com adolescentes, seria melhor não fazer nada. Melhor seria que os alunos ficassem com algumas aulas a menos do que com dedos a menos...
Tudo que vejo aqui é um descaso com os nossos adolescentes.
Ainda bem que no caso da aluna do Rio o caso está sendo encaminhado.
Aliás, não só na escola, mas também nas casas as crianças estão sendo espancadas, agredidas física e moralmente.
Uma pena. Nunca sairemos do terceiro mundo
Hoje mesmo minha filha de sete anos pediu ao professor de artes para ir ao banheiro eo mesmo se negou até o ponto que minha filha "fez" tudo na roupa, nesse momento o professor pediu para que ela fosse procurar o monitor para que a levasse ate a secretaria a qual pediu que fossemos busca-la, lamentavel deixar as nossas crianças com "profissionais" desse nivel ...
Estou desesperada! Meu filho ficou reprovado porque entregou a prova antes de terminar, pois estava com vontade de ir ao banheiro e a professora não deixou. Entregou a prova com uma questão em branco e fez diferença esses pontos, resultando em sua reprovação. O que posso fazer?
Me ajudem!