Como eles conseguem encostar a cabeça no travesseiro?...


Certos profissionais da educação dizem que este blog "denigre a escola pública". Para eles, tudo está ótimo, pois tiveram vários dias de folga (além das costumeiras aulas vagas), durante uma greve que lhes valeu a conquista de suas reivindicações sindicais. Além disso, seus próprios filhos estudam na rede particular, portanto, qual o problema?...

Vamos começar pelo fim: a rede particular, no Brasil, é tão ruim quanto a pública. A única diferença é que não existe o fenômeno da "aula vaga", essa vergonha nacional que solapa aos alunos de 20 a 30% do ano letivo.

Nós, que temos ou tivemos nossos filhos na rede pública, sabemos que ela poderia ser muito melhor do que a particular, pois essa visa geralmente apenas lucro e não prepara os alunos para a vida. É por isso que continuamos lutando e não vamos desistir.

Denegrir a escola pública é o que fazem aqueles profissionais da educação que recebem para tratar seus alunos com violência física ou psicológica.

Denegrir a escola pública é o que fazem os diretores de escola que nunca estão em seu posto de trabalho, para atender a comunidade e resolver os problemas.

Denigrem a escola pública os supervisores de ensino que nada supervisionam, principalmente aqueles de Araraquara, que durante dez anos permitiram um esquema milionário de desvio de verbas da educação para o bolso da dirigente de ensino e seus diretores.

Mas os piores, aqueles que deveriam passar a noite em claro de remorso e vergonha, são as "altas autoridades" da educação, aquelas que elaboram políticas educacionais ineficientes e ineficazes. Sempre que se cobra isso dessas autoridades, a resposta é a mesma: "Estou há pouco tempo na função, já encontrei o sistema falho." Assim, ninguém assume a responsabilidade de nada. E os resultados são os seguintes:

  • Segundo o Pisa 2006, o Brasil está em 54º lugar em matemática e em 49º lugar em leitura (em 56 países).

  • A nota média do país é de 4,2 (sobre 10) até à 5ª Série e de 3,8 (sobre 10) da 6ª à 9ª (dados do Ideb).

  • 39,5% dos alunos não terminaram o Ensino Fundamental (Pnad/IBGE 2007)

  • 55,1% dos jovens brasileiros não concluíram o Ensino Médio (evadiram ou foram expulsos da escola). (Pnad/IBGE 2007)

  • 42,6% dos alunos do último ano do Ensino Médio estão acima da idade adequada (Saeb/Inep 2007)

Nós é que denegrimos a escola pública??? Não, nós é que lutamos com todas as nossas forças para que haja uma escola pública de qualidade PARA TODOS no Brasil. Uma escola onde TODOS possam ter as mesmas oportunidades.

Sem conhecer os problemas, não se pode buscar soluções. Ou vamos continuar enfiando a cabeça na areia, como de costume?...

Comentários

victor zazuela disse…
Como eles conseguem encostar a cabeça no travesseiro?

Conseguem sim, são totalmente desprovidos de sentimento.

Pensam em seus salários, que não são baixos. Na moleza que é enganar os outros.
Victor Zazuela disse…
"Nós, que temos ou tivemos nossos filhos na rede pública, sabemos que ela poderia ser muito melhor do que a particular, pois essa visa geralmente apenas lucro e não prepara os alunos para a vida. É por isso que continuamos lutando e não vamos desistir."
Giulia, vou discordar pra variar rs
A escola particular não prepara para a vida? Pelo contrário, é incutido nos alunos a necessidade do entendimento da dureza da competição na sociedade. Eles têm aulas de redação em disciplina específica, na maioria dos casos, pra enfrentar vestibulares concorridos e conseguirem as melhores vagas. Entre outros "preparos" para a vida.
Giulia disse…
Pois é, Victor, temos uma visão de mundo diferente. Nunca exigi que meus filhos fossem melhores do que ninguém, apenas desejei que encontrassem seu lugar na sociedade, sem precisar passar a perna em ninguém. Aliás, acho muito pobre essa idéia de resumir a vida a profissão e salário.Essa história de querer "o melhor" para os próprios filhos não é a minha praia. Caso contrário, não estaria aqui lutando pela igualdade de condições na educação, que está na Constituição brasileira, mas não é desejo da sociedade. O Brasil é um país esquizofrênico...
Edson F. disse…
Mas Giulia, sempre poetei a realidade, mas percebi que a sociedade de consumo exige tudo isso. O que podemos fazer é tentar estabelecer o equilíbrio entre humanidade e pragmatismo.
Iara disse…
Bem, Victor, eu tenho uma visão mais parecida com a da Giulia. Acho que a vida é muito mais do que ganhar um lugar ao sol no mercado de trabalho e não precisamos ceder à todas as demandas da sociedade de consumo. Acho que mesmo sem querer, acabamos cedendo a muitas dessas demandas, pois estamos tão inseridos nela que às vezes desejamos e compramos produtos e serviços sem perceber que estamos sendo induzidos a isso. Acho que vale a pena enfrentar essa ditadura quando conseguimos enxergar minimamente o que nos está sendo empurrado goela abaixo. Não podemos educar nossos filhos e alunos como se fossemos vítimas de um modo de vida contra o qual não podemos fazer nada e devemos apenas ceder e nos adaptar.