Não é de hoje que denunciamos o autoritarismo do sistema de ensino brasileiro, onde, somente para o aluno, existe tolerância zero.
Se o aluno não aprende: tolerância zero.
Se o aluno reclama que não aprende: tolerância zero.
Se o aluno atrapalha a aula e faz "bagunça": tolerância zero.
Se o aluno é acusado injustamente e se atreve a contestar: tolerância zero.
A tolerância zero para o aluno é a mesma, seja a escola pública ou particular, muda porém a forma. A escola particular, preocupada em não perder clientes, age de maneira mais "polida", a pública não faz rodeios:
O aluno da rede pública é sumariamente expulso.
O aluno da rede pública é convidado a se retirar.
A Constituição Federal não faz distinção entre escola pública e particular. Veja o que ela garante:
Art. 206 - 0 ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola
VII - garantia de padrão de qualidade
O aluno tem portanto direito a permanecer na escola em que está matriculado, seja ela pública ou particular. E essa mesma escola deve oferecer-lhe qualidade.
As mazelas da rede pública de ensino já foram aqui apresentadas de todas as formas. São, aliás, os próprios pais e alunos que nos trazem os problemas e pedem a nossa ajuda. De uns tempos para cá, porém, temos recebido muitas denúncias de pais de alunos da rede particular, quase todas com o mesmo teor: foram convidados a retirar os filhos da escola. Geralmente, trata-se de crianças que não "aprendem", ou seja, não conseguem acompanhar a classe ou, então, são alunos "bagunceiros", que perturbam o andamento da escola.
Em ambos os casos, o problema é o mesmo: incompetência da escola, que não consegue ensinar nem manter a disciplina na classe. Não foi à toa que postamos outro dia o vídeo de Rubem Alves que mostra a indisciplina como consequência da incompetência pedagógica da escola.
Em incompetência pedagógica o Brasil está entre os "maiores" do ranking mundial e ficamos muito felizes de não precisarmos comprovar esse fato notório, já que todas as demais denúncias postadas aqui costumam ser contestadas pela categoria. Raramente, porém, entende-se que a incompetência pedagógica leva à indisciplina e isso precisa ser bem compreendido. Matar a inteligência, a curiosidade e a alegria naturais da criança, exigindo que ela fique muda e pregada a um banco escolar durante horas, é o cúmulo da incompetência pedagógica.
Voltando à rede particular de ensino, geralmente os pais cedem ao pedido da escola e mudam os filhos para outra, pois se preocupam com o sofrimento deles e querem poupá-los. Além disso, é tão arraigada a crença nacional de que, em qualquer situação, o problema é o aluno e não a escola, que todos costumam aconselhar aos pais a mudar os filhos.
Nada porém garante que uma nova escola seja mais competente do que a primeira, nem mesmo na rede particular, pois sabe-se que apenas 10% das escolas privadas do país podem ser consideradas boas. Novamente, consulte-se o ranking internacional...
Moral da estória: em um país onde 95% das escolas não atendem aos requisitos básicos de ensinar a ler e escrever, pode-se deduzir que, em 95% dos casos, O PROBLEMA É A ESCOLA E NÃO O ALUNO.
Por esse motivo, costumamos incentivar os pais de alunos a COBRAR das escolas, e não simplesmente aceitar a expulsão de seus filhos ou o convite para retirá-los de lá:
COBRAR COMPETÊNCIA em ensinar e em manter o interesse dos alunos. Se não for possível ter escolas como sonha Rubem Alves, que respeitem e ensinem o aluno a pensar, que no mínimo elas se esforcem em melhorar e parem de querer se livrar dos problemas, expulsando ou convidando os alunos a sair da escola!
Senhores pais, apresentem à escola dos seus filhos os artigos da Constituição Federal que reproduzimos acima e não permitam que eles sejam duplamente vítimas, recebendo um ensino ruim e sendo responsabilizados por isso. Leiam os restantes artigos clicando aqui.
Comentários
Obrigada, caro ou cara anônimo (a), você acabou de me cobrir de razão.
Elas esperneiam, mas eu não deixo e ponto.
Interessante que tem um tal de prof.Fábio que não se toca que alí não é a sala de aula dele, que até dá a ordem.
- NÃO DELETE MEU COMENTÁRIO.
Acho até engraçado rs.rs.
Abre o post denunciando o autoritarismo do "sistema de ensino brasileiro" e seguir identifica a vítima através de uma repetição da palavra 'se' acompanhada de afirmações destituídas de fundamento: de que escola se está falando? É uma visão UNILATERAL,percebe? Mas, se no início o autoritarismo é do ensino brasileiro, o culpado se acha na escola, ou antes, ele se encontra na Unidade Escola. Sim, ele é o culpado por não manter seus alunos interessados. O grande culpado, O Professor!
A última pesquisa que eu li sobre o tema, se é que vc já não viu, mostra uma outra perspectiva:
"Violência nas escolas estaduais de São Paulo
1 de agosto de 2011 | 17h59 | Tweet este Post
Categoria: Geral
Mariana Mandelli
Cerca de 62% das escolas estaduais de São Paulo registraram, durante o ano passado, situações diversas de violência dentro do ambiente escolar, de acordo com relatos dos próprios diretores. São roubos, depredações, pichações, violência contra alunos, professores e funcionários e até brigas entre estudantes. A meta do governo é reduzir esse número para 52% até 2015.
O cenário atual e a meta a ser atingida constam do novo Plano Plurianual (PPA) para o período 2012-2015, ao qual o Estado teve acesso. O documento, que contém os objetivos e os investimentos até o próximo mandato, deveria ter sido concluído na...http://blogs.estadao.com.br/jt-seguranca/violencia-nas-escolas-estaduais-de-sao-paulo/
Boa Leitura
ABS
PS: não se ofenda, nada pessoal. Se vc preferir não precisa publicar esse comentário. Para algumas pessoas é mais difícil se educar em público.
Essas pesquisas são do Sindicato dos Professores.
Imprensa de modo geral ignora os pais e alunos, verdade, só mesmo os professores é que falam.
Estou passando por um problema de abuso de poder contra a minha filha de 11 anos por um colégio particular em Fortaleza, já fui em vários locais para expor a situação, inclusive no Conselho Tutelar que me apóia, vou tirá-la da Escola por conta do constrangimento causado pela Instituição e o meio receio é que a escola continue agindo da mesma forma arbitrária, covarde e cruel.