Comentário do artista plástico Fernando Naviskas:
Abandono intelectual é o que governo faz com a educação em geral. Esse sim comete crime. Punindo os pais por não se submeterem ao péssimo nível escolar comete um segundo crime. Que país é esse?!
Três episódios envolvendo pais e alunos brasileiros mostram claramente que este é o país onde a injustiça é legalizada. (Se é que alguém ainda tinha alguma dúvida sobre isto...)
Abandono intelectual é o que governo faz com a educação em geral. Esse sim comete crime. Punindo os pais por não se submeterem ao péssimo nível escolar comete um segundo crime. Que país é esse?!
Três episódios envolvendo pais e alunos brasileiros mostram claramente que este é o país onde a injustiça é legalizada. (Se é que alguém ainda tinha alguma dúvida sobre isto...)
- Sai finalmente a notícia de um caso que acompanhamos muito de perto aqui no blog: a aventura do casal de Belo Horizonte que resolveu educar seus filhos em casa, devido a uma série de motivos, todos justificados, tanto que os hoje adolescentes adquiriram muito mais conhecimentos do que na média das escolas do país e também tornaram-se pessoas muito bem adaptadas à sociedade. Relembre o caso através dessa reportagem do Estadão, que saiu quando os dois meninos ganharam uma viagem ao exterior em um concurso: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,sem-educacao-formal-irmaos-ganham-premios-,878400,0.htm Veja agora como os pais desses dois brilhantes garotos foram acusados de "abandono intelectual" e os meninos serão obrigados a estudar numa escola "qualquer": http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/01/25/justica-de-mg-obriga-pais-que-ensinavam-meninos-em-casa-a-matricular-filhos-na-escola.htm. Isso porque vivemos em um país onde as leis, mesmo injustas, valem mais do que as pessoas e os nossos congressistas, em vez de conferi-las e ajustá-las aos tempos, as usam feito papel higiênico...
- O segundo caso aconteceu em São Paulo em setembro, faltando apenas dois meses para o fim do ano letivo. O menino Paulo Henrique, aluno exemplar, educado e bem alfabetizado, fez uma brincadeira na internet e foi sumariamente expulso da escola. Você pode relembrar o caso clicando aqui. Apesar de termos conseguido demonstrar a irrelevância do fato, a diretora se recusou a aceitá-lo de volta. Investigando o caso, percebemos que a escola onde esse menino estudava era uma das piores da rede, com IDESP nota 1,51 para o Ensino Médio!!! Você pode ver inclusive, lendo o depoimento do Paulo Henrique no link acima, que ele escreve muito bem, certamente melhor do que certos professores daquela escola... Sugerimos então à família uma escola com IDESP bem melhor, no mesmo bairro. A Diretoria de Ensino aceitou a transferência para aquela escola, a família também concordou, porém sentiu-se lesada por todos os constrangimentos a que foi submetida durante a expulsão via Conselho de Escola e apelou para um advogado amigo da família, que pertencia a um dos melhores escritórios de advocacia de São Paulo. Pois bem: o juiz que cuidava do caso se negou a mexer com a escola! A escola, no Brasil, está acima de qualquer suspeita!!! Mesmo chamando a polícia para prender o aluno e sua família, mesmo criando um tribunal de exceção para expulsar aluno inocente, mesmo que a direção agrida, minta, calunie, a escola é intocável!!! Desse triste caso, ficou apenas a consolação de o aluno estar fora de uma escola que não merece ser chamada com esse nome, tanto pelo desempenho, quanto pela forma imoral como trata alunos e pais.
- O terceiro caso simplesmente evaporou. rsrs Depositávamos nele a grande esperança de que, pela primeira vez, pais de alunos teriam ganho de causa sobre uma escola particular VIP que, como sempre de forma "elegante", expulsou sua filha dislexa por apenas alguns pontos que faltavam para a média exigida: nota 7,00!!! Essa é a nota mínima que garante a posição de uma escola de "alto padrão" no ranking... Pois bem: a escola dessa menina ficava em Belo Horizonte e o pai dela era um dos melhores advogados da cidade. Por isso tínhamos a esperança de que ele conseguiria dar ao Brasil esse primeiro exemplo de punição para uma escola que excluiu uma aluna já matriculada há anos, sendo a caçula de três filhos que só estudaram naquela mesma unidade! Pois bem, esse processo foi se arrastando, arrastando desde 2008 e nos últimos dois anos não conseguimos mais contato com aquele pai. Oxalá ele tenha conseguido algum sucesso, infelizmente duvidamos. Se isso tivesse acontecido, ele certamente acionaria a mídia, como fez na primeira instância do processo e prometeu nos enviar o podcast que nunca chegou...
Devemos portanto entender que se trata de mais uma derrota que a "justiça tupiniquim" infligiu aos pais de alunos desta pobre terra sem educação, independentemente se tiverem seus filhos na pior escola pública ou na escola particular do "mais alto padrão". Salve-se quem puder!
Comentários
Meus pais compactuam com a maior parte das opiniões aqui escritas, e também são bastante contrários ao atual sistema de educação.
Tinham amigos próximos, com filhos da minha idade, que eram favoráveis às pedagogias "modernas".
Não sei bem se por dificuldades financeiras, desajuste ( bombei no teste pra entrar no Gracinha! haha ) ou por plena opção, depois de rodar um pouco, fui parar no Objetivo, onde eu consegui uma bolsa considerável.
O Objetivo é um colégio que honra o nome e a proposta: é um ensino totalmente direcionado a vencer um bimestre por vez, sem necessariamente absorver grande conhecimento no processo, e decorar o suficiente pra - no final - passar na Fuvest.
Paralelamente, meus pais me bombardeavam em casa com cultura, conhecimento e incentivo a respeito de tudo que me interessava.
Quando gostei de Cavaleiros do Zodíaco, por exemplo, aos 8 anos, me mostravam livros sobre as referências de astrologia, e mitologia grega/nórdica presentes na série. Quando gostava de aviões, enciclopédias da aviação. Quando demonstrei interesse por peixes, livros de biologia, visitas a aquários, mergulhos.
Sempre gostei de desenhar, logo sempre tive papéis, tintas, pincéis e materiais de boa qualidade ao meu dispôr, além de incentivo constante.
Basicamente, eles usaram cada um de meus próprios interesses - às vezes aparentemente fúteis e inocentes, pra me ensinar tudo que fosse relacionado a tal interesse.
Com isso, além de adquirir cultura, aprendi também a garimpar conteúdo por conta própria. Ainda pré-adolescente, já me via sozinho sentado na biblioteca procurando livros sobre algum determinado assunto.
Por outro lado, aquele ensino tão quadrado e ultrapassado do Objetivo me treinou pro mundo de uma forma que meus pais não conseguiriam. Aprendi a viver em paz com o sistema, trabalhar sem tesão, ter disciplina, argumentar pra me defender, impor minhas idéias, lidar com a ignorância, todos valores importantes também no mundo real, e que eu odiaria ter recebido dos meus pais.
Acho que, no final das contas, tendo pais liberais e abertos, foi interessante ter tido uma força tão sistemática e maior do que eu batendo de frente durante todo o processo.
Afinal de contas, o mundo em que vivemos é assim, e não tem como fugir disso.
Hoje tenho 26 anos, sou tatuador e ilustrador, tenho uma renda boa, moro sozinho, pago minhas contas e tenho reparado em mim algumas qualidades pra sair de situações ruins que eu devo a esse ensino quadrado.
É claro que não é o ideal, mas da forma como me foi administrado pelos meus pais, me fez muito bem.
Se eu tivesse filhos hoje, acho que tentaria dar a eles essa mesma educação, sem mudar nada.
Desculpa não fazer um comentário diretamente ligado ao texto. Quando o assunto vai pro âmbito jurídico, minha vontade é gargarejar com um copo de tachinhas.
Li bastante o blog, e gostei, por isso resolvi resumir minha história, não deixa de ser uma versão interessante, pelo menos pra mim.