Qualidade do ensino, pode cobrar!!


Alguma coisa está mudando na concepção dos pais e alunos da rede pública com respeito à qualidade do ensino: finalmente eles estão compreendendo que ela deixa muito a desejar, salvo raríssimas e honrosas exceções, que infelizmente só confirmam a regra. Até ao ano passado, as queixas mais frequentes que recebíamos eram sobre as absurdas percentagens de AULAS VAGAS, que ainda constituem uma praga na rede pública de ensino em todo o país, mas este ano pais e alunos parecem estar percebendo que não adianta ter mais aulas... de má qualidade! Este é um antigo questionamento do EducaFórum, sempre que políticos populistas prometem mais tempo de aulas por dia ou escola de período integral, sem se preocuparem em melhorar a qualidade do ensino. De que adianta aumentar o tempo que o aluno vai esquentar a cadeira na sala de aula, se for para aprender nada... por mais tempo!

Então comece a cobrar QUALIDADE da sua escola ou da escola do seu filho. Veja o que diz a legislação especificamente a este respeito:

Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - LDB
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
IX - garantia de padrão de qualidade

Consulte a qualidade da escola de seu filho clicando aqui: nota do IDEB. Se a nota vai de 1 a 5, a qualidade do ensino vai de péssima a sofrível. Provavelmente a escola vai responder que "o problema é seu filho". Não aceite esse argumento e exija uma escola melhor para ele! Mas tome cuidado: às vezes uma escola que apresenta uma avaliação baixa tem alguns educadores que fazem a diferença! É o caso da EE Luís Magalhães de Araújo, sobre a qual falamos no post Alunos de ouro, prata ou bronze? Essa escola é localizada na periferia de São Paulo, num bairro que já foi considerado o mais violento da cidade, Jardim Angela. Seu índice IDESP (avaliação das escolas estaduais) é muito baixo, mas alguns professores conseguiram despertar em vários alunos a vontade de estudar e de aprender, a ponto de eles se tornarem craques em matemática e conseguirem se classificar para o Festival Internacional de Ciência Quanta 2014, na Índia. Sem verbas para as passagens, que ficavam por conta de cada participante, os alunos lançaram uma campanha de arrecadação e conseguiram uma reportagem no Jornal da Band, que foi vital para o sucesso da empreitada. Assim, os alunos da EE Luis Magalhães de Araújo foram para a Índia representar o Brasil em paridade de condições com alunos de diversas outras escolas, muitas delas particulares e bem conceituadas. É assim que se constrói um país democrático! O esforço de mobilização que esses alunos tiveram para conseguir atingir seu alvo foi muito mais importante do que se eles tivessem conseguido as passagens doadas pelo governo (o que sabemos não iria ocorrer... rs). Estamos aguardando ansiosamente os relatos e as novidades contadas pelos alunos, após sua volta! A imagem acima é de toda a delegação do Brasil na Índia, e aqui neste vídeo você vai ver uma "aula" extracurricular muito importante (rs):




Com respeito aos demais direitos do aluno, veja a legislação básica neste link: Legislação básica da educação: anote aí!

Comentários

Anônimo disse…
Tempos maravilhosos quando na lancheira encontrávamos o sanduíche amassado e o suco espalhado. Quando havia tempo para colorir as gravuras do livro de Gramática. Até o medo que o diretor aparecesse sorrateiramente entre nós era um delicioso suspense. Sinto o cheiro daquela mal iluminada sala de aula, suas carteiras de madeira e ferro. A fé comovente dos professores. Sim, naquele tempo nossos professores tinham fé.

Se hoje eu perguntar a um professor o que é ter fé, ou ele lotará meus ouvidos de teorias empíricas pautadas na antropologia, ou citará um pensador, ou irá propor um trabalho sobre o tema, daqueles escritos, posteriormente entregues, avaliados e nunca comentados. Mas um tipo de mestre me dará medo, findará minhas esperanças. Será aquele que além de ter perdido sua fé, perdera também a capacidade de ouvir e enxergar. Apurou fatos, inspecionou teses, comprovou teorias. Mas não aprimorou sua leitura. Não enxerga seus alunos. Eles passaram a integrar a mobília.

Mesmo em um restrito plano de aula, muitas vezes exigido pela má conduta dos dirigentes escolares, a possibilidade de atingir um aluno é imensa. E só precisa de sensibilidade. Mais nada. Olhos e ouvidos treinados. De nada adianta ensaiar o plano de aula e elaborar avaliações que mais parecem um teste de nervos. Basta condicionar o olhar e permitir que os ouvidos escutem muito mais do que foi dito. Quanta riqueza já foi dispensada e até desmerecida pela falta de atenção. Alunos falam. Sim, eles falam!

Professor bom motiva através da palma de sua mão. Basta que seus alunos a vejam estendidas para si. É um encantamento, um processo de sedução. E como tal, advém da paixão. Um professor apaixonado distribui um pouco de sua loucura entre seus alunos, e sendo a loucura altamente contagiosa, o aprendizado será epidêmico. Impossível conter seus avanços.

Desejo um futuro mais luminoso para meus filhos, sem fronteiras. Quero mentes abertas ao novo, teoria inspirada na realidade, conclusões obtidas em conjunto e recheadas de informações. Ensinar é informar, instigar, construir junto. As escolas precisam parar de vender métodos e rankings e começar a oferecer o bem maior de qualquer nação justa: a formação. Concluir o ensino médio para só então descobrir a verdade não é frustrante, é imoral.

Patricia Martinez- mãe de três filhos,o mais velho no 2º ano ensino médio.
24/11/14
Giulia disse…
Olá Patrícia, certamente seus filhos estudam numa escola particular "de boa qualidade". Coloquei isso entre aspas porque às vezes as "melhores escolas" são as piores: aquelas que matam a curiosidade e o livre pensar. Como dizia Millôr Fernandes, livre pensar é... só pensar. Crianças tolhidas do seu senso crítico por uma escola que tenta manipular suas mentes ou simplesmente as treina para a obediência perdem sua identidade. Imagine então o que ocorre na rede pública! Mas as novas gerações parecem estar acordando e se rebelando ao autoritarismo, o que fica evidente a partir de tantas expulsões de alunos das escolas de todo o país. Quando certas situações chegam ao limite, a inteligência fala mais alto!