Lembranças da professora Marta Bellini


Quando somos crianças a magia vem para nos socorrer dos adultos. Na escola aquelas professoras bravas com suas tabuadas para memorizar (achando que tabuada é matemática, não é!), com a conjugação dos verbos... pretérito, presente do indicativo... professoras que gritavam de dia na sala de aula e que, talvez, em casa levassem surras de seus maridos. Uma brutalidade. Aliás, as escolas brasileiras são especialistas em brutalidades. Começa pela brutalidade da ignorância (a maior parte dos professores não lê, não estuda, apenas vomita as horríveis lições dos livros didáticos) e segue pelos caminhos da rudeza de espírito.
Eu lia tudo que tinha em Porto Ferreira, SP. Manuais de biotônico Fontoura, Seleções Readers (do meu vizinho), revistas de vampiros, novelas, Meu pé de Laranja Lima, José de Alencar (minha mãe comprou a coleção), mais tarde... Machado de Assis, Clarice... NO MEIO disto tudo o Disney , o idiota do Pateta com seu amendoim mágico.
Pequena, eu pensava que poderia degolar as professoras que tinha... comendo aqueles amendoins.

Comentários

@David_Nobrega disse…
Se eu te falar que tenho saudades do tempo de Dona Osmarina (É o nome mesmo. Professora de história. E das melhores) que colocava muito aluno de castigo, você me acredita?
Tenho saudades do tempo que o educador recebia respeito e salário condizentes com sua posição, tanto pelo que sabia, tanto pelo quanto sabia ensinar.
Giulia disse…
Depende do castigo. E você leu que nós também não queremos o professor "bonzinho", ele pode ser firme mas generoso e interessado no aluno. Veja, David, aqui neste blog você não vai encontrar posições convencionais, essas já mostraram que não funcionam, pelo menos para a grande maioria dos alunos da rede pública, que vêm de famílias carentes, que não têm o hábito da leitura em casa, que não estão acostumados ao diálogo e muito menos a emitir sua opinião. Para esses o professor autoritário (estou falando de autoritarismo e não de autoridade!) não funciona e é o que mais tem na rede pública. Autoritarismo e descaso. Quanto ao respeito, sou de opinião que se conquista. E o salário, como você bem diz, precisa ser condizente com a qualidade do trabalho de cada um. Estamos quase de acordo, rsrs.
@David_Nobrega disse…
Convencional ou não, aprecio a maneira como vocês expõe suas idéias. Tanto que lhes meti entre meus links lá em casa.
Se eu exagerar na controvérsia, me avisa, pois tenho o péssimo hábito a ser tendencioso ( sempre a meu favor, obviamente).
Um abraço e me quira bem. Pode não parecer, mas estou do mesmo lado.
Giulia disse…
Caro David, neste espaço valorizamos principalmente a sinceridade e a coragem de se expor. Não se preocupe, pois não temos melindres e também sabemos dar o braço a torcer quando forçamos a barra. Sua visita será sempre benvinda!
Anônimo disse…
Oi Giulia!

Obrigada pela lembrança! Qq dia deste lhe conto sobre a professora Moacyra, a onça brava....que eu odiava quando soube que morrera fiquei feliz. Pode?
Giulia disse…
Pode, Marta, pode! Mas você não fica com medo de assombração?... rsrs