Você acha possível alguém criar um esquema de corrupção sozinho?...
Claro que não, pois a palavra esquema pressupõe o envolvimento de diversas pessoas. De qualquer forma, para ocorrer corrupção são necessários no mínimo dois envolvidos.
Mais uma vez trazemos aqui o tenebroso “caso Araraquara”, que aponta uma das regiões mais ricas do país roubando dinheiro da educação. Já cansamos de falar sobre o Cronograma do esquema, sobre o Funcionamento do esquema e de mostrar As provas do crime.
Mas hoje temos duas novidades, uma boa e outra ruim. Primeiro a ruim:
O jornalista Glauco Cortez, que mantém o blog Educação Política, foi notificado judicialmente devido a comentários de seus leitores sobre o esquema de Araraquara. Esse assunto é tabu na grande mídia e os poucos meios alternativos que se atrevem a enfrentá-lo correm esse risco. O EducaFórum faz questão de solidarizar-se com o jornalista e condena a omissão dos grandes meios de comunicação, lembrando que omissão também é crime.
A boa notícia é a demissão da dirigente de ensino de Araraquara, que até o fim tentou convencer que nadava num mar de rosas... Até agora não sabemos se ela participava ativamente do esquema montado pela ex-dirigente Sandra Rossato, já que era supervisora de ensino na época, mas com certeza sabia de tudo. Sua demissão pode ter sido um sinal de que a Secretaria Estadual da Educação está acordando para a realidade. A realidade está registrada nos diversos Processos Administrativos que correm na própria SEE, mas até hoje não houve interesse em fazer justiça. O que pode ter mudado?
É o “Podrão”.
O “Podrão” é um inquérito policial gigantesco, contendo 20 volumes de notas fiscais frias, que se encontra no 2º DP de Araraquara e que a qualquer hora vai “explodir”. Seria uma atitude inteligente por parte do secretário Paulo Renato, recém-chegado à Secretaria e portanto livre de responsabilidades que cabem aos ex-secretários Rose Neubauer e Gabriel Chalita, punir os responsáveis antes que tudo venha a público de forma incontrolável. Nós fizemos a nossa parte, postamos em seu blog todas as informações anteriores sobre o esquema e vamos inserir também este post. Secretário Paulo Renato, chegou a hora da verdade: apoiar o partido ou apoiar a educação?...
Ainda cabem uns esclarecimentos:
Quem denunciou o esquema?Por incrível que possa parecer, foi a própria mandante, a ex-dirigente de ensino de Araraquara.
Por que?Para mantê-lo sob controle.
Como?Resumindo o funcionamento do esquema: a dirigente de ensino, alegando problemas “burocráticos”, mandava os diretores trabalhar com notas fiscais frias como se fosse a coisa mais natural do mundo, dizendo que isso “agilizava” a captação dos recursos. Ela pedia uma parte do dinheiro para “reformas ou necessidades da diretoria de ensino” e também mandava os diretores “guardarem uma parte para futuras necessidades”. Essas necessidades não existiam, era a deixa para que eles pudessem fazer seu pé de meia particular, assim como ela fez o seu. Ou talvez parte desse dinheiro tenha sido desviado para campanhas eleitorais. Se for assim, salve-se quem puder!...
Se você ler com atenção os depoimentos contidos nos links acima (cronograma e funcionamento do esquema), vai perceber que no início todos os diretores participaram, até por não entender direito onde estavam metidos, mas alguns começaram a se sentir incomodados e tentaram rebelar-se. Apenas alguns, pois os demais (ao todo 56 diretores de escola) aproveitaram o “pé-de-meia”, com o qual reformaram ou compraram suas casas, carro importado, pesqueiro etc.
Bem, os “rebeldes” tornaram-se um problema para a mandante do esquema e assim ela criou uma tática realmente maquiavélica: denunciou os diretores rebeldes – e só esses – como uma forma de amordaçar os demais que porventura tivessem alguma intenção nesse sentido.
Ela foi muito bem sucedida e alguns diretores de escola foram exonerados, até que uma das diretoras negou-se a participar do esquema e seu marido resolveu colher provas e mais provas de corrupção em todas as escolas às quais teve acesso. Isso permitiu a montagem do “Podrão”, que se espera ser conduzido de forma mais justa do que os processos administrativos da SEE.
Sobre os processos administrativos
A esse respeito também já falamos bastante aqui no blog, mas vamos resumir:
18 diretores de escola já foram investigados, porém nenhum supervisor, sendo que muitos estavam a par do esquema, orquestrado por Sandra Rossato dentro da própria diretoria de ensino. Alguns diretores de escola já foram julgados e exonerados e esperava-se que o julgamento da própria mandante do esquema fosse o último.
Mas não, ocorreu o contrário: no ano passado a ex-dirigente foi condenada a... 90 dias de suspensão, já estando aposentada. Dá para acreditar nisso? Uma piada de mau gosto!
Em compensação, uma das ex-diretoras "rebeldes" acabou de ter sua aposentadoria cassada. Agora veja a diferença: o processo contra a ex-dirigente contém 14 volumes, o processo contra essa diretora contém apenas 5. Algo está "podrão" no reino da Dinamarca.
Comentários
Eu não tenho muita intimidade com a internet, mas ví que tem gente postando em seu nome...lá no blog do Glauco..
A que ponto chega essa turma sem vergonha e sem juízo....
Jogam sujo mesmo....
Eu que já passei por isso tantas vêzes, sei como é....
A coisa pior que me aconteceu foi em relação aquele Coordenador Pedagógico da E.Adelaide Ferraz de Oliveira.
Ele fez duas vêzes,que eu descobrí, mas foi fácil encontrá-lo. Acionei a delegacia de crimes na internet e ele tirou os textos com minhas fotos do Desciclopédia.
Outra vez ele aprontou no Orkut.
Clonou e fez uma montagem de uma foto minha e um advogado da Comissão dos Direitos Humanos.
Fui depor na delegacia do Taboão da Serra, já descobriram que é o cara, mas até agora não soube de mais nada....
Periga ele ficar impune mais esta vez, mas pelo menos as autoridades sabem que foi obra dele, as autoridades sérias, digo. Se não tomam providência é outro problema...
Mas jogam muito sujo, a gente lida com bandidos capazes de tudo.
Eu já recebí ameaças de morte por telefone e trotes inscreditáveis envolvendo minha família.
É uma luta desigual mesmo...
Mas o que não podemos é nos vergarmos diante desse terrorismo, dessa pressão e dessa imundície.
Cremilda, fiquei superassustada lá no Glauco Cortez. Ele precisa tomar mais cuidado e moderar os comentários, não apenas por poder sofrer processo (como está sofrendo), mas para evitar casos de falsidade ideológica. Já viu eu falando "nunca desistirei"? Não é o meu estilo, certo? Tem um monte de comentários falsos em meu nome lá. Por favor, entre também lá e peça que ele modere os comentários.
É piada?
Que absurdo!
A Lei da Mordaça já foi enterrada. Como ainda é possível o exercício desta arbitrariedade???
Estamos perdendo a cabeça?! esse post mostra pq nosso país não vai para a frente, se aqueles q deveriam ser os que lutam pela educação estão se aproveitando do sistema para beneficio próprio, imagina os que fiscalizam o que não recebem para ficar de boca fechada!!!
Esse é o povo que temos, depois pergutamos de onde vem a corrupção no governo!!! será que são ET que estão no Senado/Congresso/Planalto?
Gente mesquinha que se acovarda e coloca no front "laranjas" pra dar dores de cabeça aos blogueiros.
Que laia mais baixa essa, heim!
Que vergonha!!!
PROCURADORIA GERAL DO ESTADO
GABINETE DO PROCURADOR GERAL DO ESTADO
COORDENADORIA DE PROCEDIMENTOS
DISCIPLINARES
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
Intimações:
Dra. Ana Paula Zomer Sica, Procuradora do Estado da
Coordenadoria de Procedimentos Disciplinares de Procuradoria
Geral do Estado – Rua Pamplona, 227, 9º andar – São Paulo, SP.
Fica Intimada a advogada: Dra. Luciana Rossato Ricci – OAB / SP
243.727, nos termos do despacho as fls. 765 que foi designado
o dia 17 de março de 2010 às 12:30 horas, para a audiência
da oitiva da testemunha da Administração. Referente ao PAD
82/2005, SE 1763/2005. Indiciada: R.K.
68 – São Paulo, 120 (28) Diário Ofi cial Poder Executivo - Seção I quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
http://diariooficial.imprensaoficial.com.br/nav_v4/index.asp?c=4&e=20100210&p=1
Abraços,
Regina Cardoso
Sem carteira, aluno senta no chão em escola de SP
Prédio novo também continha sobras de material de construção e goteiras
No primeiro dia de aula, escola reduziu tempo de permanência dos estudantes -foram apenas duas horas para cada turma
VINÍCIUS DOMINICHELLI
DO "AGORA"
Parte dos alunos da Escola Estadual Presidente Café Filho, no Campo Limpo (zona sul), voltaram ontem às aulas em um prédio novo, mas sem itens básicos para estudar. No primeiro dia de aula, eles tiveram de sentar no chão - em cima de pedaços de papelões-, pois ainda não havia carteiras.
Além desse problema, a escola reduziu o tempo do aluno na escola. Ontem, foram apenas duas horas de aula para cada turma. Isso aconteceu não apenas para os alunos do prédio novo, mas para todos os estudantes da unidade escolar.
Os alunos reclamaram que a nova construção estava com resto de material de construção e goteiras. Os professores sofreram com a falta de armários.
Uma das professoras, que pediu anonimato, disse que já tentou tomar providências. "Liguei para o Conselho Tutelar, mas disseram que aceitam esse tipo de denúncia só pessoalmente. Um aluno não pode ser tratado como lixo e ser colocado no chão."
Em obras
Dentro do novo prédio, os barulhos da obra, que ainda não foi concluída pelo Estado, continuavam mesmo com as aulas em andamento. Nos corredores havia muito pó e a sujeira.
Um pai de aluno, de 52 anos, disse que pretende tirar seu filho da escola o mais rápido possível. "Onde já se viu começar aula sem carteira para as crianças sentarem?", afirmou o homem, que também pediu que seu nome não fosse divulgado.
Do lado de fora do colégio, uma placa do governo do Estado informa que foram gastos mais de R$ 4 milhões com o prédio novo e outros R$ 3 milhões com reformas.
Comentário da Udemo: infelizmente, nenhuma novidade! Faltam carteiras, faltam professores, falta coordenador, faltam funcionários, falta material, falta merenda, falta limpeza. Nesta administração, falta tudo isso e sobra incompetência, obscurantismo e má vontade.
http://www.udemo.org.br/Leituras_462.htm
Matéria publicada no jornal Folha de São Paulo, de 19/02/10
Sem carteira, aluno senta no chão em escola de SP
Prédio novo também continha sobras de material de construção e goteiras
No primeiro dia de aula, escola reduziu tempo de permanência dos estudantes -foram apenas duas horas para cada turma
VINÍCIUS DOMINICHELLI
DO "AGORA"
Parte dos alunos da Escola Estadual Presidente Café Filho, no Campo Limpo (zona sul), voltaram ontem às aulas em um prédio novo, mas sem itens básicos para estudar. No primeiro dia de aula, eles tiveram de sentar no chão - em cima de pedaços de papelões-, pois ainda não havia carteiras.
Além desse problema, a escola reduziu o tempo do aluno na escola. Ontem, foram apenas duas horas de aula para cada turma. Isso aconteceu não apenas para os alunos do prédio novo, mas para todos os estudantes da unidade escolar.
Os alunos reclamaram que a nova construção estava com resto de material de construção e goteiras. Os professores sofreram com a falta de armários.
Uma das professoras, que pediu anonimato, disse que já tentou tomar providências. "Liguei para o Conselho Tutelar, mas disseram que aceitam esse tipo de denúncia só pessoalmente. Um aluno não pode ser tratado como lixo e ser colocado no chão."
Dentro do novo prédio, os barulhos da obra, que ainda não foi concluída pelo Estado, continuavam mesmo com as aulas em andamento. Nos corredores havia muito pó e a sujeira.
Um pai de aluno, de 52 anos, disse que pretende tirar seu filho da escola o mais rápido possível. "Onde já se viu começar aula sem carteira para as crianças sentarem?", afirmou o homem, que também pediu que seu nome não fosse divulgado.
Do lado de fora do colégio, uma placa do governo do Estado informa que foram gastos mais de R$ 4 milhões com o prédio novo e outros R$ 3 milhões com reformas.
Comentário da Udemo: infelizmente, nenhuma novidade! Faltam carteiras, faltam professores, falta coordenador, faltam funcionários, falta material, falta merenda, falta limpeza. Nesta administração, falta tudo isso e sobra incompetência, obscurantismo e má vontade.
http://www.udemo.org.br/Leituras_462.htm
Livia Strindberg Furtado