A escola esquizofrênica 2


Mais um excelente artigo do Gustavo Ioschpe, infelizmente nessa péssima revista que é a VEJA... Não faz mal, isso mostra que nem tudo está perdido, rs.

Desta vez o articulista defende os pais de alunos das investidas da classe "docente", que responsabiliza a família pelas falhas da escola. Leia o texto clicando no link:


Tomara que esse artigo sirva para ampliar a discussão na sociedade e que a escola comece a tomar para si a responsabilidade pelo ensino. Nele, Gustavo Ioschpe mostra um dos aspectos esquizofrênicos da escola: supostos "educadores" querendo "formar cidadãos" (mera hipocrisia...) e negligenciando o seu papel de alfabetizar em letras e números.

Curiosamente, em 2008 o EducaFórum e seus colaboradores publicaram no anuário da Editora Humana um artigo com o título A escola esquizofrênica. Nossa abordagem foi diferente e mais ampla que a de Gustavo Ioschpe, mostrando principalmente os vários aspectos da escola que deseduca. Hoje, 3 anos depois, não mudaríamos uma vírgula do que escrevemos naquela época, ou melhor, pintaríamos um quadro ainda mais sombrio. Triste, não é? Leia esse texto antigo clicando no link A escola esquizofrênica

Comentários

Anônimo disse…
Mais uma baboseira do boyzinho neoliberal...

Otto
Milena disse…
Giulia, eu provavelmente não tenho muita experiência pra tratar do assunto, porque só tenho 19 anos, sempre estudei em escola particular e não trabalho com educação, mas acompanho seu blog assinando o feed, porque o tema me interessa. Então, minha opinião sobre o artigo do Ioschpe: não importa se o papel da escola é formar cidadãos ou trabalhadores, o fato é que nada disso está sendo feito. Agora, o papel da escola é sim formar cidadãos, mais do que qualquer coisa. Eu estudava em um ambiente que era de pessoas com bom poder aquisitivo, mas que não davam a mínima pra sociedade, pra política, só pensavam em passar em uma faculdade pública pra estudar de graça e depois ficarem muito ricos, ou seja, um ambiente que alimentava a apatia dessas pessoas com respeito às questões sociais do nosso país, o típico ambiente de onde sai gente que, se pudesse, migrava pra Europa e deixava o pau quebrando por aqui. De qualquer forma, não é muito de se esperar que essas pessoas assumam o papel de lutar pela igualdade social, porque simplesmente "não as beneficia" (claro que isso beneficiaria toda a população, mas não é assim que enxergam), só que no caso de quem quer conquistar seu espaço na sociedade, aí sim é que isso devia ser de maior importância. Só que também é um erro separar a formação cidadã de um currículo usual, porque questões de cidadania, ética, meio ambiente, por exemplo, são muito relacionadas à certos conteúdos do ensino médio, e não é a proposta do Enem agora um aluno contextualizado? É, bom, eu não acho que o Enem cumpra realmente esse papel por enquanto (fiz a prova duas vezes), mas essa já é outra questão...

Ah, mudando um pouco de assunto, queria saber de você tem boas fontes de informação sobre a greve dos professores da rede estadual de MG.
Giulia disse…
Milena, que coisa boa receber mensagens de jovens esclarecidos como você! Você está coberta de razão: o papel da escola não é apenas transmitir conhecimentos, aliás, isso não existe, pois cada educador, junto com o conhecimento, transmite aos alunos também sua visão de mundo, sua ética e ideias. É exatamente o que queremos discutir aqui. Que tipo de ética transmite um professor que não dá a mínima para o aluno, que o considera um estorvo, que responsabiliza a família pelo fracasso da escola? E ainda por cima fala que quer formar cidadãos!? Professor sério, bem intencionado e competente já está transmitindo ao aluno esses valores, entende? Nenhum aluno se torna cidadão consciente se não estiver bem alfabetizado! Se além disso o aluno estiver sendo perseguido na escola, se for tratado aos berros, se receber suspensão coletiva para caguetar os colegas, se for expulso por motivo fútil, que tipo de cidadão vai se tornar? Resumindo: qual o exemplo que ele recebeu de seus "educadores"? A educação se dá pelo exemplo, foi o que tentamos colocar no post anterior, você leu? Continue acompanhando e colocando seus comentários! Um abraço.
Giulia disse…
Otto, vá colocar esse seu comentário no site da Veja. Nossos seguidores são mais inteligentes, você pode ver pelo nível dos comentários.
Anônimo disse…
Ai, q triste, mas é isso mesmo, né? Quando a gente tenta falar isso na escola, a "louca" é a gente.
Milena disse…
Eu li o post anterior sim Giulia, concordo plenamente e fiquei muito admirada e orgulhosa com a postura do Marcelo Nolasco. Acabei de ler o seu post "A escola esquizofrênica" e mais tarde vou lendo a Cartilha aos poucos, porque o conteúdo é bem extenso. Minha crítica foi mais direcionada ao artigo do Ioschpe (que eu não posto diretamente no site da Veja porque duvido que alguém vá dar alguma atenção, no mínimo ignoram, no máximo me chamam de petralha), primeiro porque dá pra notar que ele é tendencioso com o comentário de que os professores querem "mudar o mundo, e os alunos são apenas um veículo". Até parece que um professor preocupado em "mudar o mundo" (expressão que por si só já denota um escárnio, parece que estamos tratando de um idealismo utópico e não de uma real busca por melhorias na sociedade) vai tratar os alunos com desprezo, pelo contrário, são os professores que só estão no ramo por puro comodismo que fazem isso, que não se preocupam em organizar material didático que atenda às necessidades de cada turma e até de cada aluno, que passa aluno que não conseguiu aprender e elabora provas idiotas só pra não ter dor de cabeça etc. Concordo com você quando diz que um professor bem preparada já transmite noções de cidadania ao aluno automaticamente, mas existem sim questões que eu acho que merecem ser incluídas no currículo escolar: educação doméstica, sobretudo porque vivemos em um país em que isso ainda é atribuído culturalmente à mulher, questão que envolve desigualdade de gêneros, e que só vai ser corrigida quando a mentalidade das pessoas for mudada. Não podemos esperar que isso parta dos pais, porque é um fenômeno massificado, independente do indivíduo, que ocorre inclusive nas famílias em que os pais possuem formação de nível superior. Eu que o diga, minha mãe é formada em engenharia e matemática e eu vi ela ralando a vida inteira, enquanto meu pai fica no bem e bom, se ele ajuda, acha que está fazendo muito (quando na verdade é uma obrigação!), ela ainda me condena pela bagunça do meu quarto e diz "é muito feio moça desorganizada". Essa questão também é urgente em um país que a classe média explora a mão de obra barata de empregadas domésticas, e acha que está no seu direito de fazer isso (em qualquer país socialmente desenvolvido, ter empregada doméstica é um luxo). Também acho que a escola devia incluir noções de direito, politica etc, porque só assim o aluno vai ter noção dos instrumentos pelos quais ele pode defender seus próprios interesses. Eu sei que sociologia e educação religiosa, que eu considero importantes, já estão incluídos no currículo do ensino médio, mas quando eu tive essas matérias achei que foram ensinadas de forma completamente inadequada, agora, eu já não sei se era por incompetência dos professores ou se a grade não é muito bem organizada mesmo. Minha aula de educação religiosa era uma catequese! Enfim, já escrevi demais... Em suma, realmente bons professores contribuem para a formação humana do aluno, mas ainda acho que falta acrescentar certos tópicos ao currículo escolar. Infelizmente, isso ainda está longe de ser alcançado... As mudanças vão sendo feitas de pouco em pouco, assim elas ficam mais bem pavimentadas: primeiro a excelência no ensino do currículo atual, sem dúvidas.
Giulia disse…
Milena, continuo encantada com a sua inteligência e envolvimento com algo tão ignorado pela sociedade e pela mídia. Meus comentários na Veja também são vetados, rsrs, mesmo eu elogiando o Gustavo Ioschpe. É que eu falo mal da revista, mesmo, ela é um lixo. O Gustavo se excede um pouco, eu também costumo fazer isso. Sabe o que é? Provoca-se para chacoalhar um pouco essa sociedade entorpecida. Infelizmente, no Brasil, não há política educacional, apenas um toma lá dá cá, por isso nem dá para fazer uma crítica bem fundamentada. O país está em uma fase de salve-se quem puder, por isso a única coisa que vale é o esforço e o compromisso individual. Isso é muito raro, principalmente na classe docente, acostumada a não ser cobrada e apenas a cobrar. Você fala de falhas no currículo, eu já acho que o buraco é mais embaixo. Sociologia eu acho muito importante, mas veja o paradoxo: o aluno da rede pública, tratado como um estorvo, tendo que aguentar teorias vindo de quem deveria se debruçar em estudar esse fenômeno social que é a expulsão de alunos em massa. Você sabia que menos da metade dos alunos completam o ensino médio?... Continue acompanhando nossos posts. Você viu o caso do aluno recém expulso? Um abraço!