A tragédia do Ensino Médio - A série II


Vimos outro dia o tamanho do rombo. Leia clicando aqui.

Os dados mais intrigantes:
  • apenas metade dos alunos matriculados concluem o Ensino Médio;
  • dessa metade, apenas 10% adquirem os conhecimentos necessários.
Buscando explicações, encontrei no twitter duas matérias indicadas pelo Gustavo Ioschpe e publicadas por Todos pela Educação. Trata-se de uma tímida mas séria pesquisa desenvolvida por... quem? Se você respondeu: pelo INEP(t), errou! O Estudo foi solicitado ao Ibope pelo Instituto Unibanco, interessado em avaliar os resultados de seu projeto Jovem de Futuro, implantado em escolas da rede pública.

A primeira matéria, Aulas perdidas são mais frequentes às sextas-feiras, dá finalmente alguma explicação sobre a AULA VAGA, esse fenômeno "tabu", tanto que essa expressão não é conhecida nem mesmo pelos realizadores da pesquisa, que a chamam de "aula perdida" ou "aula cancelada". Nesse quesito, o Brasil é certamente campeão mundial, mas a sociedade não sente vergonha por isso, da mesma forma como não se envergonha de ter metade de seus jovens fora do Ensino Médio.

O estudo foi realizado em apenas 18 escolas durante o ano passado e os resultados impressionam, principalmente por tratar-se de escolas beneficiadas por um programa especial. (Imaginem então as outras!...) Esse pequeno universo revela que as aulas vagas no Ensino Médio podem chegar a até 40%, o que não é novidade alguma por aqui, ou melhor, é o que sempre divulgamos, especialmente no curso noturno. A "curiosidade" fica por conta dos seguintes detalhes: as aulas vagas mais frequentes ocorrem no final do dia letivo ou às sextas-feiras - que os profissionais da educação apreciam uma cervejinha...

A segunda matéria, Estudo aponta que audiência média no Ensino Médio é de 43%, mede o aproveitamento do tempo de aula e o nível de frequência dos alunos. As 18 escolas foram divididas em 3 grupos, pois havia grandes diferenças entre uma e outra, mas a média geral não chegou à metade de aproveitamento do tempo, ou seja: das 4 horas diárias de aula, nem mesmo 2 horas foram aproveitadas pelos alunos.

Sabemos que muitos alunos faltam à escola, principalmente os trabalhadores, que às vezes são até impiedosamente impedidos de entrar na segunda aula, quando chegam com 10 minutos de atraso. Outros faltam "em solidariedade" às faltas dos mestres. (Aliás, você sabe por que o aluno é reprovado se faltar a 25% das aulas, o que já é um exagero? Para permitir que o professor também possa faltar a 25%. E isso não é piada!...) Finalmente, muitos alunos faltam porque as aulas são ruins, incompreensíveis, chatas, ou porque estão defasados dos anos anteriores.

Arrumou um rivotril? rs No próximo capítulo, a forma de "tratamento" dispensada ao aluno do Ensino Médio, esse que costuma abandonar a escola antes de se formar.

Comentários

cremilda disse…
" almentar " a carga horária se é apenas aumentar o tempo para ficar sem fazer nada e ainda por cima, correndo risco ?
Mesma coisa que aumentar o tamanho do prato e não aumentar a quantia de comida que está dentro..
Giulia disse…
Cremilda, você é o máximo! Ainda vou publicar o "Dicionário das Metáforas da Cremilda"!
cremilda disse…
Giulia, você gosta de mim.
Então é suspeita, isso sem contar que eu também acho você o MÁXIMO !
Anônimo disse…
O próprio cartaz da menina diz o motivo para aUmentar a carga: para ensinar a escrever, pelo menos. Mas se os alunos não quiserem aprender, não há o que aUmentar a carga.
Giulia disse…
Mais um anônimo tapando o sol com a peneira! Se a escola não ensina a escrever dentro do horário normal, não vai mesmo ensinar aLmentando as aulas, ainda mais depois do término do ensino fundamental. Passou da idade, só lendo, lendo, lendo e escrevendo, escrevendo, escrevendo. Aliás, anônimo, já entrou nas comunidades de professores para coletar suas pérolas? aLmentar é fichinha!