Como era de esperar, a manifestação realizada ontem na porta da escola Maria Tomázia Coelho, em Florianópolis, onde estuda a menina Isadora, mostrou que a sociedade ainda não está preparada para discutir educação em profundidade. Clique no link para ler matéria da Uol sobre o ato: Estudantes fazem ato pela paz em escola de menina que criou o diário de classe
É claro que a iniciativa não foi dos alunos e é triste uma escola inteira ter parado as aulas para uma resmungação coletiva que apenas fortalece a posição de Isadora. Patética a fala do prefeito:
“O governo construiu nove quadras esportivas e dez ginásios em sete, mas bastou esta menina dizer que a fechadura do banheiro estava quebrada para o caso sair de proporção, hoje só se fala que o sistema está sucateado, diz. Pelo amor de Deus, vão lá ver que escola bonita ela tem. Agora ela disse que precisa ser toda pintada, mas não é bem assim. A quadra está mal riscada? Está, mas não é tão ruim assim".
Geralmente, prefeitos e secretários da educação se justificam assim mesmo, falando que a rede tem um número enorme de escolas, que já realizaram isso e aquilo, que não podem cuidar de todas elas com o mesmo zelo, que afinal a escola não está tão ruim assim...
Mais uma vez, toda uma comunidade foi manipulada por um sistema que procura nivelar tudo por baixo. Já dissemos aqui que a escola da Isadora está entre as primeiras no "ranking" e com certeza o prefeito deve ficar muito aborrecido por ela ter virado alvo de críticas. Não se pode, na educação brasileira, sonhar alto!
Assista agora à entrevista que a Isadora deu hoje para o Estadão, clicando no link. Ela diz que um dos motivos que a levaram a escrever o Diário de Classe foi que havia percebido a diferença entre sua escola - pública - e a da irmã - particular. Na verdade, há muitas escolas particulares em condições bem piores que a Maria Tomazia Coelho, mas e daí? Não se pode reparar nas falhas e querer solução? Quem não deve não teme.
Com certeza, as crianças da família do prefeito de Floripa e de 99,99% dos políticos brasileiros não frequentam a rede pública. Esse é um assunto polêmico e tabu na sociedade brasileira, até porque filho e neto de jornalista também estudam na rede particular e até agora nenhuma mídia se interessou em levantar essa lebre...
Para dar início e continuidade a uma página tão bem escrita e estruturada como o diário da Isadora, só uma criança plenamente alfabetizada e acostumada a debater ideias, coisa muito rara no Brasil, principalmente na rede pública, onde dá-se graças a deus se todos os alunos de uma 5ª série dominam o beabá e entendem um bilhete. Por isso mesmo o fenômeno Isadora chama tanto a atenção.
O que Isadora e certamente todas as crianças do Brasil desejariam, se tivessem a coragem de sonhar, é uma escola de primeiro mundo, o que vai muito além da estrutura física do prédio e tem principalmente a ver com o tratamento dado aos alunos. Uma atitude como essa tomada pela escola Maria Tomazia Coelho, de parar um dia inteiro pedindo "paz", tem a clara intenção de desencorajar as crianças a desenvolverem senso crítico. Lamentável.
Assista agora à entrevista que a Isadora deu hoje para o Estadão, clicando no link. Ela diz que um dos motivos que a levaram a escrever o Diário de Classe foi que havia percebido a diferença entre sua escola - pública - e a da irmã - particular. Na verdade, há muitas escolas particulares em condições bem piores que a Maria Tomazia Coelho, mas e daí? Não se pode reparar nas falhas e querer solução? Quem não deve não teme.
Com certeza, as crianças da família do prefeito de Floripa e de 99,99% dos políticos brasileiros não frequentam a rede pública. Esse é um assunto polêmico e tabu na sociedade brasileira, até porque filho e neto de jornalista também estudam na rede particular e até agora nenhuma mídia se interessou em levantar essa lebre...
Ficou bem claro que ela não vai parar com seu diário, já tem a mente muito aberta para aceitar um cala a boca a esta altura dos acontecimentos. Se o Brasil adulto se assusta diante de uma criança questionadora, está na hora de repensarmos as metas do país e visarmos alvos mais ambiciosos.
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