Nossa série A escola que deseduca está passando em brancas nuvens. Para cada agressão de aluno contra professor, a classe docente retribui com cinco, mas isso não muda a opinião pública brasileira, que vê no aluno um marginal e no professor um mártir. Até hoje, os casos de agressões contra alunos que trouxemos não repercutiram na grande mídia, enquanto o contrário causa sempre grande comoção.
Até mesmo os que enxergam nesse fenômeno uma tentativa de demonizar o aluno não se dão conta dos inúmeros casos de violência física e psicológica cometidos por aqueles que deveriam preservar a integridade das crianças e adolescentes que lhes são confiados. Leiam por exemplo a entrevista do Prof. Júlio Groppa Aquino à psicóloga Rosely Sayão. Júlio Groppa é um dos poucos educadores brasileiros que consideram o aluno algo mais do que um número dentro das estatísticas oficiais. Mesmo assim, ele parece não atentar para as violações que as crianças e adolescentes sofrem dentro da escola. Seguem alguns trechos da entrevista:
Rosely Sayão:
A violência escolar de alunos contra professores explodiu de repente?
Julio Groppa Aquino:
Digamos que se trata de um fenômeno crônico e bem menos alarmante do que a mídia faz crer. No entanto, ele é apresentado bombasticamente e de modo sazonal à população. Sempre em meados e finais de semestres letivos, isso reaparece na mídia. Seja por falta de notícias "elevadas", seja porque esse tipo de notícia "vende bem", o fato é que somos expostos a uma abordagem quase sempre sensacionalista desse tipo de fenômeno, abordagem que se vale, no final das contas, de uma espécie de disseminação do caos. Contra a juventude, é claro. Ou seja, os jovens atuais seriam responsáveis pela derrocada do mundo. Com isso, nos ausentamos todos de nossa parcela de responsabilidade com a construção deste mundo que aí está.
Professor Julio, agradecemos sua defesa da juventude, gostaríamos porém que, pelo menos uma vez, você comentasse esse assunto tabu: a escola que deseduca. Leia aqui:
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