O esquema XI - Escândalo Araraquara em miúdos


Não é fácil entender e às vezes nem acreditar que seja possível a existência de um esquema milionário de desvio de verbas da educação durante dez anos, sem que o assunto não tenha chegado à grande mídia, nem mesmo como "boato". Pois é, isto é Brasil...

O esquema de Araraquara é realidade e resultou num inquérito policial gigantesco com 20 volumes de notas fiscais frias e o nome de diversas empresas fantasmas, que se encontra no 2º DP de Araraquara. De acordo com o apelido altamente sensacionalista que esse inquérito recebeu, O PODRÃO, o assunto poderia ter chegado à grande mídia há anos, mas neste país todos são "amigos da escola", ninguém mexe com essa instituição sagrada, preferindo que ela continue mergulhada em um poço de corrupção que reflete a própria política nacional...

A partir de hoje vamos trocar em miúdos esse esquema, para que você, mãe ou pai de aluno, entenda a encrenca em que está se metendo ao se tornar membro de uma APM ou Conselho de Escola, se sua eleição não tiver sido legítima e se você não tiver o conhecimento suficiente para não ser manipulado por eventuais diretores sem ética nem escrúpulos. Epa! Eu não disse que todos os diretores de escola não tem ética, releia o que acabei de escrever...

Já publicamos aqui tantos textos sobre o assunto, que não será necessário voltarmos a repetir as mesmas coisas e fatos, apenas clique nos linques marcados em vermelho ou azul e releia as matérias antigas. Veja por exemplo esta: O esquema V - Tudo por dinheiro ou poder, que mostra o be-a-bá dessa "máquina" que permitiu o desvio de milhões de verbas destinadas às salas de aula de Araraquara e região, dinheiro que poderia ter sido aplicado na melhoria dos projetos pedagógicos, na compra de equipamentos, na cobertura de quadras etc. Esse texto já vai fazer dois anos e mostra como os processos administrativos se arrastam infinitamente, mas cabe aqui um voto de confiança para as comissões processantes que vão julgar os processos ainda em andamento, pois um dos diretores envolvidos no esquema, o famoso "Wally de Araraquara", acaba de ser demitido a bem do serviço público. Fazemos votos que a atual Secretaria da Educação, após compactuar durante anos com esse esquema "podrão", resolva sacudir toda essa lama e dar o exemplo de que é possível reconhecer e corrigir seus próprios erros. O primeiro passo é reabrir o processo que praticamente "absolveu" a mandante do esquema, "condenada" a 90 dias de "suspensão", sendo já aposentada, rsrs (rindo para não chorar, pois além dos milhões que já engordaram sua conta bancária durante os dez anos de duração do esquema, essa senhora continua recebendo uma polpuda aposentadoria, paga com o dinheiro dos nossos impostos!). O segundo passo é agilizar o julgamento dos processos em andamento, o terceiro é demitir os supervisores de ensino envolvidos no esquema e sequer processados. Coragem, Secretário Paulo Renato, as eleições estão aí, não deixe os candidatos de seu partido pagar esse mico!

Comentários

Adriano disse…
Estamos vendo que o judiciário não é uma maravilha. Ao contrário, tem corrupção, mordomias e protecionismos.
Adriano
Magda disse…
Giulia, vamos pegar firme contra estes corruptos;
Na teoria tudo isso funciona! Na pratica é um baita cabide de emprego, e não funciona!
Judiciario: Lento
Legislativo: de cócoras e com interferências e sem representatividade.
Executivo: Não governa -vide: Segurança, Saúde, Educação, Moradia,Emprego,reforma agrária,estrutura de trasnportes, corrupções, etc etc etc…
Magda Penna Pacchioni
Lincoln disse…
Cara Giulia é patente e óbvio que a corrupção existe porque há quem dela viva! E o poder é sempre igual, seja qual for a configuração com que se roupe! Nunca é suficiente! Por isso este senhores perpetuam o cenário em que a corrupção existe e floresce. Escandaliza-me a sociedade portuguesa ser amorfa, sem dar coices nem dentadas. Escandaliza-me que atirem à cara do Salazar ter estado 40 anos no poder, quando muitos dos actuais deputados, ministros, presidentes disto e daquilo estão já há 35 anos... e a desejarem apenas uma coisa: permpetuarem-se! Triste e pobre de um Povo quando não consegue usar do sagrado direito de que falava S. Tomás de Aquino e Sto. Agostinho: o direito à guerra justa, à rebelião contra o Tirano...
Lincoln Mauricio Galli
Apollo disse…
Extraordinária medida esta, de facto! Num país mergulhado em profunda crise, em que grande parte da população é pobre e em que a classe média começa a engrossar as fileiras do Banco Alimentar, os nossos representantes preocupam-se em engrossar os montantes do financiamento dos partidos em dinheiro vivo. Tem toda a razão a Giulia em dizer que é escandaloso!
porque é escandaloso? Mão somos nós que colocamos esses bandidos no poder?Estou esperando esses politicos morreran para poder votar en algun que mereça meu voto.Vou ter que esperar muito, infelizmente eles não morrem.Talvez eu morra primeiro,e não terei o gostinho de ir a uma seção eleitoral para votar.
Apollo José do Patrocinio
Tamires disse…
Giulia, o que fazer para que os diretores de escola processados sejam julgados decentemente e com rigor. Se eles querem pessoas submissas a eles?
Estes já são, porque continuam na escola.
Sugiro que vc colocque para os governantes o que eles querem com este protecionismo.
Tamires
Yara disse…
Giulia, a simples leitura dos autos contra estes diretores de escola de Araraquara demonstra por que a Secretaria da Educação de SP tem dificuldade para se livrar da corrupção. Acusados de desviar recursos das escolas, uso de notas fiscais frias para amortizar verbas em prestações de contas, balancetes, entre outras...
A estratégias da defesa é responsabilizr as Associações de Pais e Mestres, e o escritório de contabilidade assim livram a cara da ex dirigente e a deles, além arrolaram e orientam os próprios membros das APMs como testemunhas esse tipo de depoimento depende de tratados de cooperação os depoimentos não chegaram à Justiça brasileira até hoje. Mesmo em casos de países que têm acordo firmado com o Brasil, testemunhos do gênero costumam levar
osa cusados a absolvição e a penas leves.
Nós sabemos que não é bem assim que aconteceu, mas a procuradora vai acreditar na histórinha de chapeuzinho vermelho deles?
Abração;
Yara Mello Fonseca
yaramellofonseca@gmail.com
Livia disse…
A qualidade das provas produzidas pela polícia e pelo Ministério Público é essencial para o combate à corrupção e à impunidade no Brasil e será importante no caso destes diretores. “É preciso modificar os procedimentos do processo e agilizar a Justiça, tanto no âmbito criminal quanto civil, para que a situação de impunidade faça parte do passado do País”. “Podem ser criadas fórmulas para evitar as chamadas chicanas, os subterfúgios que alguns advogados usam para prolongar o processo.” Este é um bom momento para o Brasil se debruçar sobre um problema que há séculos sangra seus cofres públicos. O País já perdeu outras oportunidades para estancar o ciclo vicioso da corrupção e da impunidade, como durante as investigações que culminaram com o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. Como já deixou passar outras chances, é difícil acreditar que não vai deixar escapar esta. Mas não custa torcer.
Um abraço.
Livia Maria Pereira Vieira
liviavieiramar@yahoo.com.br
Fátima disse…
Para desatar o nó da impunidade, a melhoria da gestão tem de ser levada para dentro do Poder Judiciário.
Fátima Batista dos Reis
Ademir disse…
O primeiro efeito da impunidade é a lassidão moral que se abate sobre a sociedade. Os brasileiros se acostumaram a associar corrupção ao desvio de verbas públicas. Mas ela é mais que isso. Vai do “presentinho” que a empresa oferece ao funcionário público até a compra de sentenças no Judiciário. É a propina que as quadrilhas pagam aos fiscais para extrair e contrabandear madeira ilegalmente; o suborno do policial de rua que faz vistas grossas à prostituição infantil e ao tráfico de drogas; o “ágio” pago à auto-escola para tirar a carteira de habilitação sem fazer exame. Longe dos grandes escândalos que ganham os holofotes da mídia, a corrupção se dissemina no varejo anonimamente. Ao incorporar o suborno como inevitável – graças à sensação de impunidade –, o país incorre numa auto-sabotagem velada. O fiscal que deixa entrar mercadorias pirateadas da China permite a concorrência desleal à indústria brasileira. O funcionário público que desvia um lote de vacinas expõe as pessoas ao risco de morrer. Onde há um servidor público corrupto, o Estado perde eficiência, a população deixa de ser atendida como merece e o crime se fortalece.
Ademir Francisco dos Santos
Flávia disse…
Investigar, identificar e prender suspeitos é, porém, apenas o primeiro elo da corrente de combate aos corruptos. Condená-los a penas severas na Justiça é o passo seguinte – e é nesse ponto que o Brasil eo Estado de São Paulo, a secretaria da educação tem falhado.
Flávia Cavalcante de Andrade