Expulsar Rui Barbosa, que tal?


Outro dia publicamos um post sobre o artigo da Revista  Educação que compara a Machado de Assis, pobre, mulato e doente, muitos dos alunos matriculados na escola pública. Isso leva a uma boa reflexão: se metade dos alunos que deveriam estar cursando o ensino médio desistem, evadem ou são expulsos, quantos "Machado de Assis" o Brasil não poderá estar perdendo?...

O aluno que nos escreveu na semana passada e que também mencionamos no mesmo post poderá vir a ser um novo "Rui Barbosa". Seus e-mails são brilhantes, densos de conteúdo, sem erros de português. Seu modo de falar é extremamente calmo, respeitoso e equilibrado. O menino tem 17 anos e estuda no período noturno numa escola da Diretoria Sul 2, em São Paulo. Já está no terceiro ano do Ensino Médio, pretende estudar advocacia e desde o primeiro ano está tentando fundar um grêmio, mas a diretoria da escola não permitiu até hoje. Uma escola que não elege Conselho e que esconde seu regimento para poder abusar dos alunos: eles não têm direito a usar a biblioteca, nem a sala de informática, o aluno trabalhador que chega com mais de 15 minutos de atraso não entra nem na segunda aula, as aulas vagas beiram os 30% etc.

Pois bem: quando dissemos no post acima que esse aluno estava para ser expulso e que deveríamos agir rapidamente, ainda não sabíamos que a expulsão já estava consumada! O "crime" que motivou a transferência compulsória foi ele ter respondido, com calma e respeito, ao abuso moral que sofreu por parte da vice-diretora da escola, enloquecida por ele ter se atrevido a falar com ela de igual para igual, quando ela "havia feito 6 faculdades". Não satisfeita por ter agredido verbalmente e constrangido o aluno na frente de um grupo de colegas, ameaçou chamar a polícia para levá-lo e disse que o iria transferir de escola ou horário. Em seguida o levou para a sala da diretoria e continuou a xingá-lo de nomes mais fortes, como por exemplo Molequinho de merda. Percebendo que estava se excedendo, a vice-diretora tentou justificar-se dizendo que estava nervosa por estar sozinha para cuidar de toda a escola, pois a coordenadora havia faltado naquele dia. (Mentira de pernas muito curtas, pois a coordenadora estava naquele momento festejando seu aniversário e comendo bolo em outra sala, onde havia juntado todos os professores. E os alunos largados no pátio, sem aulas...)

Bem, em seguida a avó do aluno recebeu um telefonema da escola, pedindo que fosse buscar o garoto, pois estava suspenso durante uma semana, suspensão que não foi registrada por escrito.
Antes de o aluno sair, a vice-diretora o intimou a comparecer à escola na noite do dia 13/06, para receber sua "sentença". Ao chegar na diretoria foi recebido pela coordenadora. Ela perguntou o que estava fazendo na escola, já que ele não estudava mais lá e que, por ser transferência compulsória, o próprio aluno deveria buscar vaga em outra escola. Ela lhe pediu que voltasse no dia seguinte para assinar sua transferência, sem ao menos solicitar a presença dos responsáveis.

No mesmo dia e horário em que o aluno deveria voltar à escola para assinar a transferência, estivemos com ele no Departamento Jurídico da COGSP, onde o professor José Luiz nos garantiu que todas as medidas tomadas pela escola eram ilegais: suspensão dada de forma oral, transferência compulsória sem direito a defesa e na ausência de um responsável. Quanto ao abuso moral que o aluno sofreu, será instaurada a famigerada "Apuração Preliminar", durante a qual tomaremos muito cuidado para que o aluno e sua família não sejam ainda mais assediados moralmente, já que temos certeza de que a vice-diretora e a coordenadora irão mentir e levar testemunhas a mentir, dizendo que não houve abuso moral, que o aluno não foi suspenso nem transferido.

Encaminhamos um documento para todas as autoridades da COGSP e SEE pedindo o afastamento imediato da vice diretora, pessoa descontrolada que não tem condições de lidar com crianças e adolescentes.

Esperamos também que a Secretaria da Educação não assine uma declaração de que a expressão "molequinho de merda" é uma forma de cativar o aluno adolescente, como fez no famoso caso da EE Octacílio de Carvalho Lopes, quando um professor promoveu o bullying de um aluno ao chamá-lo de "bicha" e depois foi promovido a coordenador em outra escola!...

Comentários

Wellington. disse…
Ser comparado com Rui Barbosa e até mesmo com Machado de Assis... É uma honra, mas, não creio que eu esteja a altura de um desafio desse nível, afinal, como todo adolescente tenho meus problemas, tenho minhas crises de indentidade, corro, brinco, bagunço, ando de bicicleta, 'ralo' meus joelhos, canto, danço, pulo e também, e acima de tudo, eu sonho. A escola brasileira infelizmente tem acabado com os sonhos de muitos desses adolescentes, como? como por exemplo expulsá-los por recorrerem a legislação, aquela que todo cidadão tem direito. Agradeço muito a todo o apoio, auxilio, ajuda, enfim, tudo o que estão fazendo pela minha causa. São pessoas como as sonhoras que deixam esse pais melhor, e, que incentivam nós, os jovens e futuro da nação, a nos empenhar e construir o pais que tanto lutaram para defender.
Giulia disse…
Wellington, Machado de Assis e Rui Barbosa também foram adolescentes, como todos nós fomos. Naquela fase de sua vida, eles não tinham a minima ideia da importância que viriam a ter para o seu país e para a humanidade. E provavelmente nem tinham essa intenção. As pessoas mais ambiciosas costumam ser também as mais mesquinhas, aquelas que não olham ao seu redor, que não se importam em pisar nos outros para atingir seus objetivos. Não pense que atendemos a todos os apelos! Antes de comprar uma briga como a sua (e você viu ontem que briga!!) tomamos todos os cuidados para saber se o aluno é mesmo sincero, idôneo, bom caráter. O que nos surpreendeu e encantou foi a sua espontaneidade e sinceridade, além da sua capacidade de se expressar, tanto de forma oral quanto escrita. Mas você tem outra qualidade, talvez a mais importante: o equilíbrio emocional, que não o deixou entrar em pânico e permitiu que buscasse uma solução para o seu problema. Isso, aos 17 anos, idade em que a maioria dos garotos fazem tempestades em copo d´água. Por isso temos certeza de que será alguém, não no sentido de alcançar fama e dinheiro, que são os valores hoje em voga, mas de fazer a diferença em um país que precisa de educação, cultura e principalmente justiça social. Só uma ressalva: a palavra "identidade" se escreve sem o "n", tá? Só pra você não ficar muito cheio de si, rsrs.
Anônimo disse…
Se esses alunos que são expulsos são tão "inteligentes" assim publica aí uma amostra do que eles escrevem para ver se é verdade mesmo.
Giulia disse…
Oi, anônimo, vou pedir autorização para o aluno para poder publicar seu relato sobre o abuso de que foi vítima. Você vai ficar duro com a clareza e a lógica dos fatos. Daí eu queria receber a resposta da escola para mostrar a comparação, mas essa já sei não vai vir, pois essa gente é muito covarde. E tem mais: se viesse, seria com um monte de mentiras!
Ah, anônimo, que tal você assinar sua mensagem?...
Anônimo disse…
Estou esperando as obras-primas dos alunos.
Giulia disse…
Não vou lhe dar essa colher de chá, anônimo. O aluno já começou a ser perseguido na escola e talvez você faça parte dessa corja. Se cuida, tá? Porque não vamos deixar que isso continue.
Ângelo disse…
MAchado de Assis certamente levava suas obrigações a sério. Já os "alunos" que vocês defendem, não levam nada a sério e se apoiam em vocês para continuar fazendo o que querem sem responsabilidade.
Giulia disse…
Angelo, quero muito saber quem é você na EE José Lins do Rego, pois certamente você é uma das cobras criadas daquela escola. E não venha falar que a escola é modelo, tá?
Anônimo disse…
Se os professores são todos cobras, igual vcs dizem, etão vcs estão cometendo um crime, pois maltratar cobras é crime ambiental e sem fiança, rsrsrsrs, vai durmir velharada.
Giulia disse…
Anônimo, quem diz que os professores são todos cobras é você! Não precisa vestir a carapuça... E por favor, assine o que escreve.
Ângelo disse…
Não sou ninguém nessa escola que a senhora se referiu. Sou pai de aluno em outra escola, mas acompanho todas as discussoes sobre educação e conheço bem a realidade das nossas escolas.
Anônimo disse…
Deviam ter explusado Machado de Assis mesmo, assim não seria obrigado a ser aqueles livros chatos que ele escreveu...