Este 4º post da série Que tipo de monstro? traz um assunto que já tratamos aqui em abril: a violência contra bebês e crianças de até 3 anos de idade numa creche de São José do Rio Preto, SP. Os leitores daquele post antigo acharam que, para variar, estávamos "demonizando" as pobres professoras e pediram "menos"... Típico, não é? Típico de quem não dá a mínima para a forma como são tratadas as crianças e adolescentes pobres neste país, há décadas. Você sabe (ou talvez não saiba...) que o Estatuto da Criança e do Adolescente foi criado em 1990 justamente para amparar a infância e adolescência carente, não é? Entretanto, ainda hoje as escolas públicas do país continuam tratando seus alunos como estorvo.
A notícia de hoje seria boa, se não tivéssemos tantas dúvidas de que essas professoras irão realmente para a prisão, conforme condenação em primeira instância. Elas receberam 4 anos de pena pelo crime de tortura, mas vão cumprir em liberdade e seus advogados já anunciaram que vão recorrer, pois os vídeos que comprovam o crime não caracterizariam tortura... Assista o vídeo e leia abaixo a matéria publicada pelo jornal O Estado de Minas, divulgada pela professora Glória Reis em seu blog.
Fonte: jornal Estado de Minas - 7/10/2010
São Paulo – A Justiça de São José do Rio Preto (a 438 quilômetros de São Paulo) condenou oito professoras de uma creche a quatro anos de prisão pela acusação de tortura continuada de crianças.
As professoras da Escola de Educação Infantil Caminho do Futuro, conhecida como Creche Caminho do Futuro, foram alvo de investigação da polícia depois de serem apontadas como responsáveis por agressões cometidas contra alunos do berçário e maternal, com até 2 anos. Segundo informações da Secretaria de Estado da Segurança Pública, a acusação foi feita por funcionários da própria creche. Depois das denúncias, câmeras foram instaladas e registraram as agressões, em novembro do ano passado. As imagens mostram as professoras arrastando e empurrando as crianças. Em um dos vídeos, uma das professoras incentiva a agressão entre as crianças. “A avó e as mães das vítimas ouvidas não deixaram dúvidas no sentido de as crianças terem sofrido violência física e mental, pois, em algumas situações, chegavam em casa com hematomas e sujas, o que se constata como um desserviço prestado pelas rés como educadoras”, afirma, na sentença, a juíza Maria Letícia Pozzi Buassi.
A pena das professoras foi aumentada porque a juíza entendeu que elas exerciam trabalho análogo ao de servidor público. Elas também não poderão exercer funções públicas por oito anos. As acusadas já haviam sido demitidas pelo envolvimento nas agressões, mas negaram os maus-tratos. Elas podem recorrer da decisão em liberdade.
HISTÓRICO Em dezembro, pouco depois do registro das agressões em vídeo, oito funcionárias foram demitidas – três por justa causa – e uma foi afastada. As agressões só foram descobertas porque as câmeras de vídeo foram instaladas em todas as salas de aula em novembro, depois que funcionárias passaram a desconfiar do comportamento do grupo de professoras. À época, a pedagoga L.A.R. revelou que duas professoras proibiam os alunos de repetir comida, obrigavam as crianças que não dormiam a ficar o dia inteiro em pé encostadas na parede, além de incentivá-las a se agredir mutuamente. Além disso, a auxiliar administrativa G.C.M. contou, em seu depoimento, que uma das acusadas punha as crianças de castigo em cima das roupas sujas de fezes e urina. “Eram situações vexatórias para as crianças, que faziam as coisas sem saber o motivo”, avaliou a delegada-titular da Delegacia de Defesa da Mulher, Dálice Aparecida Ceron.
Nota do EducaFórum: Duvidamos muito que essas professoras vão parar na cadeia, se forem realmente condenadas em última instância (provavelmente estão recebendo todo apoio dos ricos sindicatos da "educação", que possuem batalhões de advogados). Mesmo que elas acabem sendo presas, certamente ficarão por pouco tempo atrás das grades e a mídia as poupará do constrangimento de serem vistas nessa situação... Isso certamente seria considerado jornalismo "marrom" pela hipócrita sociedade brasileira, que não se importa de ver bebês e crianças pequenas torturadas por esses monstros, mas gosta de poupar a imagem de "santidade" que é conferida ao professor. Enquanto não cair a "ficha" de que o professor é um ser humano como outro qualquer, esses absurdos continuarão acontecendo à vontade nas escolas.
Leia aqui outros textos das séries Que tipo de monstro? e A escola tabu:
Que tipo de monstro? - A Série 3
Que tipo de monstro? A Série 2
Que tipo de monstro? A Série
A escola tabu nº 12 - Os sociopatas da "educação"
A escola tabu nº 4 - Expulsão em série
Por falar em "jornalismo marrom", estamos justamente sendo tachados de praticar essa modalidade. Em primeiro lugar, não somos pagos para fazer jornalismo algum, não temos nem queremos ter registro profissional de mídia. Se porém alguns leitores chegaram à conclusão de que os posts deste blog podem ser interpretados como "jornalismo", isso se deve à omissão da mídia profissional naquilo que costumamos divulgar aqui, ou seja, a incompetência, a omissão, os desmandos e as violências da escola contra o aluno. Aliás, o que divulgamos é pouco, muito pouco em comparação com os absurdos que sabemos ocorrerem nas escolas e que são difíceis de documentar, devido à proibição de utilização de celulares e ao medo dos pais de que seus filhos sejam perseguidos após as denúncias.
Entendeu agora por que foi proibido o uso do celular nas salas de aula? rs
Em muitos casos, reproduzimos aqui notícias que pinçamos na própria mídia convencional, mas que dificilmente são divulgadas amplamente em nível nacional e muito menos merecem acompanhamento após a publicação. Ao mostrarmos essas matérias formando conjuntos, vem a impressão de que fazemos "jornalismo marrom". Se o conjunto dos fatos coletados por nós parece "bombástico", isso é devido à falta de divulgação mais ampla e responsável pela mídia convencional, onde não existe jornalismo investigativo em educação.
Nosso papel, como pais de alunos, usuários e clientes da escola, é o de fazer denúncias, cobrar providências e apresentar soluções. Nesse sentido, nossa reivindicação é antiga e sensata, como as demais que temos sugerido ao longo de 20 anos de luta pelo ensino público: instalação de câmeras de vídeo em todas as salas de aula de todas as escolas, principalmente naquelas onde são realizadas as reuniões de Conselho de Escola, esses tribunais ilegais voltados para a expulsão de alunos. Um pequeno investimento que serviria de freio para os abusos que violam a segurança e muitas vezes a integridade de crianças e adolescentes na maioria das escolas do país. Como você viu no assunto de hoje, foram as câmeras de vídeo que permitiram desmascarar os horrores cometidos contra bebês e crianças de até 3 anos de idade. Sem essa documentação, essas crianças continuariam a ser tratadas da mesma forma. Deu para entender a seriedade do assunto?
A notícia de hoje seria boa, se não tivéssemos tantas dúvidas de que essas professoras irão realmente para a prisão, conforme condenação em primeira instância. Elas receberam 4 anos de pena pelo crime de tortura, mas vão cumprir em liberdade e seus advogados já anunciaram que vão recorrer, pois os vídeos que comprovam o crime não caracterizariam tortura... Assista o vídeo e leia abaixo a matéria publicada pelo jornal O Estado de Minas, divulgada pela professora Glória Reis em seu blog.
Fonte: jornal Estado de Minas - 7/10/2010
São Paulo – A Justiça de São José do Rio Preto (a 438 quilômetros de São Paulo) condenou oito professoras de uma creche a quatro anos de prisão pela acusação de tortura continuada de crianças.
As professoras da Escola de Educação Infantil Caminho do Futuro, conhecida como Creche Caminho do Futuro, foram alvo de investigação da polícia depois de serem apontadas como responsáveis por agressões cometidas contra alunos do berçário e maternal, com até 2 anos. Segundo informações da Secretaria de Estado da Segurança Pública, a acusação foi feita por funcionários da própria creche. Depois das denúncias, câmeras foram instaladas e registraram as agressões, em novembro do ano passado. As imagens mostram as professoras arrastando e empurrando as crianças. Em um dos vídeos, uma das professoras incentiva a agressão entre as crianças. “A avó e as mães das vítimas ouvidas não deixaram dúvidas no sentido de as crianças terem sofrido violência física e mental, pois, em algumas situações, chegavam em casa com hematomas e sujas, o que se constata como um desserviço prestado pelas rés como educadoras”, afirma, na sentença, a juíza Maria Letícia Pozzi Buassi.
A pena das professoras foi aumentada porque a juíza entendeu que elas exerciam trabalho análogo ao de servidor público. Elas também não poderão exercer funções públicas por oito anos. As acusadas já haviam sido demitidas pelo envolvimento nas agressões, mas negaram os maus-tratos. Elas podem recorrer da decisão em liberdade.
HISTÓRICO Em dezembro, pouco depois do registro das agressões em vídeo, oito funcionárias foram demitidas – três por justa causa – e uma foi afastada. As agressões só foram descobertas porque as câmeras de vídeo foram instaladas em todas as salas de aula em novembro, depois que funcionárias passaram a desconfiar do comportamento do grupo de professoras. À época, a pedagoga L.A.R. revelou que duas professoras proibiam os alunos de repetir comida, obrigavam as crianças que não dormiam a ficar o dia inteiro em pé encostadas na parede, além de incentivá-las a se agredir mutuamente. Além disso, a auxiliar administrativa G.C.M. contou, em seu depoimento, que uma das acusadas punha as crianças de castigo em cima das roupas sujas de fezes e urina. “Eram situações vexatórias para as crianças, que faziam as coisas sem saber o motivo”, avaliou a delegada-titular da Delegacia de Defesa da Mulher, Dálice Aparecida Ceron.
Nota do EducaFórum: Duvidamos muito que essas professoras vão parar na cadeia, se forem realmente condenadas em última instância (provavelmente estão recebendo todo apoio dos ricos sindicatos da "educação", que possuem batalhões de advogados). Mesmo que elas acabem sendo presas, certamente ficarão por pouco tempo atrás das grades e a mídia as poupará do constrangimento de serem vistas nessa situação... Isso certamente seria considerado jornalismo "marrom" pela hipócrita sociedade brasileira, que não se importa de ver bebês e crianças pequenas torturadas por esses monstros, mas gosta de poupar a imagem de "santidade" que é conferida ao professor. Enquanto não cair a "ficha" de que o professor é um ser humano como outro qualquer, esses absurdos continuarão acontecendo à vontade nas escolas.
Leia aqui outros textos das séries Que tipo de monstro? e A escola tabu:
Que tipo de monstro? - A Série 3
Que tipo de monstro? A Série 2
Que tipo de monstro? A Série
A escola tabu nº 12 - Os sociopatas da "educação"
A escola tabu nº 4 - Expulsão em série
Por falar em "jornalismo marrom", estamos justamente sendo tachados de praticar essa modalidade. Em primeiro lugar, não somos pagos para fazer jornalismo algum, não temos nem queremos ter registro profissional de mídia. Se porém alguns leitores chegaram à conclusão de que os posts deste blog podem ser interpretados como "jornalismo", isso se deve à omissão da mídia profissional naquilo que costumamos divulgar aqui, ou seja, a incompetência, a omissão, os desmandos e as violências da escola contra o aluno. Aliás, o que divulgamos é pouco, muito pouco em comparação com os absurdos que sabemos ocorrerem nas escolas e que são difíceis de documentar, devido à proibição de utilização de celulares e ao medo dos pais de que seus filhos sejam perseguidos após as denúncias.
Entendeu agora por que foi proibido o uso do celular nas salas de aula? rs
Em muitos casos, reproduzimos aqui notícias que pinçamos na própria mídia convencional, mas que dificilmente são divulgadas amplamente em nível nacional e muito menos merecem acompanhamento após a publicação. Ao mostrarmos essas matérias formando conjuntos, vem a impressão de que fazemos "jornalismo marrom". Se o conjunto dos fatos coletados por nós parece "bombástico", isso é devido à falta de divulgação mais ampla e responsável pela mídia convencional, onde não existe jornalismo investigativo em educação.
Nosso papel, como pais de alunos, usuários e clientes da escola, é o de fazer denúncias, cobrar providências e apresentar soluções. Nesse sentido, nossa reivindicação é antiga e sensata, como as demais que temos sugerido ao longo de 20 anos de luta pelo ensino público: instalação de câmeras de vídeo em todas as salas de aula de todas as escolas, principalmente naquelas onde são realizadas as reuniões de Conselho de Escola, esses tribunais ilegais voltados para a expulsão de alunos. Um pequeno investimento que serviria de freio para os abusos que violam a segurança e muitas vezes a integridade de crianças e adolescentes na maioria das escolas do país. Como você viu no assunto de hoje, foram as câmeras de vídeo que permitiram desmascarar os horrores cometidos contra bebês e crianças de até 3 anos de idade. Sem essa documentação, essas crianças continuariam a ser tratadas da mesma forma. Deu para entender a seriedade do assunto?
Comentários
“As rés agiam de forma sádica, egoísta e violenta ao agredir e humilhar as crianças (…) Algumas crianças teriam sido jogadas contra a parede e no chão, o que nelas gerou grande sofrimento físico e moral ante a humilhação perante os colegas. (…) Urge consignar que a tortura perpetuou-se pelo período no qual trabalharam as rés na escola, o que caracteriza o crime continuado“.