O esquema IX - Vitória do aluno!


Voltamos com a série O esquema, trazendo hoje a vitória de um aluno que foi capaz de solucionar seu problema: perseguição na escola, que culminou com a sua expulsão. Ele redigiu e encaminhou à Secretaria da Educação um excelente documento que publicamos aqui, para que possa servir de modelo a todos que passarem por situação semelhante.
Fica bem clara, nesse documento, a omissão da direção da escola e da diretoria de ensino, que se mexeu só quando o aluno ameaçou buscar seus direitos na Justiça! Reparem também na falta de compromisso e na arrogância da professora e, acreditem, esse comportamento é o que há de mais comum por parte desses supostos "educadores". O que não é comum, nessa história, é a atitude do aluno, que soube reivindicar seu direito líquido e certo de voltar às aulas. Colocamos nele um nome fictício, a fim de protegê-lo de nova perseguição, mas o nome da escola é verídico. Estamos de olho nela há muito tempo! Trata-se de uma daquelas escolas de "faroeste" de que tanto falamos aqui: uma escola nota zero, tanto na qualidade do ensino, quanto na lida com o aluno e com a Lei. Mais uma escola, aliás, que trata como ralé os alunos trabalhadores, justamente aqueles que se esforçam para recuperar o tempo perdido e contribuem com seu esforço para a economia do país.

Mais uma vez chamamos a atenção da Secretaria da Educação para a FARSA DA ELEIÇÃO DOS CONSELHOS DE ESCOLA, que se tornaram verdadeiros TRIBUNAIS DA INQUISIÇÃO, com o principal objetivo de expulsar os alunos inteligentes e questionadores, esses que poderiam fazer a diferença e por isso são covardemente afastados. Caros alunos, aproveitem o conteúdo da carta de seu colega e saibam se defender dos abusos da escola!

13 de outubro de 2009

Eu José Carlos, 20 anos, aluno do 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Professor Armando Gabam, venho através desta solicitar ao supervisor de ensino da referida escola que obtenha minha transferência para outro estabelecimento de ensino da mesma diretoria, ou me encaminhe novamente às aulas nessa mesma escola.

Esclareço que já estive nessa Diretoria de Ensino no dia 05 de outubro, solicitando ao supervisor da escola que resolvesse minha situação. Esse disse–me que eu não precisava formular um documento escrito, pois ele solucionaria o problema o mais rápido possível. Entretanto, passaram oito dias desde o referido encontro, e aquele ainda não encaminhou solução para o problema.

Informo ainda que solicitei ajuda ao supervisor porque fui impedido de frequentar as aulas na referida escola pela direção e vice–direção, devido a problemas de relacionamento que tive com a professora das disciplinas de História e Apoio de História.

A seguir transcrevo os fatos que levaram à minha dispensa das aulas pelos dirigentes da escola:

No dia 24 de setembro realizou–se um simulado do Enem na escola Armando Gabam e alguns alunos chegaram na 2° aula, inclusive eu. A professora citada não quis deixar os alunos entrarem e ordenou que nos retirássemos da sala. Pedimos a ela nossa prova, mas ela nos informou que não se encontrava com ela e sim com a coordenadora da escola e perguntamos se ela avisaria a coordenadora que realizaríamos a prova, pois já tínhamos chegado. Ela disse que sim, contudo o tempo foi passando e a prova não chegava. Então perguntei se poderia ir buscar ou avisar sobre os alunos que entraram na segunda aula e que estavam esperando para realizar a prova, a docente respondeu que não. Logo em seguida, uma aluna da sala começou a gritar e perguntou à sala, em voz alta, a reposta da quarta pergunta. Nesse momento a professora falou gritando com a já mencionada aluna que respondeu:
“Cala a boca aí que você não explicou nada, então fica quieta”. A sala nesse momento começou a zombar da professora e eu em seguida pedi a ela, para sair da classe, pois, já que estava sem a prova, não fazia sentido continuar ali dentro. A professora respondeu que não. Nisto a sala continuou a baderna e voltei a insistir com a professora para que me deixasse ir buscar a prova e avisar a coordenadora. Ela novamente disse não e informou–me que eu estava incomodando. Respondi a ela que se assim era, me deixasse sair ou chamar a vice–diretora. Vários alunos começaram a sair da sala sem permissão prévia. Minutos depois a vice– diretora chegou na sala e a professora logo acusou apenas um pequeno grupo de alunos, de serem os causadores da desordem. Entretanto, a vice–diretora pediu apenas que quatro alunos se retirassem da sala, incluindo eu. Explicamos a ela o que estava acontecendo, mas ela mandou que nos retirássemos da escola, exceto um de nós, o único que não questionou a vice. Logo me impus, dizendo que eu tinha o direito de permanecer na escola, mas ela nos informou que se não fôssemos embora ela chamaria a guarda escolar. Disse a ela que assim o fizesse , pois o guarda não podia nos impedir de participar da aula. Ela então, nos deu uma suspensão porque não nos retiramos da escola. Ela mandou abrir o portão para irmos embora. Retornamos à sala da vice para tentar uma solução para o caso, mas ela reiterou o que havia mandado e solicitou que saíssemos. Expliquei a ela que a professora envolvida no conflito vinha me prejudicando há algum tempo. Mesmo assim, ela não nos atendeu e pedimos que chamasse a professora para conversarmos. A vice respondeu que não, pois a docente estava aplicando prova. Quando nesse dia o período de aulas chegou ao fim, pudemos então conversar com a professora. Mas nada conseguimos resolver.

Cumpri a suspensão em casa e quando retornei à escola, no dia 1º de outubro, fui impedido de assistir a primeira aula, pois a vice–diretora acreditava que não tínhamos cumprido os cinco dias previstos. Conversamos, ela percebeu que já havia acabado o período de suspensão e nos deixou assistir as aulas. Fomos para a sala, e na última aula, que era de uma das disciplinas lecionadas pela professora citada, ocorreu o conflito que resultou na minha expulsão: faltando vinte minutos para o fim dessa aula, a última do dia, as carteirinhas usadas pelos alunos para entrarem na escola, como é de praxe, foram devolvidas aos alunos. Contudo, a minha carteirinha não estava junto com as outras. Pedi então, educadamente à professora que me deixasse ir buscá–la, mas ela não deixou. Voltei a insistir e novamente ela negou meu pedido. Nesse mesmo momento, uma aluna saiu da sala sem a permissão da professora, então questionei à docente porque a outra aluna podia sair e eu não. Ela me respondeu que não sabia. Depois, disse que era por que ela queria assim. Então, num acesso de descontrole emocional, apoiei minhas mãos sobre as costas da professora, afastei–a com força da porta e me retirei da sala. A professora bateu a porta com força e gritou:
- Este delinquente me agrediu!

Fui embora para casa sem a carteirinha. No dia seguinte, haveria uma reunião do Conselho de Escola para decidir minha situação. Entretanto, não fui informado com antecedência da data da reunião, e quando cheguei à escola, no dia seguinte, participei da reunião do Conselho de Escola que deliberou pela minha expulsão. Entretanto, questiono a validade dessa reunião, pois:

1º - No dia da reunião, não foi feita a ata do conselho, e por isso mesmo, ninguém assinou a ata ao término dela;
2º - Não havia representantes dos pais dos alunos, nem dos alunos. Só havia a presença de todos os professores que estavam na escola no dia. Isto é importante, pois a direção da escola não propiciou condições para serem eleitos os membros do Conselho de Escola neste ano.
Não assinei minha transferência e desde então estou sem freqüentar as aulas. Como já disse, procurei o supervisor da escola na diretoria e ele disse que resolveria a situação. Passaram-se os dias e nada foi resolvido.

Informo ainda que quando minha mãe e eu procuramos a diretora da escola, essa me disse que ainda não sabia do ocorrido. Portanto, como pode uma escola convocar o Conselho de Escola, sem o prévio conhecimento de sua dirigente??

No aguardo, espero que esta situação possa ser resolvida o mais rápido possível, pois estou sendo prejudicado. Tenho o direito de freqüentar as aulas, direito este garantido pela legislação do País. Caso meu problema não seja solucionado, entrarei na justiça, para garantir meu direito de estudar, direito garantido pela Constituição a todos os cidadãos brasileiros.

Para o leitor interessado, indicamos os links dos demais posts da série O Esquema:


Comentários

Anônimo disse…
Giulia
isto que li acontece mesmo todos os dias

na EE Prof João Silva ( a escola do Walli de Araraquara)
os alunos trabalhadores estão desistindo de frequentar a escola pois eles são proibidos de entrar na 2 aula ou mesmo depois dela
a LDB (lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional) garante ao aluno trabalhador Acesso e Permanência na escola)

nesta escola há um recorde de desistências no período noturno exatamente por causa da proibição da entrada na 2 aula dos alunos trabalhadores

isto precisa acabar

ajudem-nos
Giulia disse…
Pais e alunos da EE Prof. João Silva, coragem!!! Mandem e-mail para educaforum@hotmail.com com seus dados, pois essa escola é a próxima em nossa lista para levarmos casos concretos à COGSP! Vejam como o aluno acima resolveu seu problema. O Prof. José Benedito nunca negou auxílio aos pais e alunos que estão do lado da lei! Podem mandar seus dados, pois não serão publicados e nesse aspecto a COGSP não nos decepcionou.
Anônimo disse…
na EE Antonio Bernardes de Oliveira (diretoria de ensino Sul 2)

quase não há aulas
os alunos da 5, 6 7, 8 série são dispensados todos os dias
pois todos os dias faltam cerca de 7 a 8 professores

meu Deus isto tem que acabar
ninguem faz nada