Brasil, um país de baderneiros?


Falamos aqui muitas vezes do autoritarismo da rede de ensino para com os alunos. Aliás, apenas aqui fala-se disso, o que se divulga na mídia é o contrário, ou seja, alunos agredindo professores. Pois é, os sindicatos da classe, com suas poderosas assessorias de imprensa, têm a mídia nas mãos e nunca se ouve a versão dos alunos ou dos pais.

O "observatório da violência escolar" é caolho, pois o que nós vemos diariamente na rede pública de ensino são
Tudo isso temperado por um sistema "de ensino" que NÃO ENSINA. Ainda assim, o que os pais costumam ouvir de diretores e outros profissionais do ensino são frases do tipo: "Você não pode discutir comigo: tenho duas (ou mais) faculdades, mestrado e doutorado!" (O que muitas vezes é pura mentira. Um aluno ouviu de uma vice-diretora, entre palavras de baixo calão, que ela havia feito 6 faculdades, rs)

Não é difícil entender porque a população brasileira "se dá por satisfeita" com a escola dos seus filhos: que se atreva a denunciar!!! Que a direção da escola consiga descobrir qual mãe ou aluno teve a CORAGEM de revelar fatos inconfessáveis!!! Nem mesmo na rede particular vemos os pais à vontade para reivindicar seus direitos: muitos preferem trocar os filhos de escola a se indispor com a direção ou com os professores!

Resumo da ópera: o Brasil não é um país de baderneiros, como os sindicatos da "educação" e a mídia insistem em alegar. Muito ao contrário, nossa população costuma aguentar com muita paciência os maiores abusos de autoridade e isso se aplica também às nossas crianças e adolescentes na escola. As poucas exceções à regra são exploradas de forma escandalosa pelos sindicatos e pela grande mídia.

O autoritarismo da rede de ensino vem de cima: as escolas são o retrato da administração pública, onde o aluno é visto como número e os próprios profissionais não recebem orientação pedagógica ou psicológica. A orientação individual não resolve, mas poderia dar bons resultados, se estivesse clara para toda a rede e houvesse supervisão adequada.

As denúncias que temos levado para as Secretarias da Educação têm provocado Apurações Preliminares e Processos Administrativos, medidas tão autoritárias e inúteis quanto a suspensão coletiva e a expulsão de alunos. Já nos colocamos diversas vezes contra essas farsas que só servem para aumentar o ódio que a classe "docente" nutre pelos alunos, além de criar um CLIMA DE TERROR dentro das escolas, que afeta toda a comunidade.

O diretor, coordenador ou professor alvo de apuração ou processo administrativo não pensa nem se arrepende dos erros que tiver cometido: ele apenas quer se livrar da acusação e inicia uma cruzada para receber o apoio dos colegas, o que sempre consegue, devido ao famoso corporativismo. Os sindicatos também ajudam com sua assessoria jurídica e assim a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Alguns exemplos:




Por isso, mais uma vez chamamos a atenção das Secretarias da Educação sobre a necessidade de se EDUCAR a classe docente. Em lugar de acionar apurações e processos que não levam a nada, esclarecer publicamente que
  • O aluno merece ser tratado com respeito, sem palavras chulas ou ofensivas.
  • O aluno e seus pais merecem ser ouvidos, quando tecem alguma crítica ou sugestão.
  • O profissional de ensino que por algum motivo se descontrolar ou faltar de respeito ao aluno, precisa pedir desculpas e se retratar.
Muitas e muitas vezes encaminhamos às Secretarias da Educação e publicamos aqui nossa Cartilha sobre os Direitos do Aluno, que tem sido ridicularizada por profissionais que "vestem a carapuça".

Também já publicamos muitas vezes nosso artigo Gestão Participativa na Escola: a exclusão da comunidade, mas vemos, ano após ano, os diretores de escola boicotarem a eleição dos Conselhos e escolherem seus membros a dedo...

Voltando à questão da violência NA escola, segue pronunciamento da socióloga Miriam Abramovay publicado no Estadão de hoje, em mais uma matéria acionada pelos sindicatos da "educação" para formar uma cortina de fumaça e disfarçar a violência DA escola: Está todo mundo infeliz. Tem de mudar a escola toda. Os professores estão muito pouco preparados para receber alunos do século 21 numa escola que está no século 18.

A gravidade da situação é incalculável: o país vive um sistema de ensino perverso que, a cada ano, reduz de forma drástica a maior riqueza do país: seu capital humano. Cala-te, boca!

Comentários

Edson F. disse…
"É preciso mais apoio. Uma escola só funciona bem quando há respeito entre alunos e professores. Ensinar é maravilhoso, mas o clima de violência afasta os professores", diz Edna.
Tão triste quanto afastar os professores é impedir que os alunos aprendam. "Todos são vítimas. Professores e alunos. Está todo mundo infeliz", pondera Miriam Abramovay. "Tem de mudar a escola toda. Os professores estão muito pouco preparados para receber alunos do século 21 numa escola que está no século 18."

É com um pesar sem tamanho que anuncio que deixo, definitivamente, de acompanhar vosso blog. Sempre acreditei no contraditório, mas tudo tem limite. O trecho acima reflete uma postura que considero correta, mas a insistência em arraigar o maniqueísmo, que é a tônica, tem se tornado pra mim insuportável.
Boa sorte a todos nós!
Giulia disse…
Edson,a Miriam Abramovay, infelizmente, é uma voz no deserto. E mesmo assim ela dá a entender que impedir que os alunos aprendam é "tão triste quanto afastar os professores". Pergunto: de que adiantam os professores se o aluno não aprende??? Nós podemos parecer maniqueístas, mas é uma reação à indiferença dos formadores de opinião e da mídia à real condição do aluno da rede pública, QUE ELES NÃO CONHECEM, POIS OS FILHOS DELES ESTUDAM NA REDE PARTICULAR. Nada contra a rede particular, mas acabo, por exemplo, de tratar de um caso em que uma escola particular de renome, que diz aplicar a progressão continuada, deixou um aluno de 12 anos chegar ao 6º ano praticamente analfabeto. Veja então que não adianta a sociedade deitar em berço esplêndido, enquanto a educação vai ladeira abaixo, também na rede particular.